Cientistas infectam mini-cérebros com covid-19 e se surpreendem com os danos
Por Nathan Vieira • Editado por Luciana Zaramela |

Em uma nova pesquisa publicada na revista Molecular Psychiatry, uma equipe de cientistas infectou alguns mini-cérebros com covid-19 para entender os danos gerados pela doença. As descobertas mostraram que o vírus desencadeou um aumento nos “eventos relacionados à morte celular precoce”.
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Os minicérebros usados neste estudo apresentavam células cerebrais chamadas microglia, que podem ajudar a proteger o cérebro, engolindo e limpando sinapses indesejadas, as junções entre os neurônios que são usadas para passar sinais. O estudo sugere que a microglia foi excessivamente eliminada nas sinapses ao combater a infecção por SARS-CoV-2.
Embora esteja claro que a covid-19 possa danificar significativamente o cérebro, ainda há algum debate sobre se o vírus infecta diretamente o órgão. Os cientistas garantem que as descobertas do novo estudo podem ajudar a explicar por que as infecções estão resultando nesses sintomas incomuns que afetam a cognição e a função cerebral.
"Esses vírus estão ligados a déficits cognitivos residuais após a infecção e uma ativação persistente da microglia, levando a um engolfo excessivo de sinapses", alertam os pesquisadores. Para se ter noção, o envolvimento excessivo de sinapses pela micróglia é algo que tem sido associado a distúrbios do neurodesenvolvimento, incluindo a doença de Alzheimer.
"A micróglia exibiu uma assinatura genética distinta amplamente caracterizada por uma regulação positiva dos genes responsivos ao interferon e incluiu vias anteriormente ligadas a distúrbios neurodegenerativos", conclui o estudo.
Fonte: Molecular Psychiatry via IFL Science