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Pesquisa detecta microplásticos em sangue humano pela primeira vez

Por| Editado por Luciana Zaramela | 24 de Março de 2022 às 12h30

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ktsimage/Envato
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Os microplásticos, fragmentos submilimétricos que derivam das soluções poliméricas quando são descartadas de forma inadequada, já foram detectados em diversas partes do corpo humano, como pulmões e cérebro, e até mesmo na placenta e em recém-nascidos. Agora uma nova pesquisa, publicada na revista científica Environment International, descobriu a presença da poluição microplástica no sangue humano pela primeira vez.

Cerca de 80% das pessoas testadas apresentaram as partículas poliméricas em suas amostras de sangue: o estudo mostra como elas viajam pelo corpo, com potencial de se alojar em órgãos e impactar a saúde de formas ainda desconhecidas. Em laboratório, os microplásticos já demonstraram causar danos a células humanas — partículas de poluição do ar, por exemplo, causam milhões de mortes todo ano. Com oito milhões de toneladas de resíduos plásticos sendo produzidas todo ano, o potencial de poluição polimérica do corpo, via comida, água e ar é grande.

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Análises laboratoriais

Para a pesquisa, cientistas holandeses da Vrije Universiteit Amsterdam analisaram amostras sanguíneas de 22 doadores anônimos, todos adultos saudáveis. Partículas plásticas foram encontradas em 17 indivíduos diferentes. Metade deles apresentou plástico PET no corpo, utilizados em garrafas; um terço apresentou amostras de poliestireno, usado em embalagens e na fabricação de isopor; e um quarto das amostras continha polietileno, utilizado para fazer sacolas plásticas.

O estudo conseguiu adaptar técnicas previamente existentes para otimizar a detecção de pequenas partículas, chegando à detecção de objetos de até 0,0007 milímetros. Seringas de metal e tubos de vidro foram utilizados para evitar contaminações — amostras vazias foram usadas para controlar o nível de microplásticos de fundo, isto é, presentes no ambiente. Dick Vethaak, ecotoxicologista que trabalhou no estudo, ressalta a necessidade de aumentar a quantidade de amostras e o de polímeros avaliados.

As preocupações dele são direcionadas às crianças, já que bebês e infantes mais novos são mais vulneráveis a produtos químicos e exposição a partículas: outros trabalhos já demonstraram uma presença de microplásticos 10 vezes maior nas fezes de bebês, em comparação com as de adultos, e que bebês que se alimentam através de recipientes plásticos engolem milhões de partículas poliméricas todos os dias (chamado bisfenol A, ou BPA). Para essas crianças, é importante certificar-se de que a embalagem de copos e mamadeiras seja livre de BPA.

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Preocupações e pesquisas futuras

Vethaak reconhece que as quantidades e tipos de plástico encontrados pela pesquisa variaram, o que, segundo ele, só urge por novas pesquisas. Ele também foi co-autor de um estudo que analisa a probabilidade de micro e nanoplásticos de induzir à carcinogênese, e como isso ocorreria exatamente. Outro estudo recente mostrou como os microplásticos se ligam às membranas exteriores de glóbulos vermelhos (hemácias) e podem limitar a habilidade de tais células de transportar oxigênio.

A pesquisa de Vethaak foi financiada pela Organização Nacional Holandesa para Pesquisa e Desenvolvimento (Dutch National Organisation for Health Research and Development) e pela Common Seas, uma ONG que trabalha para a redução de poluição plástica. Se espera que, até 2040, a produção de plástico dobre — e é importante que saibamos o efeito de produtos poliméricos em nossos corpos, diz Jo Royle, fundadora da ONG.

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Fonte: Environment International