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Vale a pena comprar um Lenovo Legion GO?

Por| Editado por Jones Oliveira | 14 de Abril de 2024 às 15h30

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Ivo Meneghel Jr/CanaltechLenovo Legion Go
Ivo Meneghel Jr/CanaltechLenovo Legion Go
Lenovo Legion Go

O Legion Go é o novo console portátil da Lenovo para jogos de PC e foi lançado no final de 2023 no mercado internacional. Apesar de ter apenas dois concorrentes diretos, ele já traz funcionalidades promissoras, mas chegou ao Brasil por R$ 7.000, o que fez o Canaltech exploprá-lo a fundo para esclarecer se ele justifica um investimento tão alto assim.

Em termos de hardware, ele traz as mesmas especificações do ASUS ROG Ally, com a diferença de contar com uma tela bem maior e em QuadHD, mais armazenamento interno e conectividade superior. 

Ainda assim, seus desempenhos — e problemas — são basicamente os mesmos, pois trabalhar com PCs, de maneira geral, sempre implica em lidar com uma série de questões transversais por conta das integrações de software

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Otimização precária do Windows 11

A arquitetura x86, apesar de eficiente, é um amontoado de códigos de baixo nível e isso se reflete nos sistemas operacionais, também remendados para cobrir o máximo possível de tarefas nos setups mais diversos. Em PCs topo de linha, esse pântano de códigos até pode implicar em bugs eventuais, mas raramente afeta o desempenho geral do sistema.

Contudo, dispositivos como o Legion Go, ROG Ally e Steam Deck trabalham no limite inferior de desempenho, com chips até competentes para o formato ultracompacto, mas ainda muito longe de um notebook gamer, por exemplo.

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Isso fica nítido nos benchmarks em jogos, e o poder de fogo reduzido fica ainda mais comprometido ao rodar um sistema operacional tão pesado quanto o Windows 11 na tentativa de ser “mais acessível”.

Código sobre código

Com isso, bugs, crashes, incompatibilidades de driver e outras questões que geralmente levam algum tempo para ocorrerem em um PC gamer são bem mais comuns no Legion Go. Isso porque, além dos problemas “normais” do Windows, a versão disponível nesses consoles é adaptada para utilizar botões de gamepad como periféricos de I/O, ou seja, mais um remendo no código.

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Dessa forma, utilizar um Sistema Operacional de uso geral está se provando uma escolha complicada para os novos portáteis. Por um lado, utilizar o Windows é a solução mais viável para garantir compatibilidade com o máximo de jogos para PC.

Em contrapartida, ser um sistema com código e kernel fechados dificulta muito a otimização, pois toda adaptação precisa ser realizada em uma camada de software superior. Consequentemente, cria-se mais processos e rotinas rodando em pano de fundo e consumindo recursos valiosos — sem mencionar a margem para mais erros e incompatibilidade de drivers, como os problemas de Red Dead Redemption 2que enfrentamos em QuadHD.

Navegação e controles

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Assim como no Ally, ser obrigado a utilizar o Windows e jogos de PC exclusivamente com controles exige um esforço tanto para veteranos quanto para usuários vindos dos consoles tradicionais. Nada é intuitivo, muitos atalhos são pouco funcionais, difíceis de remapear nos botões dos controles e a resposta do aplicativo Legion Space é bem lenta comparada ao ROG Armoury Crate.

A boa notícia é o R-MENU. Acessível pelo botão ao lado direito da tela, ele traz todas as configurações essenciais em uma interface simples e acessível quase que instantaneamente. Mesmo não sendo o ideal ter que ativar um overlay para “atalhos rápidos”, ao menos eles estão condensados em um único lugar.

Apenas configurações mais avançadas precisam ser modificadas no Legion Space, como a de criar macros e atalhos para os botões traseiros, personalizar os perfis de velocidade da ventoinha ou acessar pasta de screenshots.

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Todas as demais configurações podem ser alteradas com poucos cliques no R-MENU, desde a resolução nativa e taxa de atualização aos modos de operação.

Ainda existem outros atalhos, então os primeiros dias com o Legion Go vão ser mais focados em aprender como acessar cada elemento do console de forma mais eficiente, e como configurar cada jogo.

