MediaTek anuncia Dimensity 9000, o primeiro do mundo em muitos sentidos
Por Renan da Silva Dores • Editado por Wallace Moté | •
Após inúmeros teasers e vazamentos de testes com resultados impressionantes, a MediaTek finalmente anunciou seu novo chip topo de linha para celulares, durante a MediaTek Summit. Conforme indicado por informantes de renome, a novidade não se chama Dimensity 2000, mas sim Dimensity 9000.
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Como o nome sugere, esse é o chipset mais poderoso já desenvolvido pela companhia, e inaugura uma série de novas tecnologias, deixando para trás Qualcomm, Samsung e até mesmo Apple. Com a novidade, a MediaTek fez promessas ousadas, citando explicitamente concorrentes como o Google Tensor e o próprio A15 Bionic, considerado o chip mobile mais potente do mundo.
"Primeiro do mundo" em diversos aspectos
Por muitos anos, os chips da MediaTek eram tidos como soluções intermediárias, focadas no custo-benefício. A fabricante taiwanesa buscou mudar essa imagem com a estreia da família de chips Dimensity, mas até então teve apenas sucesso parcial — ainda que bastante robusto, o Dimensity 1200, solução até então mais poderosa da empresa, era basicamente equivalente a um Snapdragon 870, distante das melhores soluções de Qualcomm e Samsung.
O Dimensity 9000 chega para acabar com esse distanciamento, estreando inúmeras tecnologias ainda inéditas entre as rivais. As mudanças drásticas começam já na CPU, que adota por completo a nova arquitetura ARMv9, os núcleos de nova geração recém-anunciados pela ARM e marca o primeiro chipset mobile do mundo a ser fabricado no novo processo N4 de 4 nm da TSMC — até mesmo o A15 Bionic ainda utiliza o processo N5 de 5 nm da TSMC.
O componente chega em uma configuração de 1 + 3 + 4, sendo 1 núcleo Cortex-X2 de máxima performance rodando a 3,05 GHz, 3 Cortex-A710 de alto desempenho a 2,85 GHz e 4 Cortex-A510 de baixo consumo rodando a 1,8 GHz.
Um ponto de destaque é a presença de 8 MB de cache L3, acompanhados de 6 MB de cache a nível de sistema, o que ainda não chega aos 32 MB totais oferecidos pelo A15 Bionic, mas supera com folga os 4 MB de cache L3 e 3 MB de cache a nível de sistema do Snapdragon 888.
O processamento gráfico é outro aspecto a receber upgrades significativos, inaugurando a GPU Mali-G710 MC10, em uma configuração de 10 núcleos. Além das promessas de alto desempenho, a solução habilita altas taxas de atualização, trazendo compatibilidade com telas Full HD+ a 180 Hz, ou QHD+ a 144 Hz.
Como havia anunciado, a empresa trabalhou com ARM e Tencent para habilitar processamento de Ray Tracing através da API Vulkan, facilitando a vinda de jogos com o recurso do PC e consoles diretamente para celulares Android, e passando à frente da Samsung e AMD, que só devem anunciar oficialmente a adoção do recurso em 2022.
A MediaTek também trouxe tecnologias inéditas para o departamento de memória, com o suporte a RAM LPDDR5X rodando a até 7.500 Mbps, de câmeras, com compatibilidade com fotos de até 320 MP e capturas em HDR com 18-bit de informação em 3 câmeras simultaneamente, e em conectividade, com a chegada de Bluetooth 5.3, Wi-Fi 6E 2x2 e novas faixas de frequência do 5G Sub-6. Infelizmente, ainda não há compatibilidade com 5G mmWave, mais veloz.
Como esperado, todas essas melhorias trazem um gigantesco salto de desempenho em comparação a todas as soluções disponíveis no mercado atualmente, mesmo as oferecidas pela Apple.
Na semana passada, um teste vazado do Dimensity 9000 no AnTuTu quebrou recordes ao superar absolutamente todos os chipsets para smartphones, inclusive o A15 Bionic. Com o anúncio, a MediaTek confirmou que o resultado em questão era verdadeiro: o novo chipset da fabricante taiwanesa supera com folga os 1.000.000 de pontos, o que o coloca muito próximo do Apple M1 utilizado no iPad Pro.
Inteligência Artificial também é destaque
Outra área que recebeu bastante atenção da MediaTek foi o processamento de Inteligência Artificial. A empresa também não teve medo de fazer promessas ambiciosas nesse departamento ao comparar o Dimensity 9000 com o Google Tensor, solução proprietária da gigante das buscas focada justamente em IA.
A AI Processing Unit (APU) do chipset, dedicada a IA e Machine Learning, promete ser 4 vezes mais poderosa que a APU utilizada no Dimensity 1200, e garante entregar até 16% mais desempenho que a Tensor Processing Unit (TPU) do processador do Google.
Apesar de toda a empolgação em torno do chip, ainda deve demorar um pouco para que possamos comprovar as promessas da empresa — os primeiros smartphones equipados com o Dimensity 9000 chegarão no final do primeiro trimestre de 2022, possivelmente em março.
Dentre as empresas que devem trazer modelos com Dimensity 9000 estão Samsung, Xiaomi, Oppo, Motorola e OnePlus.
Dito isso, mesmo que seja ofuscado pelo Snapdragon 8 Gen 1 (ou 898) e pelo Exynos 2200, o novo topo de linha da MediaTek marca uma nova era para a companhia, e pode significar o nascimento de um mercado muito mais competitivo, finalmente capaz de enfrentar as propostas da Apple para smartphones.