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Análise | PlayStation 5: pronto para mais experiências memoráveis

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Francielle Lima/Canaltech
Francielle Lima/Canaltech

A Sony sempre passou a ideia de que sabe exatamente o que está fazendo com seus videogames. Tome por exemplo o PlayStation, que nasceu de uma “traição” da Nintendo e não só liderou a quinta geração de consoles, como foi o principal responsável pela mudança dos gráficos 2D pelos 3D poligonais. O PlayStation 2 deu continuidade ao sucesso e foi o primeiro e único DVD player de muita gente.

O PlayStation 3 foi o primeiro e único grande tropeço da empresa. A arquitetura e modelo de desenvolvimento complicados demais encareceram o videogame e a produção dos jogos, e isso espantou muitos desenvolvedores. O resultado foi sentido na relação do usuário com o videogame, que, apesar dos esforços de reestruturação da Sony, foi o menos vendido da história da marca.

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Era preciso voltar à simplicidade e oferecer uma plataforma fácil de se trabalhar. Foi assim que surgiu o PlayStation 4, um console focado única e exclusivamente em jogos, sem firulas, sem asteriscos – e isso foi usado extensivamente contra a Microsoft e sua trapalhada no lançamento do Xbox One. Deu tão certo que o PS4 liderou com bastante folga as vendas da geração passada.

É justamente nessa toada que o PlayStation 5 chega ao mercado. Sem pretensão de ser o mais poderoso da geração, o novo videogame da Sony conta com especificações mais que suficientes e uma boa dose de inovações para dar continuidade ao que seu antecessor fez de melhor: entregar experiências únicas e memoráveis.

Design: ousado e controverso

Apesar de dar seguimento aos ideais do PlayStation 4, o PlayStation 5 não faz isso de uma maneira conservadora. A primeira prova disso nós vemos no design do novo videogame, que abandona praticamente toda e qualquer característica que tornou os últimos três PlayStations marcantes. A cor preta e a carcaça com linhas retas, sólidas e soturnas – há duas décadas dois dos principais atributos dos consoles da marca – foram substituídas pelo preto e branco e um design futurista pouco ortodoxo, cheio de curvas, protuberâncias e extremidades pontiagudas.

No geral, sai de cena o formato de duas e três camadas sobrepostas do PlayStation 4 Slim e do PlayStation 4 Pro e entra o formato de sanduíche. Os dois painéis brancos protegem a porção central do videogame e são as partes que mais têm curvas e saliências – na versão com leitor de disco, recebida pelo Canaltech para testes, é justamente a porção onde o drive fica posicionado que há um “calombo” maior que o normal. Ainda assim, os painéis são removíveis e, no futuro, devemos ver essas peças personalizáveis à venda por aí – então ponto positivo para a possibilidade de customização do console, ela tendo sido intencional ou não por parte da Sony.

Já o vão central é o responsável por acomodar todos os componentes internos do PlayStation 5, além de abrigar todos os seus botões e interfaces de conexão. Atrás, o videogame possui duas portas USB-A de alta velocidade, uma porta Ethernet Gigabit, uma saída HDMI 2.1 compatível com 8K e 120 Hz e a entrada padrão de energia. Na frente, há uma porta USB-A e outra USB-C, uma adição interessantíssima e que torna o videogame “a prova de futuro”, compatível com periféricos e acessórios que eventualmente serão lançados apenas com esse padrão. É aqui que também temos os botões Liga/Desliga e Ejetar, ambos físicos e de tamanhos diferentes, para auxiliar na identificação tátil – dois acertos em relação ao PlayStation 4.

Apesar disso, a Sony parece ter dado um passo atrás ao voltar a adotar o black piano para revestir o vão central. O visual glossy é chamativo, confere um aspecto premium ao produto e reflete bem o LED de status do PS5 (igualzinho ao seu antecessor), mas é um chama absurdo de poeira e de digitais, ficando emporcalhado com muita facilidade. Pior do que isso: por mais cuidado que você tenha ao limpá-lo, ele logo ficará todo riscado.

