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O céu (não) é o limite | O que está rolando na ciência e astronomia (14/04/2020)

Por| 14 de Abril de 2020 às 12h33

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James Vaughan
James Vaughan

Opa, aqui estamos em mais uma terça-feira com esta coluna que resume as principais notícias científicas dos últimos dias. Como já virou costume desde o início da pandemia de COVID-19, vamos começar com as notícias mais bacanas do "mundão" da astronomia e, depois, resumir tudo o que rolou de importante sobre o novo coronavírus na última semana.

Trump quer privatizar o espaço? Rússia entende que sim

Extra! Extra! Tem polêmica rolando no meio! É que Donald Trump, o presidente dos EUA, assinou uma ordem executiva para que seu país (e as empresas privadas estadunidenses) possam minerar recursos naturais da Lua e de asteroides. Oficialmente, a ideia é que tais empresas tenham essa autorização para que o Programa Artemis, da NASA, seja executado conforme o planejado — afinal, a agência espacial está contando com a iniciativa privada para que a ajude a produzir coisas como combustível e até mesmo tijolos na superfície da Lua.

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Só que isso pode abrir uma brecha e tanto para que empresas dos EUA passem a coletar recursos espaciais à sua vontade, visando apenas o lucro e possivelmente deixando a ciência de lado. Por isso, a polêmica. E essa polêmica foi alimentada por ninguém menos do que a Rússia: tanto a agência espacial russa quanto um porta-voz do Kremlin acusaram Trump de querer "privatizar o espaço", dizendo, ainda, que "os EUA não veem [o espaço] como um bem comum global", e que "qualquer tentativa de se privatizar o espaço seria inaceitável".

Foi bom enquanto durou, nave Dragon!

A SpaceX encerrou, com sucesso, a 20ª e última missão de sua nave Dragon, aquela não tripulável que servia para levar cargas à Estação Espacial Internacional desde 2012. Parafraseando a musiquinha de O Rei Leão, "chegou nova era; a velha já era": é que, com a antiga Dragon sendo aposentada, começa o reinado de uma nova Dragon, que será uma versão de carga da atual Crew Dragon — aquela que levará astronautas norte-americanos ao espaço provavelmente a partir de maio deste ano.

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A nova Dragon será capaz de se acoplar à ISS automaticamente, ao contrário da nave aposentada, que precisava de um braço robótico controlado por um astronauta da ISS para prendê-la à estação.

Minilua de Schrödinger?

A gente tinha noticiado que a nova e temporária minilua da Terra, descoberta em março, já havia ido embora. Mas pode ser que ela ainda esteja por aqui. Cálculos refeitos, baseados em diferentes técnicas de simulação de órbita, indicam que talvez ela ainda nos faça companhia até o início do mês de maio.

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O objeto chamado 2020 CD3 tem apenas alguns metros de diâmetro, e ninguém sabe ao certo de onde ele veio, sendo muito difícil determinar sua órbita exata, uma vez que pouco de seu movimento foi registrado até agora.

Para complicar ainda mais a história, um estudo diferente traz outra possibilidade: o 2020 CD3 pode ter se tornado um satélite natural da Lua, e não da Terra. Isso o tornaria uma "lua-lua", uma classe hipotética de objetos proposta em 2018.

Apollo 13, 50 anos

No dia 11 de abril, celebramos o cinquentenário da Apollo 13, aquela missão que rendeu filme em Hollywood e que ficou conhecida como "a falha bem sucedida da NASA". A missão quase terminou em tragédia e, embora não tenha conseguido levar seu trio de astronautas à Lua, foi um verdadeiro sucesso no plano emergencial de resolver os problemas enfrentados, salvando a vida da tripulação.

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Essa missão também ficou famosa pela frase "Houston, we have a problem" ("Houston, nós temos um problema"), e você pode assistir a um vídeo em 4K que mostra a Lua exatamente como os astronautas da Apollo 13 a viram:

E se continuar empolgado com a nostalgia, confira este documentário de quase meia hora de duração que a NASA preparou sobre a Apollo 13:

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Você também pode assistir a um documentário mais antigo sobre esta memorável missão, disponibilizado de graça no Internet Archive.

Viu os satélites Starlink passando por aí?

No último final de semana, muitos brasileiros registraram a passagem de satélites Starlink pelo nosso céu, o que rendeu fotos incríveis nas redes sociais. As imagens, tiradas em longa exposição, mostram as trilhas deixadas por esses satélites — que causam polêmica no meio científico por atrapalharem as observações astronômicas.

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Os maiores observatórios espaciais do mundo estão fechados

Por conta das medidas de isolamento social e quarentena, impostas para frear a disseminação do novo coronavírus, a maioria dos grandes observatórios espaciais do mundo está de portas fechadas — e devem permanecer assim por até seis meses. Mais de 100 observatórios estão nessa situação.

O Telescópio do Polo Sul é um dos últimos dos grandes instrumentos deste tipo ainda ativos na monitoração do céu noturno. É que a Antártida, onde fica este observatório, ainda não corre riscos de contaminação. O último voo da região decolou em 15 de fevereiro; portanto, não há necessidade de isolamento ou quarentena.

