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O que é Worldcoin, a iniciativa quer escanear a íris de toda a população mundial

Por  • Editado por  Douglas Ciriaco  |  • 

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Reprodução/Worldcoin
Reprodução/Worldcoin

A Worldcoin é uma iniciativa com o objetivo de criar uma identidade digital única para cada pessoa a partir do escaneamento da íris. O projeto foi criado pela empresa Tools For Humanity, que tem como presidente o CEO da OpenAI e criador do ChatGPT, Sam Altman.

As identidades seriam armazenadas em blockchain e, segundo a empresa, poderiam ser usadas para diferenciar humanos de IAs na internet. Além disso, a Worldcoin promete fomentar uma nova estrutura para economia digital, inclusive com conceitos de renda básica universal.

O projeto é dividido em três frentes:

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  • World ID: uma espécie de “passaporte digital”, obtido com um código único após escanear a íris de cada pessoa. O ID poderia ser usado para autenticar acessos, acessar aplicativos descentralizados e compartilhar informações pessoais;
  • WLD: uma criptomoeda da Worldcoin, distribuída para quem cria um ID na plataforma;
  • World App: um aplicativo de carteira digital para gerenciar os tokens da WLD e o World ID.

A Worldcoin informa em seu site oficial que possui mais de 2,2 milhões de pessoas cadastradas em 120 países diferentes. Apesar da ideia promissora, também existem questões importantes sobre privacidade e acesso aos dados de cada indivíduo.

Como o escaneamento funciona?

A empresa usa um dispositivo chamado Orb, parecido com uma bola de boliche repleta de câmeras e sensores, para escanear a íris de cada pessoa. O cadastro dura poucos minutos, enquanto o dispositivo usa modelos de aprendizado de máquina para identificar todas as propriedades da região do olho.

Em seguida, a máquina cria um código numérico único, associado àquele indivíduo, e essa sequência representa o World ID. A escolha pela íris ocorre porque é uma informação biométrica muito segura e detalhada — dessa forma, facilita a identificação e a checagem com mais eficiência do que a impressão digital.

O cadastro é presencial, feito em estandes separados pela empresa em shoppings e outras localizações movimentadas. A Worldcoin já realizou escaneamentos em 34 países, incluindo o Brasil, com ativações na cidade de São Paulo.

De acordo com a empresa, as imagens da íris são descartadas logo após a criação do código.

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Empresa oferece criptomoedas em troca de participação

Cada pessoa cadastrada ganha 25 tokens da WLD. Na cotação consultada durante a produção desta matéria, cada token valia US$ 1,88 (R$ 9,23 em conversão direta). O procedimento renderia cerca de R$ 230.

Porém, existem casos de pessoas que participaram do projeto e não receberam nada em troca.

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Quais os problemas dessa estratégia?

A Worldcoin quer criar identificações para todos os habitantes do planeta, mas antes disso precisa se resolver com leis de proteção de dados e órgãos reguladores de cada país. Existem leis nacionais que impedem a exportação e a venda de dados biométricos, o que pode dificultar a criação da base de dados.

A iniciativa também não dá muitos detalhes sobre como gerenciar as informações pessoais. O principal problema envolve o uso da íris como dado biométrico: esses dados são considerados sensíveis na maioria dos países e exigem mais cuidado do que outras informações pessoais, como nome completo e CPF.

Qualquer avanço tecnológico em larga escala também precisa considerar o tratamento dos dados de cada pessoa. “O volume e o tipo de dados a serem tratados são fatores que chamam a atenção do ponto de vista de privacidade e proteção de dados e exigem análise detalhada de riscos e impactos aos titulares dos dados”, explica o advogado especialista em privacidade e proteção de dados Luis Fernando Prado.

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No Brasil, informações pessoais como cadastros biométricos são protegidos pela Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), que estipula princípios e garantias aos titulares com relação à coleta, uso, armazenamento e compartilhamento desse conteúdo. Cada empresa precisa adotar medidas de privacidade, que vão desde análise dos riscos, recursos de transparência sobre o tratamento dos dados e ações de segurança para evitar vazamentos e acessos indevidos.

Venda de dados é possível, mas há regras

Sobre a venda dos dados, Prado reforça que a prática não é proibida pela Lei, mas exige transparência por parte de cada empresa. "Não há proibição na Lei para que uma pessoa 'venda' seus dados, ou seja, é possível que indivíduos decidam fornecer dados em troca de benefícios, como, por exemplo, um pagamento", explica.

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"No entanto, é necessário, dentre outras cautelas por parte das organizações, que haja transparência quanto aos dados coletados, finalidades de uso, medidas de segurança adotadas, informações acerca de eventuais compartilhamentos dos dados e período pelo qual os dados serão tratados", pondera o especialistsa

Além disso, a ideia de coletar dados biométricos de uma pessoa para transformá-los em carteira digital também pode ser considerada uma medida agressiva. Com o desenvolvimento de tecnologias de blockchain, outras opções menos invasivas poderiam ser consideradas.

Em resposta ao Canaltech, a Worldcoin respondeu que o projeto segue todas as leis e regulamentos governamentais sobre o processamento de dados pessoais nas regiões de atuação do app, incluindo a LGPD. Além disso, a empresa reforça que os usuários não precisam usar informações pessoais para usar o World App e o Orb remove as imagen da íris logo após a criação do código. Veja o comunicado completo:

Worldcoin foi criada para proteger a privacidade individual e construiu um programa de privacidade robusto. O projeto está em conformidade com todas as leis e regulamentos sobre o processamento de dados pessoais nos mercados em que está disponível, incluindo a LGPD do Brasil. O projeto vai continuar a cooperação com governos e órgãos reguladores nos pedidos para mais informações sobre privacidade e práticas de proteção de dados. A Worldcoin permanece comprometida a trabalhar com nossos parceiros globalmente para garantir que siga os requisitos e promova um serviço seguro e transparente para humanos verificados. Indivíduos não precisam inserir nenhuma informação pessoal para usar o World App, a primeira carteira feita para a Worldcoin. Nenhum nome, número de telefone, e-mail, perfil social, selfie ou passaporte. Quando um indivíduo opta por verificar a prova de personalidade, o Orb imediatamente apaga as imagens após a criação do código.
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Blockchain e Web3

Muitas ideias da Worldcoin se aplicam nos conceitos da Web3, nome dado a uma nova fase da internet baseada em descentralização e blockchain. Caso você queira saber mais sobre o assunto, pode conferir um guia completo sobre do que se trata a Web3 e descobrir como funciona o blockchain.