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Mas nem de longe isso tudo chama tanto a atenção quanto o tamanho e o peso do PlayStation 5: seu corpinho tem 39 cm (L) x 10,4 cm (A) x 26 cm (P) e pesa 4,5 kg na versão com leitor de discos (3,8 kg na PlayStation 5 Digital Edition). Isso porque sequer falamos da base, que precisa ser acoplada ao videogame para sustentá-lo em qualquer uma das duas orientações.

Na horizontal, o processo é mais fácil e basta procurar as marcações na parte de trás do aparelho para encaixar e fixar as garras da base. Apesar da simplicidade, como não há fixação por parafuso, é comum que o componente acabe se soltando quando você for dar uma limpada no videogame e o mexa um pouquinho.

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Caso opte pela vertical, a instalação é bem mais chatinha e trabalhosa em relação ao que temos feito nas últimas duas décadas e meia. É que, em vez de apenas encaixar, aqui a base precisa ser fixada com um parafuso para evitar de o console cair de lado. O tal parafuso fica guardadinho num compartimento “secreto” na base, revelado depois de girá-la, e exige a utilização de uma moeda ou chave de fenda reta.

No fim das contas, o design do PlayStation 5 é ousado. Por um lado, ele rompe com tudo o que a Sony vinha fazendo até aqui, trazendo um frescor bem-vindo a uma estética que vinha sendo explorada e reinventada nos últimos 20 anos. A sensação é de que realmente estamos diante de algo novo e disruptivo.

Por outro, a Sony parece ter pesado a mão e esquecido que nem todo mundo tem tanto espaço assim no rack ou na bancada em casa. O PS5 é grandalhão e desengonçado, e fazê-lo se integrar ao seu ambiente é uma batalha perdida antes mesmo de ter começado. É muito difícil achar um lugar adequado para ele, sobretudo se você estiver pensando em deixá-lo na horizontal. Na vertical, ele parece um daqueles suntuosos arranha-céus sauditas, tão alto quanto 27 caixas de jogos de PlayStation 4 empilhadas.

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Se tudo isso é bom ou ruim, depende muito do gosto particular de cada um. Mas duas coisas são fato: esse é o ponto mais controverso do videogame e ele vai chamar bastante a atenção de quem for à sua casa, você querendo ou não.

Interface: clean e requintada

Se por fora o PlayStation 5 pode ser um tanto espalhafatoso, sua interface vai na direção oposta. Quem vem do PlayStation 3 e do PlayStation 4 não estranhará navegar pelo sistema do novo videogame, embora muita coisa tenha sido ajustada e mudada de lugar. A essência, porém, é a mesma: menus e ícones de jogos dispostos em fila horizontal na dashboard, destacando e dando prioridade ao que foi executado mais recentemente pelo jogador.

O que muda, porém, é como isso está organizado. Aquele amontoado de cartões do PlayStation 4 agora dá espaço a ícones mais discretos e menores – tão menores que a sensação é de que há muito espaço livre na tela. Mas isso tem um motivo: quando um jogo está selecionado, sua arte é aplicada como um belíssimo papel de parede que ocupa toda a tela.

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Talvez por isso ainda não seja possível aplicar um tema para deixar a interface com a cara que queremos. Mas essa limitação não chega a ser um problema, já que o visual padrão, com partículas douradas em um fundo escuro e som ambiente tranquilo, passa uma sensação agradabilíssima de requinte e minimalismo.

Também conta pontos a favor da dashboard do PlayStation 5 a decisão de separar o que é jogo do que é aplicativo de mídia. Agora, cada um tem uma aba própria, acessível na parte superior da tela, para não misturar as coisas. Essa segmentação é interessante e ajuda quem criava pastas para organizar seus jogos e apps a manter tudo em ordem. Por falar nisso, as pastas estão ausentes neste primeiro momento, embora acredite que, no futuro, a Sony nos deixará criar abas personalizadas para separar e organizar nosso conteúdo do jeito que quisermos – espaço para isso, tem.

