Sabemos muito mais sobre Marte hoje graças ao rover Curiosity — e um brasileiro
Por Fidel Forato | •
*Com colaboração de Patrícia Gnipper
A humanidade, hoje, compreende Marte muito melhor do que poucas décadas atrás, mesmo que ainda existam muitos mistérios envolvendo o Planeta Vermelho. Em 2019, a NASA comemorou 7 anos de missão do rover Curiosity, que pousou na superfície marciana em 2012 e, desde então, as descobertas sobre nosso vizinho são sem precedentes e cada vez mais impactantes.
Já se sabe que Marte teve condições de abrigar vida microbiana em seu passado remoto, por exemplo, com dados recentes indicando que o planeta pode já ter tido água o suficiente para dar origem à vida como a conhecemos - se é que ainda não existe algum tipo de vida sobrevivendo por lá. Falar sobre vida extraterrestre ainda é um assunto controverso mesmo nos tempos atuais, mas “pode ser que nossa inteligência seja tão pequena, tão primitiva, que não somos e nem nunca seremos capazes de perceber as outras inteligências superiores da nossa galáxia”, como comenta o físico brasileiro que trabalha na NASA, Ivair Gontijo, em seu livro A caminho de Marte: a incrível jornada de um cientista brasileiro até a NASA, da editora Sextante.
CT: Em outra parte do livro, você escreve: “hoje, com os resultados obtidos pelo Curiosity, confirmamos uma hipótese bem mais radical: a antiga atmosfera marciana era realmente bem mais espessa, permitindo que o planeta armazenasse calor e mantivesse uma temperatura global acima do ponto de fusão do gelo”. A mudança ocorrida em Marte poderia acontecer com a Tera? Quais seriam as chances?
I.V.: Possivelmente, em um futuro distante, sim, mas não em pouco tempo. Nós não entendemos muito bem como foi que se deu esse processo em Marte. Provavelmente, teve algo relacionado ao campo magnético do planeta, que aparentemente existia em uma etapa da sua formação, mas depois desapareceu. Com isso, a radiação que vem do Sol e das outras estrelas, entrando na atmosfera, quebrou todas as moléculas de água, e a maioria dos líquidos da atmosfera evaporou, escapando do planeta.
A gente tem que lembrar também que Marte é muito menor do que o planeta Terra. A gravidade de Marte é cerca de 38% a da Terra. Isso quer dizer que uma pessoa que pesa 100kg aqui, pesaria 38kg no Planeta Vermelho. Com isso, é muito mais fácil que átomos e gases escapem dessa atmosfera. Um pequeno aumento de velocidade ou uma variação de temperatura poderia dar a esses átomos energia suficiente para escaparem da atração gravitacional do planeta. Já a Terra, que é muito maior, consegue segurar uma atmosfera de maneira melhor.
Isso vale também para um planeta muito maior, como Júpiter. Por conta de sua gravidade, Júpiter é praticamente uma bola de gás, praticamente só atmosfera, de tão grande que é.
Leia também: