Coronavírus | Dois novos sintomas podem estar associados à COVID-19
Por Nathan Vieira |
Dois novos sintomas de COVID-19 estão sob investigação, o que tem preocupado a população mundial por conta da pandemia: conjuntivite e inflamação renal. Acontece que a Academia Americana de Oftalmologia alertou que a conjuntivite pode ter passado despercebida como sintoma em casos de contágio da doença, enquanto estudos apontam que a infecção não se limita aos pulmões e encontraram partículas do vírus da COVID-19 em células dos rins, que podem estar associadas a quadros de inflamação renal.
A Academia Americana de Oftalmologia recomenda que os médicos da área usem proteção nos olhos, nariz e boca ao atender pacientes que tenham suspeita de contágio. Basicamente, a conjuntivite causada pelo novo coronavírus seria como qualquer outra, o que poderia vir a passar despercebida com um dos sintomas da doença.
Pesquisadores analisaram 30 pessoas com COVID-19 durante um estudo publicado no Journal of Virology, concluindo que apenas uma delas apresentou quadro de conjuntivite. No entanto, as outras 29 apresentaram secreções oculares. Outra pesquisa, com mais de mil pessoas, também mostrou casos de conjuntivite em pessoas com COVID-19. É um sintoma raro, frente a mais comuns como febre, tosse seca e falta de ar.
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Inflamação renal
Segundo o professor Niels Olsen Saraiva Câmara, do Departamento de Imunologia do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP, a COVID-19 causa Síndrome Respiratória Aguda Grave, condição que compromete o pulmão. O professor pesquisa o papel da resposta imune na lesão renal aguda e afirma que a perda de função renal no curso de outras afecções, como a Sars, aumenta o risco de morte. “Essas duas funções são afetadas pela perda de capacidade dos rins, que também pode ocasionar outras complicações caso o paciente precise de terapia de reposição renal, como a necessidade de acesso vascular (risco de infecção e trombose), uso de anticoagulantes (risco de hemorragia), entre outras".
Alguns trabalhos no exterior já detectaram, em análises pós-morte de pacientes com COVID-19, partículas virais nas células renais. O professor observa que pacientes com doença renal crônica são considerados grupo de risco. “O que ainda estamos aprendendo é a evolução clínica da COVID-19 em pacientes transplantados renais. Apesar de esta população ser considerada de alto risco para infecções oportunistas, existem relatos de poucos casos com ótima evolução. Mas ainda é preciso mais tempo para entender a evolução clínica neste grupo de pacientes", aponta.
Fonte: Exame, Jornal da USP