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Inclusive, organização é a segunda palavra de ordem na interface do PS5. Sim, ela é familiar e lembra muito a versão anterior, mas é notório o esforço da Sony para deixar em evidência apenas aquilo que mais importa ao jogador. O melhor exemplo disso são menus como lista de amigos, central de notificações, downloads, perfil do usuário e afins, que antes ficavam amontoados numa linha de opções acima da principal no PlayStation 4. Agora, todos eles estão escondidinhos num menu suspenso que surge discretamente na parte inferior quando pressionamos o botão PS no DualSense – não importando onde quer que estejamos. As opções são inúmeras e se o usuário quiser pode personalizá-las, removendo o que achar que está em excesso e adicionando o que julgar necessário (há algumas opções que vêm desabilitadas por padrão).

E qual a primeira palavra de ordem? A rapidez. Não importa o que você faça, a interface do PlayStation 5 é extremamente veloz e responde a todos os comandos instantaneamente. E isso é algo muito importante, principalmente se lembrarmos que a XMB, do PlayStation 3, engasgava a todo instante e o PS4 dava umas travadas aqui e acolá, isso quando não nos fazia esperar um tempo considerável para executar uma e outra ação. Agora, com tudo isso no passado, a Sony conseguiu reformular áreas críticas do console e acrescentar recursos bastante interessantes.

A PlayStation Store, por exemplo, deixou de ser um aplicativo para se integrar diretamente à dashboard do PlayStation 5. O ícone da loja é exibido como qualquer outro na interface, mas selecioná-lo não abre nada: em vez disso, aquele vazio do centro da tela, do qual já falamos, é automaticamente preenchido pelo conteúdo da PS Store.

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O visual também foi totalmente repaginado, abandonando as seções selecionáveis nas laterais e o conteúdo amontoado num espaço comprimido à direita. Agora tudo é apresentado em seções corridas, com ícones bastante vistosos e organização que se assemelha bastante a uma página web com rolagem infinita. Assim como acontece com a interface principal, a ideia é destacar para o usuário aquilo que realmente importa – o conteúdo – e esconder opções e configurações em menus acionados a partir de um botão na parte superior direita.

Em matéria de recurso, talvez o que mais chame a atenção sejam os “detonados”. Dentro de um jogo, pressionar o botão PS não só exibe o menu suspenso, mas também informações relacionadas ao título, incluindo seu progresso para conquistar determinados troféus. Caso esteja empacado para obter um deles, é possível assistir a um vídeo que mostra como fazê-lo – tudo isso sem sair do jogo, numa janelinha PiP como já vemos há anos nas televisões. O único “porém” é que essa novidade é restrita aos assinantes da PlayStation Plus.

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No geral, a experiência com a interface do PlayStation 5 é extremamente positiva. Muito menos disruptiva que o design do videogame, ela melhora muitos aspectos do que fora apresentado no PlayStation 4, sobretudo em questão de navegabilidade. Tudo está muito mais fluido e estável do que no videogame anterior; vários problemas foram corrigidos e novidades, que só seriam possíveis num console de nova geração, foram implementadas.

O mérito, claro, é todo da equipe de UX da Sony. Mas nada disso daria tão certo assim se não fosse o hardware do videogame.

Hardware: o mais rápido da geração

Comparar a ficha técnica do PlayStation 5 com a do Xbox Series X deixa muito claro que o videogame da Sony não é o mais poderoso da geração. Apesar disso, é curioso notar que os componentes são praticamente idênticos aos usados pela Microsoft. Então o que muda? Basicamente, a abordagem.

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O processador do PS5 é baseado na microarquitetura Zen 2 da AMD e vem com oito núcleos e 16 threads rodando a uma frequência variável de até 3,5 GHz. Sem clock fixo, a ideia da Sony é fazer com que seu videogame não só consuma menos energia, como também gere menos calor quando não está sendo tão demandado assim. Por outro lado, essa abordagem torna os picos de frequência mais imprevisíveis, impactando diretamente o sistema de refrigeração à medida que o jogo exige cada vez mais do videogame.

Esse é um ponto muito importante e diz muito sobre o design do aparelho e como sua ventoinha funciona. Com um clock variável, as oscilações de temperatura são maiores e é necessário ter bastante espaço livre para fazer o ar quente circular e deixar tudo refrigerado adequadamente. Está aí uma explicação para o tamanho agigantado do PS5 e o porquê de sua carcaça ser toda rodeada por saídas de ar.

