OpenAI | Tudo sobre a criadora do polêmico ChatGPT
Por André Lourenti Magalhães • Editado por Douglas Ciriaco |
A OpenAI é uma organização voltada para pesquisas e desenvolvimento de inteligência artificial fundada em 2015 nos Estados Unidos. O principal produto da instituição é o ChatGPT, chatbot de IA generativa lançado em 2022 e que deu o pontapé inicial para o lançamento de várias outras ferramentas do ramo no ano seguinte, e o GPT, grande modelo de linguagem que dá vida ao chatbot e é licenciado para outras companhias.
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Antes do ChatGPT, o projeto já havia desenvolvido outras tecnologias de IA mais voltadas para uso empresarial e sem impacto tão significativo para o público consumidor. A iniciativa, inclusive, já contou com nomes importantes do mercado de tecnologia ao longo dos anos, como o do bilionário Elon Musk, um de seus fundadores.
Quem fundou a OpenAI?
A OpenAI foi fundada em dezembro de 2015 por um grupo de pesquisadores e investidores que incluía Sam Altman (que posteriormente virou CEO da empresa), Greg Brockman, Ilya Sutskever, Jessica Livingston, o cofundador do LinkedIn Reid Hoffman e Musk. O projeto ainda contou com o investimento de empresas como Amazon WebServices e Infosys, com aporte inicial de mais de US$ 1 bilhão.
Inicialmente, foi criada como uma organização sem fins lucrativos, com a missão de “garantir que a inteligência artificial traga benefícios para toda a humanidade”, segundo o seu site oficial. A instituição atualizou esse propósito anos depois para abordar a criação de uma inteligência artificial geral (AGI), conceito no qual a máquina adquire a mesma capacidade cognitiva dos humanos.
Sam Altman já publicou uma foto sobre o primeiro dia de serviço da OpenAI, com poucos integrantes e dentro do que parece ser uma casa, em janeiro de 2016.
A participação de Elon Musk
Musk participou da criação do projeto, mas deixou o conselho da OpenAI em 2018 ao alegar possíveis conflitos de interesses. Anos depois, o bilionário comentou que abandonou o projeto por discordar da ideia de transformá-lo numa organização com fins lucrativos.
Musk e Altman, inclusive, não preservam um bom relacionamento: o dono do Twitter já criticou a mudança de foco da empresa publicamente, especialmente após investimentos da Microsoft, e foi chamado de idiota por Altman. Posteriormente, em novembro de 2023, Sam Altman ironizou o Grok, chatbot de IA generativa criado por uma das empresas do bilionário.
Demissão e retorno de Sam Altman
Sam Altman virou a figura principal da OpenAI com o lançamento do ChatGPT sob a função de CEO da empresa desde 2019: era ele quem participava de entrevistas e anunciava novidades em contato com outros meios de comunicação.
No entanto, o executivo foi demitido pelo conselho da OpenAI em novembro de 2023, numa decisão que chocou o mercado de tecnologia. O quadro de diretores alegou em nota que o CEO “não era consistentemente sincero nas suas comunicações com o conselho, prejudicando a sua capacidade de exercer as suas responsabilidades”. Além da demissão do executivo, o cofundador Greg Brockman também foi desligado do conselho e saiu da empresa.
Altman não ficou muito tempo desempregado e foi contratado pela Microsoft dois dias depois para liderar uma nova equipe de IA por lá. Enquanto isso, a OpenAI entrou em uma grande crise: teve três CEOs diferentes em três dias, até a chegada de Emmett Shear, e precisou lidar com uma carta aberta dos funcionários pedindo pela renúncia de todo o conselho — caso isso não acontecesse, trabalhariam com Altman no projeto da MS.
Os motivos para a saída de Altman não são claros, mas rumores apontavam uma tentativa de “golpe” do conselho para frear as decisões do CEO no desenvolvimento de IA pela companhia. Como o quadro de diretores tem o poder de agir sobre a empresa, foi possível removê-lo do cargo sem muitas dificuldades.
Porém, tudo voltou ao normal após cinco dias: Sam Altman aceitou retornar à OpenAI no mesmo cargo de antes e a organização trocou o conselho de diretores. A decisão teve até o apoio da própria Microsoft, sinalizada em publicação do CEO Satya Nadella no X (antigo Twitter)
A OpenAI é uma empresa?