Presets gráficos básicos nem sempre resolvem 

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Por trazer uma APU com desempenho um pouco abaixo de alguns notebooks gamer de entrada, a intuição natural ao abrir um jogo é selecionar os presets mínimos e jogar. Para muitos jogos isso pode funcionar, mas é preciso analisar caso a caso, pois mesmo algumas definições mais básicas ativam alguns efeitos que podem engasgar o Legion Go.

Com isso, o mais recomendado antes de iniciar um jogo é sempre ativar o FSR no modo qualidade, mesmo no mínimo, e buscar efeitos como “partículas”, sombras volumétricas e outros efeitos físicos e reduzi-los ainda mais ou simplesmente desativá-los.

Como o console traz embutido um monitor de FPS e temperatura bastante eficiente, é possível jogar por alguns minutos para avaliar como ele se comporta naquele título. Se achar que é possível, ir ativando ou melhorando os efeitos visuais aos poucos até atingir um equilíbrio entre qualidade e desempenho.

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Em outras palavras, é impossível dizer que o Legion Go não é uma porta de entrada para PCs Gamer, pois traz o pacote completo, com bugs do sistema, interfaces sobre interfaces e muita tentativa e erro para fazer alguns jogos rodarem.

Nem tudo está perdido

Naturalmente, para a Lenovo — ou qualquer outra fabricante que quiser atuar no segmento de portáteis — não é economicamente viável desenvolver um sistema operacional proprietário e adequado para jogos de PC. No entanto, a própria Microsoft já vem investindo em aproximar o ecossistema do Xbox ao de PC, facilitando tanto a vida do desenvolvedor quanto dos usuários.

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Considerando que a empresa também está de olho nesse segmento, mesmo já tendo estabelecido que seu foco está em vender serviços e produtos, e não obrigatoriamente hardware, é possível que versões futuras do Windows tenham uma melhor integração com periféricos como controles de consoles.

Além disso, tanto Lenovo quanto Asus já afirmaram estar trabalhando próximo à Microsoft para melhorar a experiência dos consoles no lado do software. Sendo assim, nada impede que no futuro tenhamos uma versão do Windows redimensionada para consoles.

Desbloqueando o potencial de games Android

Ainda falando da integração de softwares, apesar de a Microsoft ter descontinuado o Windows Subsystem For Android, o aplicativo Google Play Games para PC continua firme e forte. O catálogo é mais limitado que a biblioteca padrão da Play Store, mas ainda assim, jogos populares como Clash of Clans, Asphalt Legends 9 e Arknights estão disponíveis com direito a reconhecimento nativo dos controles em alguns títulos.

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Por si só, isso já é um ponto forte do Legion Go, ao servir como uma plataforma híbrida de verdade para rodar tanto jogos de PC em um dispositivo portátil, quanto jogos mobile em uma tela maior com controles nativos de forma simples.

Vale lembrar também que, para jogos que ainda não estiverem na lista de suporte do Google, sempre é possível utilizar emuladores como o Bluestacks, destravando o poder de títulos bons demais para serem jogados apenas em telas de smartphones.

Potencial para o futuro

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Comparando com o ROG Ally e Steam Deck, o Legion Go é nitidamente o produto mais completo em todos os sentidos. Mesmo não tendo a interface super amigável do Steam Deck, uma vez que o usuário se acostuma com os comandos básicos do Legion, ele pode inclusive iniciar o console por padrão no Legion Space e sair apenas caso seja muito necessário.

Outro diferencial são as opções de armazenamento de fábrica, já de 512 GB ou 1 TB, no mínimo duas vezes as configurações máximas do ROG Ally, e empatando com o Steam Deck OLED. Isso reduz consideravelmente a dependência de cartões de memória, drives externos ou substituição do drive original.

Combinando isso, tela maior, mais botões para mapear ações extra em jogos e o avanço esperado de interface conforme a integração com Windows fique mais madura, o Legion Go acaba sendo o portátil com mais potencial para um ciclo de vida maior. Já no quesito preço, é importante lembrar que ele não é um PC completo, mas traz características híbridas com smartphones até mais caros que ele.

Para um usuário médio que queria concentrar todas as suas bibliotecas de games em um dispositivo que pode ser utilizado em viagens, ou sem monopolizar a TV da sala, investir no Legion faz sentido. Por outro lado, se o foco é uma plataforma gamer fácil de usar e poderosa, talvez seja mais interessante aguardar novas versões, ou mesmo mais concorrentes, forçando um eventual reposicionamento dos portáteis no mercado.