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NASA confirma: moléculas orgânicas são abundantes em rochas de Marte

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A NASA prometeu um grande anúncio sobre Marte para esta quinta-feira (7), e a promessa foi cumprida em grande estilo: o rover Curiosity, depois de quase seis anos estudando a cratera Gale, descobriu que moléculas orgânicas são abundantes em rochas marcianas, enquanto moléculas mais simples, como o metano, por exemplo, sazonalmente surgem na fina atmosfera de Marte.

A descoberta é relevante, pois, aqui na Terra, compostos orgânicos são fundamentais para a existência da vida. Mas ainda é cedo para especular com mais propriedade quanto à existência de vida no passado longínquo do Planeta Vermelho, ainda que seja este o objetivo. O metano existe na atmosfera de gigantes gasosos, por exemplo, e também pode surgir a partir de interações não relacionadas diretamente à vida, como o fluxo de água em pedras quentes, enquanto outras moléculas orgânicas simples já foram encontradas em meteoritos e nuvens de gás interestelar pelo espaço.

Contudo, a descoberta dá um passo a mais para entender melhor a aparente ausência de carbono por lá. Como todos os planetas do Sistema Solar, Marte recebe constantes chuvas de meteoritos ricos em carbono, só que em 1976, quando as sondas Viking, da NASA, pousaram no planeta, elas descobriram que o solo marciano tinha menos carbono do que rochas lunares sem vida. Desde então, cientistas vêm caçando incansavelmente o carbono "perdido" do planeta, ou, ao menos, tentando explicar o motivo de sua ausência.

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Em 2014, o Curiosity fez a primeira detecção de moléculas orgânicas em Marte, encontrando evidências de compostos de carbono contaminados com cloro em amostras aquecidas de solo. Só que, logo depois, descobriu-se que reagentes químicos ricos em carbono estavam "vazando" dali, potencialmente contaminando outras amostras. Agora, as novas descobertas sugerem reservatórios bem preservados de carbono escondidos abaixo da superfície de Marte, reforçando-se a necessidade de se enviar novas missões ao Planeta Vermelho para coletar amostras e trazê-las de volta à Terra, aprofundando os estudos além do que pode ser feito pelo Curiosity lá em Marte.

Já sobre o metano sazonal, esta medição é considerada "a mais importante do metano de Marte feita até hoje", de acordo com Chris Webster, químico da NASA. O gás contendo carbono é importante porque a maioria do metano da Terra é produzido por micróbios metanogênicos, comuns em ambientes com baixo nível de oxigênio. Ele também é rapidamente decomposto pela radiação ultravioleta; então, o gás descoberto agora em Marte deve ter sido liberado recentemente.

Os níveis de metano na atmosfera de Marte parecem aumentar periodicamente entre as estações marcianas, sendo três vezes mais presente no verão do que no inverno. E é justamente essa periodicidade que torna a descoberta ainda mais intrigante, com cientistas já especulando que o metano de lá pode ser proveniente de aquíferos derretendo durante o verão de Marte, liberando água, que, por sua vez, flui sobre rochas no subsolo, produzindo o gás fresco.

Mas também é possível que esse metano seja mais antigo, expelido há bilhões de anos em processos geológicos ou biológicos, tendo sido aprisionado em matrizes de gelo e rocha que descongelam quando aquecidas pelo Sol. Sendo assim, agora uma série de estudos e análises continuarão sendo feitos a fim de que uma conclusão quanto às moléculas orgânicas e o metano sazonal de Marte sejam explicados. Sim, ainda resta a esperança de que Marte abrigue vida microbiana, ainda que, se existir mesmo, esteja dando um trabalho e tanto para ser descoberta por nós. Ou ainda, descobrir que, de fato, o Planeta Vermelho já foi vivo há, quem sabe, bilhões de anos.

As principais descobertas do Curiosity

Desde que pousou na superfície de Marte, em agosto de 2012, o rover Curiosity vem proporcionando descobertas históricas sobre o Planeta Vermelho, além de nos enviar fotos do local que nos vão um vislumbre sem precedentes de como o nosso vizinho espacial é de verdade.

Entre suas grandes descobertas, destacamos as seguintes:

Córrego antigo

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Em setembro de 2012, o Curiosity nos surpreendeu encontrando evidências de um riacho antigo na superfície marciana. Cientistas já haviam encontrado amostras que sugeriam que, em um dia muito longínquo no passado, Marte tinha água corrente, e a descoberta do Curiosity bateu o martelo nessa questão.

O rover coletou rochas feitas de cascalho antigo, provando que a água costumava fluir entre a cratera de Gale e uma montanha dentro do Monte Sharp.

Metano

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Já em 2014, o rover mediu um aumento de 10 vezes na quantidade de metano na atmosfera marciana. O aumento temporário indicou que deveria haver uma fonte de metano próxima, ativada sazonalmente (algo que foi confirmado agora).

Nuvens

Anos depois, em 2017, o rover capturou imagens de nuvens do tipo cirrus no Planeta Vermelho. As nuvens marcianas são feitas de cristais de água congelada que se condensam em grãos de poeira na fria atmosfera.

Essa não foi a primeira vez em que nuvens foram vistas em Marte, mas foi a imagem mais nítida das nuvens já registrada pela NASA.

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Boro

No mesmo ano, o Curiosity capturou traços do elemento químico boro em Marte. Aqui na Terra, a substância é um componente necessário para a origem da vida e, por isso, a descoberta foi tão empolgante. Em Marte, a presença de boro sugere que as condições da água subterrânea poderiam ter proporcionado reações químicas se orgânicos também estivessem presentes.

Fonte: NASA, Scientific American, Fox News