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Os 10 maiores avanços da ciência na área da saúde em 2022

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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twenty20photos/envato
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O ano de 2022 nem chegou ao fim e continua a representar um desafio e tanto para a pesquisa científica, especialmente em relação à saúde. Passados mais de dois anos do início da pandemia da covid-19, este é um problema ainda não resolvido e, neste ano, novas tecnologias foram anunciadas, como vacinas da segunda geração. Além disso, inúmeros avanços foram obtidos no tratamento do Alzheimer e do câncer.

Entre as principais inovações da ciência, é preciso destacar a aprovação da primeira carne sintética para o consumo humano e também as hemácias feitas em laboratório — no futuro, os centros de pesquisa serão grandes produtores de itens essenciais. No campo dos novos tratamentos, as terapias gênicas e o uso do mRNA parecem indicar uma nova era para a medicina, que está apenas começando.

A seguir, confira quais foram os 10 maiores avanços e descobertas da ciência na área da saúde em 2022, segundo o Canaltech:

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1. Transplante de coração de porco

As filas de transplante de órgãos são um grande problema de saúde pública. Neste ano de 2022, pesquisadores da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, realizaram um feito único: transplantaram o coração de um porco para um homem. Passados alguns meses da cirurgia, o paciente — que estava com uma doença em estágio terminal antes do procedimento — morreu. Apesar disso, este é caso que abre precedentes para novas pesquisas.

2. Estudos em mini-órgãos

Para o estudo de fenômenos complexos no organismo, os cientistas desenvolvem mini-órgãos humanos, conhecidos como organoides. Diferente de uma cultura de células em uma placa de Petri (2D), a estratégia permite a criação de modelos 3D que são mais semelhantes aos órgãos humanos. Neste ano, foram usados para entender os impactos da covid-19 e ainda o efeito de doenças do coração. No futuro, poderá reduzir significativamente a necessidade de testes em animais.

Inclusive, para entender as doenças cerebrais — como autismo e esquizofrenia — em modelos cada vez mais reais, pesquisadores da Universidade de Stanford, nos EUA, deram um passo além e enxertaram tecido cerebral humano no cérebro de ratos.

3. Vacinas bivalentes contra a covid-19

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Sem dúvidas, as vacinas contra a covid-19 foram fundamentais para que a humanidade controlasse as perdas em decorrência da pandemia — pouparam cerca de 20 milhões de vidas apenas em 2021. Eis que, neste ano, foram entregues as primeiras vacinas da segunda geração, conhecidas como fórmulas bivalentes. Ideais para as doses de reforço, elas protegem contra o vírus original e as cepas descendentes da variante Ômicron.

Em paralelo, dois potenciais imunizantes contra a covid-19 também avançaram nos testes: a ButanVac, do Instituto Butantan; e a SpiN-Tec, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Vale lembrar que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a pandemia ainda não acabou e estudos apontam a covid longa como uma grave ameaça, mesmo que silenciosa, até então desconsiderada.

4. Sangue feito em laboratório

A partir de células-tronco, cientistas do Serviço Nacional de Saúde (NHS), no Reino Unido, desenvolveram as primeiras hemácias (glóbulos vermelhos) em laboratório. A produção ainda é relativamente pequena, mas testes clínicos já foram iniciados para observar a aceitação no corpo. No futuro, a técnica poderá ajudar pacientes com tipos raros de sangue, como o dourado, na busca por transfusões. Hoje, estes indivíduos quase não conseguem encontrar doadores compatíveis.

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5. Novos tratamentos do câncer com mRNA

Se os casos de câncer estão em alta — no Brasil, o número de diagnósticos deve subir em 12% no próximo ano —, a ciência nunca investiu tanto no controle das células tumorais. Experimentos demostraram que a potencial vacina de mRNA (RNA mensageiro) contra o câncer de pele (melanoma), da Moderna e da MSD, é eficaz em evitar a reincidência da doença.

Em outras frentes de pesquisa oncológicas, pesquisadores do Instituto de Pesquisa Earle A. Chiles, nos EUA, usaram a reprogramação celular para reverter o câncer de fígado em metástase, através das células T (glóbulos brancos). Também tem gente estudando o desenvolvimento de proteínas no espaço em busca de potenciais tratamentos contra tumores. Isso sem mencionar as terapias gênicas.