A partir de agora, você confere a síntese das principais notícias relacionadas à pandemia de COVID-19, que rolaram na última semana:

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Coronavírus virou música; ouça!

Pesquisadores do MIT transformaram o novo coronavírus SARS-CoV-2 em música. A ideia era criar uma nova forma de buscar mais detalhes sobre sua estrutura e, com um sistema de inteligência artificial, o vírus teve a sua estrutura convertida em uma representação de áudio graças às suas proteínas espinhosas, que espalham a infecção saindo do vírus e se incorporando às células humanas. Esses "espinhos" são aqueles que fazem o coronavírus parecer com uma coroa, e são compostos por aminoácidos, basicamente blocos de proteção de proteína.

O MIT, então, transformou essas estruturas do novo coronavírus em sons, fornecendo a cada aminoácido uma nota única dentro de uma escala musical. Chegando a vez do algoritmo, os sons foram convertidos em um pedaço de música que reflete a forma na qual as proteínas são dispostas.

Confira o resultado:

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O que temos de novidade quanto a possíveis curas ou tratamentos para a COVID-19?

O Brasil está investigando a ação de retrovirais para combater a doença. Sim, aqueles medicamentos usados em pacientes com HIV. E o estudo da Fiocruz constatou que o antirretroviral atazanavir foi capaz de inibir a replicação do vírus. Ainda, o remédio reduziu a produção de proteínas que estão ligadas ao processo inflamatório nos pulmões e, consequentemente, ao agravamento do quadro clínico da doença. Vale lembrar que os vírus são protegidos por uma camada de proteínas, o capsídio, e essas estruturas são fundamentais para sua sobrevivência ou não no hospedeiro.

Já no Hospital Sírio Libanês, pesquisadores da USP testam um tratamento que usa anticoagulante para deter o avanço da COVID-19 em internados. Necropsias feitas em vítimas da doença revelaram a presença de pequenos coágulos nos vasos sanguíneos de diversas partes de seus corpos. Essa reação estaria associada a uma resposta inflamatória exagerada do organismo quando o patógeno ataca as células.

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E por falar na USP, a universidade está testando milhares de medicamentos contra o novo coronavírus. Em parceria com a farmacêutica Eurofarma, a USP usa a técnica de triagem fenotípica para avaliar a eficácia dos diferentes medicamentos no combate ao novo coronavírus. Para isso, cada medicamento testado tem seus efeitos avaliados na atividade antiviral de compostos em células infectadas com o SARS-CoV-2, em testes in vitro.

As células infectadas são colocadas em placas de ensaio e cada uma delas recebe diferentes drogas para os testes. Depois de agirem, as análises são feitas de modo automatizado, a partir de uma tecnologia que permite analisar dezenas de milhares de fármacos, simultaneamente, toda semana. Com o método, o coordenador do laboratório estima que, em cinco semanas, o grupo já terá resultados dos testes de mais de 2.500 compostos para COVID-19 e, depois, será possível testar até 4 mil compostos por semana.

Já "na gringa", uma empresa financiada por Bill Gates recebeu a liberação para começar a testar uma possível vacina para a COVID-19. Batizada de INO-4800, a vacina é a segunda a ganhar testes em humanos nos Estados Unidos. Participarão do experimento cerca de 40 adultos saudáveis. Cada um deles vai receber duas doses da vacina em um intervalo de quatro semanas. Caso os resultados sejam positivos, a empresa ainda vai começar outro estudo, com foco na eficácia da vacina contra o vírus, com isso acontecendo no fim do próximo trimestre.

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E um vírus editado pode ser usado em potenciais vacinas contra o novo coronavírus. Pesquisadores dos EUA estão desenvolvendo um medicamento a partir de uma vacina que, em camundongos, se mostrou eficaz para protegê-los contra uma dose letal do MERS-CoV — aquele coronavírus que causa a síndrome respiratória do Oriente Médio (MERS).

A vacina para a MERS contém uma versão inócua e editada geneticamente de outro vírus, o parainfluenza (PIV5), e esse vírus pode infectar muitos mamíferos, mas não causa doenças em humanos. Para produzir essa vacina contra a MERS, um novo gene é adicionado à estrutura de um vírus de RNA, o PIV5. A partir da adição, os pesquisadores incluem no vírus uma proteína espinhosa que se aglomera sobre a camada externa do vírus, formando uma coroa, similar à dos dois coronavírus. Ou seja: quando a vacina é injetada no organismo dos animais, respostas imunes contra essa proteína iniciam a produção de anticorpos contra o patógeno.

Essa vacina contra a MERS, ainda em fase de desenvolvimento para humanos, é considerada eficaz (pelo menos durante os testes em animais), o que faz dela um bom caminho para uma versão contra a COVID-19 para ser aplicada em seres humanos.

Atenção: dois novos sintomas podem estar associados à COVID-19!

Os sintomas característicos da doença casuada pelo novo coronavírus são febre, tosse, dificuldade para respirar, anosmia… e, talvez, conjuntivite e inflamação renal. A Academia Americana de Oftalmologia alertou o mundo que a conjuntivite pode ter passado despercebida como sintoma da doença, enquanto outros estudos apontam que a infecção não se limita aos pulmões, pois foram encontradas partículas do vírus em células dos rins — que podem estar associadas a quadros de inflamação renal.

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