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Se o clock é variável e as oscilações de temperatura são maiores, o cooler do PS5 aumenta e diminui suas rotações frequentemente. Por isso, é bastante desafiador prever quanto tal jogo vai exigir do videogame e de sua refrigeração. É justamente por isso que a Sony confirmou que o controle de rotação do cooler será feito por atualizações remotas, que regularão a curva de RPM do componente para que ele seja o mais eficiente possível, independentemente do clima e temperatura do ambiente onde o videogame estiver instalado.

A GPU também é baseada na novíssima microarquitetura RDNA 2 da AMD, o que garante que o PlayStation 5 oferece suporte a ray tracing acelerado por hardware e uma série de benesses anunciadas pela fabricante de semicondutores em outubro. Mas há um detalhe que dá uma boa freada na empolgação quanto a isso: a placa de vídeo tem apenas 36 unidades computacionais e tenta compensar isso com um clock mais alto, de 2,23 GHz.

Na prática, isso significa que utilizar o ray tracing no PlayStation 5 é bastante custoso em termos computacionais e algumas concessões precisam ser feitas. Por esse motivo, jogos como Marvel’s Spider-Man: Miles Morales e Demon’s Souls exigem que o jogador escolha entre um modo “Fidelidade” ou “Qualidade”, que ativa o ray tracing, mas limita o framerate a 30 FPS; e o modo “Desempenho”, que desativa o recurso e aumenta a taxa de quadros por segundo para 60 – ou seja, infelizmente ainda não dá para desfrutar de 4K @ 60 FPS com ray tracing habilitado no console da Sony.

Para fechar, os 16 GB de memória RAM GDDR6 têm largura de banda de 448 GB/s. E há duas informações curiosas nesse dado: a primeira é que embora as memórias do PlayStation 5 sejam da mesma tecnologia da concorrência, elas têm largura de banda 50% menor. A segunda diz respeito à abordagem da Sony, que não segmentou o uso da RAM entre sistema operacional e jogos – ou seja, os 16 GB são utilizáveis por qualquer aplicação sempre que solicitados.

Apesar de todas essas especificações estarem aquém das apresentadas pela Microsoft no Xbox Series X, há uma em que o PlayStation 5 é imbatível: o SSD.

É verdade, ele tem apenas 825 GB de armazenamento e apenas 667 GB estão efetivamente disponíveis para a instalação de jogos. Isso pode incomodar quem gosta de instalar dezenas de jogos ao mesmo tempo, mas a empresa já confirmou que em breve vai liberar o slot de expansão de armazenamento para estender o armazenamento com um SSD M.2 NVMe, o único que suportará a execução de jogos do PS5 além do SSD interno. Jogos de PlayStation 4, por outro lado, podem ser instalados sem problemas num disco rígido ou SSD externo USB 3.1.

Esse “porém” é contornado pela velocidade absurda do SSD do PS5, que deixa qualquer SSD atual no chinelo. Muito disso tem a ver com o componente estar soldado diretamente na placa do videogame e muito próximo da controladora de I/O personalizada. É por isso que, de acordo com a Sony, o SSD é capaz de transferir até 9 GB/s, praticamente o dobro da marca registrada pelo concorrente e 9 mil vezes superior à velocidade de transferência do disco rígido do PlayStation 4.

Na prática, isso significa que o console é capaz de transferir 2 GB em míseros 0,27 segundos, enquanto a mesma quantidade de dados levava até 40 segundos para ser movido no PlayStation 4. E como exatamente isso afeta nosso dia a dia?

Lembra que falamos que rapidez é a palavra de ordem no PlayStation 5? Então, esse é o efeito colateral imediato. O videogame não é rápido, ele é extremamente rápido. Prova disso é que bastam 4 segundos para ligá-lo e estar dentro de Spider-Man: Miles Morales. A PlayStation Store integrada à dashboard é outra possibilidade que surge disso: tudo acontece instantaneamente, sem o jogador precisar esperar para que uma interface seja carregada ou para que as capas apareçam.

