Como as vacinas atualizadas para a variante Ômicron funcionam?
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |
Os Estados Unidos e alguns países da Europa devem receber as primeiras levas de vacinas atualizadas contra a variante Ômicron ainda neste mês. A fórmula original dos imunizantes contra a covid-19 foi turbinada e, agora, também induz proteção melhorada contra as cepas mais recentes do vírus.
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As vacinas da covid atualizadas para a Ômicron devem ser usadas apenas como dose de reforço, ou seja, após duas doses inicias da fórmula original. Por enquanto, apenas as farmacêuticas Pfizer e Moderna lançaram os imunizantes adaptados. Em ambos os casos, as vacinas usam a tecnologia do mRNA (RNA mensageiro).
Mutações do vírus da covid e adaptação das vacinas
Vale explicar que mutações dos vírus são naturais e ocorrem durante o processo de replicação do agente infeccioso. Diferente do senso comum, nem toda nova mutação é benéfica e, em alguns casos, pode ser negativa para a perpetuação do coronavírus SARS-CoV-2.
Neste processo, podem surgir as novas variantes de um vírus, já que estas tendem a ser aquelas cepas que se saíram melhor no processo evolutivo e conseguiram se reproduzir. Pensando exclusivamente na Ômicron (BA.1), ela é considerada uma cepa mais transmissível que as versões anteriores, o que causou uma série de novas ondas da pandemia. No momento atual, as suas sublinhagens BA.4 e BA.5 são as predominantes no globo e mantêm essa mesma característica de disseminação facilitada.
Formas de aumentar a proteção contra o coronavírus
Até então, as vacinas permaneceram as mesmas, independente das mutações identificadas. Em consequência disso, as taxas de proteção caíram, especialmente contra casos leves e moderados da covid-19. Agora, as versões atualizadas podem ser entendidas como a resposta da ciência a essas mutações.
“Se nossas vacinas continuarem a se parecer com as variantes mais antigas, estaremos estimulando o sistema imunológico humano a reconhecer essas variantes, mas não as novas”, explica Robert Schooley, professor de doenças infecciosas da Escola de Medicina da Universidade da Califórnia em San Diego, nos EUA, para a revista Wired.
“Basicamente, estamos tentando acompanhar um vírus que continua evoluindo”, comenta Ross McKinney, diretor científico da Association of American Medical Colleges (Aamc). “E embora não possamos prever o futuro, a esperança é que a próxima variante seja um desdobramento de BA.4 ou BA.5. Portanto, ter anticorpos que o protejam contra isso será útil”, acrescenta
Novas vacinas contra a Ômicron
Tanto a vacina de mRNA da Moderna quanto a da Pfizer são fórmulas bivalentes, ou seja, imunizam contra duas cepas do vírus da covid-19. Semelhante aos outros imunizantes, carregam um componente de mRNA que estimula a produção de anticorpos contra o vírus original — aquele identificado pela primeira vez na cidade de Wuhan, na China.
Só que também carregam um componente de mRNA em comum com a variante Ômicron das linhagens BA.4 e BA.5. Por isso, a proteção é considerada dupla, já que acrescenta um novo elemento a essa formulação.
Por enquanto, as vacinas atualizadas da covid-19 já foram aprovadas pela agência Food and Drug Administration (FDA), nos EUA, pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA), na União Europeia, e pela Agência Reguladora de Medicamentos e Produtos de Saúde (MHRA), no Reino Unido. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) avalia (ou não) a autorização do imunizante da Pfizer.
Modelo das vacinas específicas tem como inspiração da vacina anual da gripe
A estratégia de proteger contra diferentes cepas de um vírus com um único imunizante é normalmente relacionado com a vacinação contra a gripe (influenza). Sim, o imunizante aplicado na campanha de vacinação é anualmente reformulado em um processo que envolve a Organização Mundial da Saúde (OMS) e laboratórios de todo o globo.
Por volta do mês de setembro, a OMS seleciona 4 cepas do vírus influenza que deverão compor a próxima vacina. Esta escolha é baseada na circulação do vírus registrada no ano anterior nos hemisférios Sul e Norte. A formulação recomendada sempre incluí dois vírus do subtipo A (H3N2 e H1N1) e outros dois vírus das linhagens B (Victoria e B Yamagata). Isso significa que a vacina é tetravalente.
No caso brasileiro, o imunizante distribuído gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS) é trivalente, ou seja, protege contra apenas três tipos de vírus da gripe. Na fórmula, são consideradas duas cepas de vírus A e uma cepa de vírus B.
Fonte: Com informações: Wired