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6. Terapias gênicas

Não é apenas na luta contra o câncer que os cientistas estão descobrindo a importância da terapia gênica — talvez, uma das áreas mais promissoras da medicina. Neste ano, o primeiro tratamento do tipo foi aprovado para pacientes com hemofilia B, o remédio Hemgenix, nos EUA. Basicamente, a tecnologia envolve a reprogramação das células do paciente, através da modificação de genes no código genético.

Tratamentos do tipo também estão disponíveis para talassemia beta e atrofia muscular espinhal (AME). Hoje, o principal desafio para a popularização da tecnologia são os preços proibitivos. Os medicamentos da classe de terapia gênica estão entre os mais caros do mundo, podendo custar milhões.

7. Fuligem e microplásticos no organismo humano

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A poluição nunca esteve tão dentro da gente quanto em 2023 — esta é uma afirmação literal. Pela primeira vez, a fuligem foi encontrada nos pulmões e no cérebro de fetos. É o que aponta o resultado de autópsias feitas por cientistas da Universidade de Hasselt, na Bélgica.

Além disso, em tese, microplásticos podem chegar até ao cérebro de bebês, se forem expostos a níveis altos da substância, segundo experimentos com roedores, desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Ciência e Tecnologia de Huazhong, na China.

Em adultos, pesquisadores da Universidade de Hull, no Reino Unido, identificaram, pela primeira vez, a existência de microplásticos no pulmão de pessoas vivas. Enquanto isso, cientistas da Universidade Livre de Amsterdã, na Holanda, identificaram estas partículas de plásticos no sangue. Ainda não se sabe quais são os impactos deste tipo de exposição ao funcionamento do corpo.

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8. Estratégias contra o Alzheimer

Para o tratamento precoce do Alzheimer, a agência Food and Drug Administration (FDA), nos EUA, autorizou o uso do anticorpo monoclonal Lecanemab. Embora não seja a tão esperada cura do declínio cognitivo, o medicamento conseguiu retardar a evolução do quadro. Os testes foram feitos no Japão, EUA, Europa e China.

Além disso, novas estratégias para a identificação da doença foram desenvolvidas, como a biópsia líquida para o Alzheimer. É uma forma não invasiva de rastrear os pacientes, já usada na área oncológica. Exames de sangue que identificam biomarcadores do quadro também têm apresentado resultados promissores.

9. Diabetes controlado sem insulina

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Embora a ciência conheça bem o comportamento do diabetes no corpo, a doença ainda é altamente preocupante. Pacientes podem sofrer com amputações ou ainda morrer, quando o quadro não está controlado. Neste ponto, diferentes equipes de pesquisa trabalham em soluções paralelas para contornar este problema de saúde pública.

Por exemplo, a agência de saúde dos EUA aprovou o primeiro tratamento que retarda o começo do diabetes tipo 1, o Tzield. Pesquisadores da Escola de Medicina de Yale usam um ultrassom para estimular as vias neurometabólicas do corpo e com isso conseguiram, preliminarmente, controlar a doença em animais, sem o uso de insulina. Recém-descoberta, a molécula FGF1 consegue regular sozinha os níveis de açúcar no sangue, mas ainda não foi testada em humanos.

10. Carne de laboratório

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Pensando na alimentação e nos índices nutricionais, a primeira carne cultivada em laboratório foi aprovada para o consumo humano nos EUA, o que pode revolucionar o suprimento de alimentos à população nos próximos anos. Este é um novo tipo de proteína animal, criado e cultivado em biorreatores. Se a tecnologia se popularizar, a vida de milhões de animais, como bois, porcos e frangos, serão poupados nos grandes criadouros.

Extra: plantação de cannabis autorizada no Brasil pela Anvisa

Este último item não envolve propriamente uma descoberta, mas, sim, o caminho para novas evidências científicas. Na história da humanidade, a cannabis já foi usada de inúmeras formas e, mais recentemente, o uso de alguns compostos, como o canabidiol (CBD), tem se popularizado. Só que, por muitos anos, estudos com a planta foram proibidos.

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No final deste ano, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a criação da primeira plantação de cannabis no Brasil para fins científicos. Através da liberação, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) poderá estudar as diferentes formas de como a planta impacta os distúrbios neurológicos e psiquiátricos.

Observação: outras inúmeras novidades da ciência em 2022 poderiam ser incluídas nesta lista. Afinal, cada novo trabalho científico, quando feito de forma rigorosa, ajuda a ampliar a nossa compreensão sobre o nosso organismo. Então, encare a nossa retrospectiva mais como um lembrete do impacto dos últimos avanços da medicina em nossas vidas.