Para quem está vindo do PlayStation 4, a sensação de que tudo acontece instantaneamente no PlayStation 5 é inigualável e verdadeiramente transformadora. E isso porque só estamos triscando a superfície de todo o potencial do videogame – no futuro, a expectativa é de experiências ímpares e revolucionárias, em grande parte graças a esse único componente.

E mesmo para quem já pôde experimentar o Xbox Series X, não resta dúvidas: apesar das especificações mais modestas e menos poder de fogo bruto, o PlayStation 5 é o mais rápido desta geração. Se isso mudará no futuro, só o tempo dirá.

Joystick: a grande estrela

Desde 1997, quando lançou a primeira versão do DualShock, a Sony utilizava o mesmo design para seus joysticks. As mudanças eram muito sutis, a nível de detalhe, e isso se manteve até o DualShock 4, do PlayStation 4. Agora, entretanto, a Sony apostou alto com o DualSense, que tem visual completamente renovado, pegada bem diferente e alguns recursos inéditos muitíssimo bem-vindos.

Ele está maior que seu antecessor e mais largo, o que impacta diretamente na “pegada” – agora, as mãos ficam mais abertas que antes, algo muito confortável para quem tem mãos grandes. O layout em si continua o mesmo da geração passada, mas tem suas particularidades. O touchpad, por exemplo, está maior e em formato de trapézio invertido, o que acabou empurrando os botões Options e Create (antigo Share) um pouco para as laterais. Estes, por sua vez, estão menores e mais protuberantes – antes, eles tinham a mesma altura do corte da carcaça, o que dificultava a identificação apenas no tato.

As alavancas analógicas ganharam uma textura mais rugosa, que dão um grip a mais ao toque dos dedos, enquanto o D-Pad ficou um pouco mais macio de apertar e mais responsivo. Inclusive, o direcional digital e os tradicionais botões de comando agora vêm com uma estrutura translúcida em vez do tradicional plástico preto que era usado desde o Playstation. Ah, e os botões de comando perderam as tradicionais cores verde, vermelha, azul e rosa – agora todos eles são cinzas em fundo branco.

O botão PS também mudou e agora tem o formato exato do símbolo da PlayStation – ficou bonito, mas atrapalhou bastante senti-lo no tato ali no momento do jogo. Ele também ganhou um companheiro nas proximidades: o botão para mutar/desmutar o microfone embutido no DualSense, que também faz as vezes de LED para indicar o estado do componente.

A bateria foi expandida, saindo dos 1.000 mAh anteriores para 1.560 mAh – um aumento de mais de 50% da capacidade. Com isso, o DualSense pode ser usado por até 15 horas antes de pedir para ser recarregado – o que agora é feito por uma porta USB-C. Porém, dependendo do jogo, essa autonomia pode cair drasticamente, chegando à casa das 4 ou 5 horas. É pouco, mas tem uma explicação.

O DualSense conta com duas grandes novidades que adicionam toda uma nova camada de imersão à experiência de gameplay: o feedback háptico e os gatilhos adaptáveis.

Há anos estamos acostumados com joysticks vibrando para simular algumas sensações nos jogos. Em 1997, quando o primeiro DualShock foi lançado, os trancos e solavancos provocados pelos motores instalados nas pontas do controle contribuíram para dar um boost naquele susto desgraçado em jogos como Resident Evil e Silent Hill, ou para sentirmos a pista numa curva em alta velocidade em Gran Turismo. De lá para cá, vimos a Sony implantar vários níveis de vibração para ampliar a reprodução de sensações, mas agora isso chega a um nível completamente diferente no DualSense.

O feedback háptico não só transforma o detalhe que está sendo visto em tela em vibrações, como o faz por toda a extensão do controle do PS5. Em outras palavras: o que antes era um grande solavanco que chacoalhava todo o controle agora foi transformado em algo muito mais detalhado e minimalista. A sensação é de que há vários motores de vibração espalhados por todo o corpo do joystick, que faz áreas diferentes vibrarem simultaneamente em intensidades diferentes.

