Microplásticos podem chegar ao cérebro do feto e causar problemas, diz estudo
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |
Cientistas chineses descobriram que partículas de microplástico podem chegar ao cérebro de fetos e causar possíveis problemas mentais em experimento com roedores. Ainda não se sabe qual o grau de exposição a este tipo de partícula pode ser seguro e nem se os efeitos podem impactar os seres humanos, mas a descoberta confirma o potencial problema do plástico para a saúde.
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Publicado na revista científica Environment International, o estudo foi liderado por pesquisadores da Universidade Agrícola de Huazhong, na China. "Os resultados mostraram que microplásticos de poliestireno (MPs) e nanopartículas de de poliestireno (NPs) surgiram, principalmente, no trato alimentar, cérebro, útero e placenta em camundongos em fase de gestação, e apenas o último se infiltrou no tálamo [região do cérebro] do feto", afirmam os autores.
"Os efeitos adversos do plástico na saúde de animais adultos e humanos têm recebido cada vez mais atenção. No entanto, sua potencial toxicidade para fetos não foi totalmente elucidada", contam os pesquisadores sobre a importância da descoberta.
Micro e nanoplásticos podem chegar até o cérebro do feto
No experimento, os cientistas induziram roedoras grávidas a um grau de exposição aos microplásticos — que não é similar ao que ocorre no ambiente natural. Para ser mais específico, as cobaias receberam, por via oral, doses da substância, durante o primeiro e o 17º da gestação. Em seguida, foi investigada a distribuição dessas partículas.
"Como os fetos estão em um importante período de rápido metabolismo e proliferação celular, eles são mais vulneráveis às toxinas do que os adultos", explicam os autores do estudo. Teoricamente, isso ajuda a explicar como as partículas chegaram ao cérebro.
"Ambos PS MPs e NPs romperam a barreira mucosa do trato alimentar, mas apenas o último atravessou a barreira placentária, entrou nos fetos e emergiu no cérebro fetal, especialmente no tálamo", detalham sobre a descoberta.
Há risco de causar problemas mentais?
"A administração materna de partículas de PS durante a gestação levou a um comportamento de ansiedade das progênies", contam os cientistas sobre os desdobramentos dos nanoplásticos no cérebro dos fetos, quando o animal chega à idade adulta.
Neste ponto, os autores explicam que o comportamento do tipo ansioso é considerado um fator desencadeante para diferentes doenças mentais, como autismo e depressão. A hipótese da equipe é que a substância possa ser responsável por aumentar este risco nos animais expostos, durante a fase fetal.
Agora, mais pesquisas devem confirmar os riscos da exposição de mães aos micro e nanoplásticos e, em um segundo momento, estudos específicos devem ser realizados em seres humanos, onde os mesmos riscos podem ser observados (ou não).
Fonte: Environment International e Nanhu News