Funcionários da Ubisoft questionam NFT em jogos
Por Felipe Goldenboy • Editado por Bruna Penilhas |
Alguns funcionários da Ubisoft não gostaram da nova plataforma de NFTs da empresa, o Ubisoft Quartz. Em um grupo interno de colaboradores, eles questionaram a empreitada do estúdio, chamando-a de “confusa” e “perturbadora”.
As críticas vêm apenas uma semana após a revelação da plataforma, que implementou itens chamados Digits no jogo Ghost Recon: Breakpoint. Um dos itens é um capacete, que exige mais de 600 horas de jogo, mas que você não vê porque o gameplay é em primeira pessoa. Após resgatados, os itens podem ser revendidos para outras pessoas — e a Ubisoft pode "cobrar uma taxa com base no valor total da transação", conforme os termos de uso.
O vídeo de anúncio do Ubisoft Quartz recebeu uma avalanche de dislikes no YouTube, com mais de 40 mil joinhas negativos — como a plataforma não mostra mais os dislikes, é possível vê-los apenas com extensões no navegador. O vídeo não está mais público no canal, apenas como não listado (ou seja, apenas quem tem o link pode assistir).
Outras mensagens no grupo questionaram o impacto ambiental dos NFTs, pois a tecnologia demanda muita energia elétrica para criar tokens; já outras questionam se isso influenciará negativamente a reputação da empresa, já abalada por relatos e denúncias de assédio sexual, cultura tóxica de trabalho e sexismo nos jogos desde 2020.
Um funcionário disse: “ainda não entendi muito bem o ‘problema’ que estamos resolvendo aqui”, e perguntou se “vale realmente a pena a publicidade (extremamente) negativa que isso vai causar?”. Outro disse: “como vocês podem olhar para a propriedade privada, especulação, escassez artificial e egoísmo e dizer ‘sim, isso é bom, eu quero isso, vamos colocá-lo na arte?’”.
Em comunicado à imprensa, a Ubisoft disse que seus NFTs “sempre serão itens cosméticos que não têm impacto na jogabilidade”.
Fonte: GamesIndustry, Kotaku, Ubisoft