Numa situação hipotética de jogo, em que seu personagem é atingido por um raio, antes você sentiria todo o DualShock vibrar com o impacto da coisa. Agora isso muda e é possível reproduzir a sensação com exatidão nas mãos do jogador, que sentirá uma onda de vibrações, com diferentes intensidades, percorrendo toda a extensão do DualSense, de cima para baixo. É uma sensação muito, mas muito bacana e que nos faz imergir no universo de qualquer jogo que faça bom uso do recurso.

Os gatilhos adaptáveis é outro recurso de imersão muito bem bolado. Antes, esses botões não ofereciam qualquer resistência ao pressionamento e isso podia comprometer a experiência, por exemplo, em jogos de tiro e de corrida. Mas não no DualSense. O joystick utiliza um mecanismo nos gatilhos que, quando são ativados, oferecem resistência ao acionamento dos botões.

Em títulos como Call of Duty: Black Ops – Cold War é preciso aplicar mais força para pressionar o R2, simulando muito bem a sensação de apertar o gatilho de uma arma. Em Astro’s Playroom, quando vamos controlar uma nave com dois propulsores, a mesma resistência é sentida e vem acompanhada de uma forte vibração nos botões, simulando muito bem o que acontece ali naquela região do objeto.

Detalhes como esses tornam o DualSense a grande estrela do PlayStation 5 e um dos pilares fundamentais para as experiências únicas e memoráveis pelos quais os consoles da Sony sempre foram conhecidos. Só resta saber em que medida as desenvolvedoras third-party adotarão os recursos do joystick para que isso aconteça.

Jogos: lineup de respeito

O PlayStation sempre foi conhecido por ser a casa de grandes franquias e jogos exclusivos – e com o PlayStation 5 parece que não vai ser diferente. Essa não só continua sendo uma grande aposta da Sony, como também mais um dos pilares fundamentais das experiências desta nova geração. Afinal de contas, do que adianta todo esse aparato tecnológico se não houver bons jogos para serem jogados, certo?

O PlayStation 5 chega ao mercado com um line-up de exclusivos que não é tão numeroso assim, mas tem qualidade e atende muito bem tipos diferentes de jogadores. Na linha de frente, dois deles têm um apelo gráfico extremo: Demon’s Souls ganhou um remake estonteante, com gráficos de primeira e iluminação sem precedentes. É de longe o jogo mais belo deste início de geração – e o mais difícil também, diga-se de passagem. Se você adora um desafio extremo, este é o seu jogo para entrar de cabeça no PS5.

Spider-Man: Miles Morales é outro exclusivo de encher os olhos. Dando seguimento à história do excelente Marvel’s Spider-Man, o jogo não só se equipara a ele, como o supera em termos gráficos e de trilha sonora. Tal qual Demon’s Souls, aqui temos a opção de ativar o ray tracing e ver do que o videogame da Sony é capaz. Quem adquire a versão Ultimate, ganha de “brinde” o remaster do primeiro game com melhorias para o PlayStation 5.

Apesar de esses dois jogos chamarem atenção para o nível absurdo de detalhes, é Astro’s Playroom quem mais cativa e mais nos faz ter um gostinho de next gen. O jogo vem pré-instalado em todos os PlayStation 5 e serve de tech demo de todos os recursos e funcionalidades do DualSense, mas não faz isso de qualquer jeito, não, mas sim de uma forma muito, mas muito competente.

Com um roteiro muito bem-humorado e que serve de homenagem à história do PlayStation, o jogo explora desde os primeiros instantes o feedback háptico, os gatilhos adaptáveis, os sensores de movimento, o microfone e o alto-falante do DualSense. Em uma das demonstrações, Astro’s Playroom nos faz acreditar que o joystick está cheio de bolinhas de gude, nos fazendo sentir e ouvir cada uma delas bater nas paredes do acessório individualmente, tamanho o nível de precisão do feedback háptico e a qualidade do alto-falante, que recebeu um belo upgrade.

No fim das contas, o que deveria ser apenas uma mera demonstração acaba se tornando uma jornada imersiva, divertida e curiosa pelo passado da marca PlayStation e suas inovações.

