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Riot, Ubisoft, EA e mais: NFT na rota dos videogames

Por| Editado por Bruna Penilhas | 22 de Dezembro de 2021 às 11h00

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愚木混株 cdd20/Unsplash. Montagem: Caio Carvalho/Canaltech
愚木混株 cdd20/Unsplash. Montagem: Caio Carvalho/Canaltech

Se existe um assunto em alta na indústria dos videogames atualmente é a adoção dos chamados NFT nos jogos. A sigla para “tokens não-fungíveis” em português representa uma tecnologia que funciona como um certificado de autenticidade para itens digitais, além de mais um passo de um mercado que se reinventou inúmeras vezes para criar novas relações de consumo com jogadores ao longo dos anos.

Quando o Fairchild Channel F. introduziu os cartuchos com jogos equipados, em 1976, a indústria conseguiu expandir as possibilidades de venda para além de consoles. Os cartuchos viraram CDs, que eventualmente se tornaram jogos digitais, com compras chamadas de microtransações e a estreia dos jogos como serviço, com cobranças recorrentes.

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Agora, o NFT inaugura uma nova era de possibilidades para a monetização na indústria. Itens únicos em jogos, como skins e até monstrinhos similares a Pokémon em títulos como Axie Infinity, geram um certificado que pode ser trocado, colecionado ou até vendido para outros jogadores. Por seu caráter único, um item de jogo atrelado a um NFT pode ter o preço especulado e variável, rendendo lucro ou prejuízo nas transações.

O momento ainda tem sido observado a certa distância por grandes publicadoras. Isso porque a maioria dos jogos NFT utilizam codificação em blockchain. O sistema criado em 2009 armazena informações em uma cadeia de blocos de dados criptografados descentralizados. Ou seja, itens comprados em jogos que utilizam NFT não ficam armazenados em servidores privados, mas sim em uma rede de computadores disposta a contribuir.

Na prática, títulos de grandes publicadores funcionam de forma diferente. Se um jogador utilizar 1.000 V-Bucks para comprar uma nova skin em Fortnite, o item estará atrelado à conta do jogador e pode ser perdido a qualquer momento, por decisão sumária da desenvolvedora.

Itens comprados em jogos com blockchain entregam a cada jogador o controle total sobre suas contas e ativos digitais, podendo ser negociados a qualquer momento. Nesse cenário, as grandes empresas ainda ensaiam como entrar nesse novo modelo de negócios de forma segura e lucrativa, ser perder o controle sobre as franquias.

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NFT nos games ainda é controverso

A adoção de criptomoedas em videogames de grande orçamento é esperado por parte da comunidade e repelida por outras que não enxergam com bons olhos o mundo da especulação financeira envolvendo-se no mundo dos jogos.

A incerteza de como os NFTs podem mudar as comunidades de jogos online com a chegada de mineradores, influenciar o processo criativo de desenvolvimento ou ainda o preço de skins e itens in-game estão entre as preocupações mais aparentes. E com motivos para isso.

Desde que a Ubisoft anunciou que usará o multiplayer de tiro Ghost Recon Breakpoint para testar a adoção de NFTs, funcionários da própria empresa passaram a questionar a estratégia.

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A publicadora adicionou cosméticos colecionáveis na versão do jogo para o PC como um experimento. Os certificados digitais (NFTs) são chamados de Digits e podem ser comprados e manejados por meio da plataforma Ubisoft Connect e uma nova plataforma, intitulada Ubisoft Quartz.

Um dos itens com NFT implementados é um capacete, que exige mais de 600 horas de jogo. O cosmético não pode nem ao menos ser visto pelo jogador, pois o gameplay de Ghost Recon Breakpoint é em primeira pessoa. Após resgatados, os itens com NFT podem ser revendidos para outras pessoas. A Ubisoft se reserva o direito de cobrar uma taxa com base no valor total da transação, conforme os termos de uso.

O vídeo de anúncio do Ubisoft Quartz recebeu uma avalanche de dislikes no YouTube, com mais de 40 mil reações negativas. O vídeo deixou de ser público no canal da desenvolvedora.

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Com a adoção, a Ubisoft se torna a primeira publicadora a adicionar NFTs ​​em um jogo AAA e esse é apenas o primeiro passo. A companhia financia atualmente projetos da Animoca Brands, desenvolvedora focada em jogos de blockchain. A Ubisoft ainda é membro-fundador de uma aliança para desenvolvimento de games do tipo.

Em resposta à indagação de funcionários que questionaram a estratégia de NFTs e como ela pode atrapalhar o desenvolvimento criativo de um game, a Ubisoft divulgou um comunicado declarando que os NFTs “sempre serão itens cosméticos que não têm impacto na jogabilidade”.

NFT pode contribuir para o aquecimento global

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Com a indústria dos videogames atraindo milhões de pessoas, outra preocupação surge com a chegada dos NFTs: o impacto ambiental que a novidade pode causar.