Em partes. A estrutura da OpenAI é dividida entre uma organização sem fins lucrativos e uma empresa subsidiária com formato de lucro limitado: a segmentação aconteceu em 2019 e contou com um investimento de US$ 1 bilhão da Microsoft.
Então, a estrutura fica da seguinte forma: a OpenAI Inc (organização sem fins lucrativos) controla a subsidiária OpenAI LP, que possui obrigações para seguir o estatuto da organização. O conselho de diretores da OpenAI, composto por quatro integrantes, consegue tomar decisões que envolvem o projeto como um todo.
A organização traz detalhes da divisão no site oficial:
"A subsidiária é capaz de garantir equidade para aumentar o capital e contratar talentos de classe mundial, mas ainda na direção da organização sem fins lucrativos. A empresa com lucro limitado é legalmente destinada a perseguir a missão [da organização] e carregá-la ao engajar com pesquisas, desenvolvimento, comercialização e outras operações-chave. Através disso, os princípios da OpenAI para a segurança e o benefício geral seriam centrais para a abordagem."
Como resultado do investimento da Microsoft, a Gigante de Redmond garantiu exclusividade do modelo GPT-3 para seus produtos. A criadora do Windows ainda aplicou a tecnologia do ChatGPT para o Bing Chat e confirmou mais investimentos bilionários em 2023.
Durante seu período como CEO, Sam Altman alegou que a empresa não é lucrativa e tem custos altíssimos para processar e testar os modelos de IA. Logo, o projeto precisaria de investimentos ainda maiores para o desenvolvimento de ferramentas ainda mais avançadas.
Principais produtos da OpenAI
Antes dos lançamentos da IA generativa, a OpenAI já havia lançado alguns produtos voltados para o desenvolvimento de inteligência artificial. O OpenAI Gym, de 2016, era usado para pesquisas sobre aprendizado de reforço, enquanto o Universe era uma plataforma para o treino de IA em jogos. No entanto, a notoriedade do laboratório veio a partir de 2022 com ChatGPT e DALL-E.
ChatGPT
O ChatGPT é um bot de inteligência artificial generativa lançado em novembro de 2022. A ferramenta recebe esse nome porque usa o grande modelo de linguagem GPT-3.5 (sigla para “Generative Pre-Trained Transformer”, ou “Transformador Pré-Treinado Generativo”, e tradução livre).
O bot é capaz de compreender pedidos em textos e respondê-los de forma natural e conversacional: é possível obter dicas, pedir para a IA criar conteúdos, solucionar problemas matemáticos, e por aí vai.
A princípio, a ferramenta causou muita polêmica por não exibir fontes, criar informações erradas e violar direitos autorais no treinamento do modelo de linguagem, mas o ChatGPT rapidamente tornou-se uma referência em IA generativa e abriu caminho para outros softwares.
GPT-4
O GPT-4 não é um produto em si, mas sim o modelo de linguagem mais moderno da OpenAI até 2023 para o treinamento de inteligência artificial. A integração com o ChatGPT permite recursos exclusivos, como a possibilidade de buscar na internet e maior capacidade de raciocínio, mas o serviço também é usado por outras empresas que recorrem a soluções de IA, como o Duolingo.
DALL-E
O DALL-E é uma ferramenta capaz de gerar imagens a partir de textos. A empresa lançou a versão DALL-E 3 em 2023 com integração ao GPT-4 e ao gerador de imagens do Bing: com a atualização, o recurso consegue interpretar os prompts de texto com precisão e criar resultados mais detalhados.
Whisper
O Whisper é uma API criada pela OpenAI capaz de identificar, transcrever e traduzir áudios. A tecnologia é usada pelo Spotify para criar versões de episódios de podcast em outro idioma — nesse caso, a IA consegue reconhecer a fala da pessoa e traduzi-la para uma língua diferente preservando o tom de voz.
Trabalho para conter os riscos da IA
A organização também possui equipes voltadas para pesquisar e combater possíveis riscos apocalípticos do uso de inteligência artificial. Há uma divisão criada para monitorar e encontrar alternativas para um conceito chamado “super IA” — quando a tecnologia fica mais inteligente do que os seres humanos e poderia levar à extinção humana.
Outra equipe, chamada “Preparação”, controla possíveis situações em que os modelos de IA seriam capazes de gerar catástrofes com ameaças químicas, biológicas, biológicas e sobre cibersegurança.