Sackboy: Uma Grande Aventura tem uma proposta semelhante enquanto jogo de plataforma e explora bem os recursos e funcionalidades do DualSense, embora numa escala menor. Ainda assim, o jogo é uma delícia e entretém muito bem a criançada que finaliza Astro’s e quer embarcar numa jornada mais longa.

Além desses jogos, há mais cinco exclusivos de console que não pudemos testar com antecedência (Bugsnax, Godfall, Goonya Fighter, Observer: System Redux e The Pathless), mas que reforçam a estratégia da Sony de oferecer títulos que só rodarão em sua plataforma, uma política que difere bastante da proposta de serviços adotada pela Microsoft, sobretudo com o Game Pass.

Falando nisso, finalmente a empresa japonesa parece ter acordado para a importância de uma iniciativa como essas e o peso que a retrocompatibilidade tem na decisão de compra dos jogadores. O PlayStation 5 é compatível com 99% da biblioteca de jogos do PlayStation 4 e, de cara, oferece grandes títulos da geração passada aos assinantes da PlayStation Plus pela PlayStation Plus Collection. Ainda não se sabe se a Sony irá expandir e dar manutenção no catálogo como a Microsoft vem fazendo com o Game Pass, mas é inegável que a ideia é um embrião para algo do tipo. Neste primeiro momento, um total de 18 jogos são oferecidos, incluindo pesos-pesados como God of War, The Last Guardian, The Last of Us: Remastered, Uncharted 4: A Thief’s End e Days Gone.

Com isso, quem decidir por embarcar no PlayStation 5 nesse comecinho de geração já terá à disposição um belo catálogo de exclusivos, a possibilidade de jogar todos os jogos do PlayStation 4 e uma coleção de grandes títulos da geração anterior sem precisar gastar ainda mais dinheiro para isso. E olha, alguns desses títulos contam com melhorias que sobem o framerate para 60 FPS e a resolução para 4K, e adicionam HDR à imagem.

PlayStation 5: vale a pena?

O PlayStation 5 pode não ser o console mais poderoso, mas as novas tecnologias embarcadas nele o posicionam como um forte competidor nesta nova geração de videogames. Os gráficos mais detalhados, suporte a ray tracing e taxas de quadro maiores são atrativos que saltam aos olhos, mas é a adição do SSD personalizado que revoluciona boa parte da experiência que temos no console. Os tempos de carregamento praticamente inexistentes nos levam a pensar como ficamos sem isso por tanto tempo e aproxima o desempenho do console ao que já vemos nos computadores há um bom tempo

E mesmo onde imaginávamos que não veríamos mais nenhuma inovação, a Sony foi lá e mostrou que ainda é possível melhorar muita coisa. O DualSense é uma grata surpresa e tem muito potencial; se explorado corretamente pelas desenvolvedoras, pode ter um papel decisivo no desenrolar das narrativas e na interatividade dos jogos.

Falando em jogos, a biblioteca de lançamento não é extensa, mas tem força e é bastante variada. A presença de exclusivos é outro diferencial neste primeiro momento, com títulos como Astro’s Playroom, Spider-Man: Miles Morales, Demon’s Souls e outros abrangendo vários perfis de jogadores. E se isso não for suficiente, tem a retrocompatibilidade com a vasta biblioteca de jogos de PlayStation 4, dos quais 18 são ofertados de “brinde” a quem é assinante da PlayStation Plus. Ou seja: quem não está pronto para gastar uma nota com jogos novos, basta assinar o serviço da Sony para desfrutar da coleção e dos jogos gratuitos disponibilizados mensalmente, alguns já com melhorias visuais e de desempenho para o PlayStation 5.

No fim das contas, o visual futurístico e dimensões agigantadas são os pontos mais controversos do novo videogame da Sony. Ainda assim, essa ousadia acaba nos dando a sensação de que estamos diante de algo verdadeiramente novo e inédito – e isso se estende para a interface, para o joystick e para os jogos. Tudo no PlayStation 5 exala novidade e a confiança de que estamos prestes a vivenciar mais uma geração de novas experiências únicas e memoráveis.