De acordo com estudos feitos com pesquisadores independentes, uma peça criada em NFT pode colaborar com a emissão de mais de 200 quilos de substâncias que aquecem o planeta, o equivalente a dirigir por mais de 800 quilômetros em um veículo que roda com gasolina.

O gasto é causado pelo processo de armazenamento do NFT nos sistemas blockchain. A criptografia exige processamento de computadores, que gastam bastante energia por um longo período de tempo. O resultado do processo é uma grande quantidade de emissão de gases de efeito estufa que contribuem para o aquecimento global, sendo jogados na atmosfera.

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Um estudo da Universidade de Cambridge apontou que a mineração de bitcoins, utilizada no processo, demanda mais eletricidade do que consomem países inteiros como a Argentina, Suécia e o Paquistão.

Os planos com NFT para o futuro

Se a Ubisoft parece bem adiantada na convergência entre criptomoedas e videogames, outras empresas também começam a se movimentar nesse sentido. Confira como o NFT está entrando na rota de grandes desenvolvedoras de jogos:

Riot e a criação de uma criptomoeda

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Com mais de 100 milhões de jogadores ativos, a Riot Games deu indícios que trabalha na Riot NFT, uma criptomoeda para ser utilizada dentro do ecossistema da empresa.

A pista foi dada por um registro de marca, enquanto a publicadora ainda não se pronunciou oficialmente. Caso se confirme, a Riot NFT pode ser utilizada para comprar itens e skins por meio do certificado digital

EA admitiu que NFTs são o futuro

Chefe da Electronic Arts (EA), Andrew Wilson defendeu, durante uma teleconferência com investidores, que os NFTs e os games que permitem usuários especularem são “uma parte importante do futuro da indústria”.

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O executivo ponderou que ainda pode ser cedo para definir como será esse futuro, mas deixou claro que as grandes publicadoras devem entrar nesse negócio. Rumores apontam que a EA pode iniciar a incursão nesse mercado a partir de cartas exclusivas de jogadores em FIFA.

Valve baniu jogos com NFT do Steam

Desde 2013, a venda e troca de skins no Steam Market se tornou parte de um movimentado mercado em CS:GO. É possível especular e até fazer algum dinheiro trocando itens cosméticos raros para o jogo pela plataforma.

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Na dianteira desse tipo de transação, a comunidade que utiliza o Steam estranhou quando a Valve resolveu, em 2021, proibir jogos que sejam criados em blockchains ou permitam a emissão ou troca de criptomoedas e NFTs.

A decisão do Steam fez com que 29 estúdios de games blockchain direcionassem uma carta aberta a Valve contra a decisão. As equipes criticaram a plataforma por prejudicar o mercado com uma decisão arbitrária. Na mudança de regras, títulos como Axie Infinity saíram do Steam.

Epic Games mudou de ideia sobre NFTs

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Em resposta a Valve, a Epic Games Store revelou que aceitará jogos com NFT e criptomoedas em breve. O anúncio foi feito no Twitter, pelo o CEO Tim Sweeney. "A Epic Games Store dá as boas-vindas aos jogos que usam a tecnologia blockchain, desde que sigam as leis relevantes, divulguem seus termos e sejam classificados por idade por um grupo apropriado. Embora a Epic não use criptografia em nossos jogos, agradecemos a inovação nas áreas de tecnologia e finanças", escreveu o empresário.

O mais curioso é que a ação em resposta a Valve marca uma mudança de posição do CEO. Ainda em 2021, Sweeney declarou não se envolver com NFTs por conta do excesso de golpes que envolviam a tecnologia.

Xbox prega cautela e não deve adotar jogos com NFT tão cedo

Chefe da divisão Xbox, Phil Spencer pregou cautela em trabalhar com NFT na plataforma verde. Em entrevista a Axios, o executivo classificou o momento dos jogos blockchain como “experimental”. “Existe muita especulação acontecendo. Alguns dos jogos parecem mais explorar do que entreter. Não queremos esse tipo de conteúdo”, relatou Spencer.

Capcom trouxe NFTs para Street Fighter

A divisão norte-americana da Capcom criou cartas colecionáveis com personagens de Street Fighter. As cartas são autenticadas com NFT, utilizando a tecnologia da WAX Blockchain para permitir que jogadores colecionadores negociem o próprio inventário.

Os jogadores compram pacotes com cartas aleatórias. As cartas de personagens do jogo de luta podem ser combinadas com cartas de construção, criando novas “formas”, com seis níveis de raridade.

SEGA e os planos para incluir jogos com NFT

A SEGA é mais uma das desenvolvedoras que colocou os NFTs no mapa. Os relatórios financeiros da empresa deste ano trouxeram notas sobre os planos da companhia de expandir a receita futura com projetos que envolvem NFTs.

Aos investidores, a SEGA tratou o negócio com as criptomoedas como um recurso em desenvolvimento e “parte do futuro” da empresa. A aposta é que a SEGA comece a mexer com o mercado a partir do mascote Sonic. Resta saber como.

Fonte: Polygon, GameDeveloper, Rock Papper Shotgun, Venture Beat, Capcom, Kotaku