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Snapdragon 8 Gen 2 for Galaxy: testamos o chip exclusivo do Galaxy S23

Por  • Editado por Wallace Moté | 

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Divulgação/Samsung
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No início de fevereiro, a Samsung anunciou a família Galaxy S23, seus principais smartphones premium para 2023. Além de pequenos refinamentos no visual, mais melhorias nos modelos base e Plus e uma chamativa câmera de 200 MP na variante Ultra, o aspecto que mais se destaca na linha é a adoção do "Snapdragon 8 Gen 2 for Galaxy", edição do chipset mais avançado da Qualcomm com otimizações exclusivas para os novos Galaxy S.

Com o Galaxy S23 Ultra em mãos, o Canaltech teve a oportunidade de avaliar o desempenho e o funcionamento do chip exclusivo, confrontando-o com números obtidos pelo Snapdragon 8 Gen 1 em um Galaxy Tab S8 — mesmo que não sejam diretamente comparáveis, por se tratar de um celular contra um tablet, os números impressionam. Também entram no comparativo os dados que coletamos do modelo de referência do Snapdragon 8 Gen 2 no Snapdragon Summit, além dos rankings de outros aparelhos premium, como o iPhone 14 Pro Max.

O Snapdragon 8 Gen 2, para o Galaxy

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Um dos pontos altos da apresentação da família Galaxy S23 foi o anúncio do Snapdragon 8 Gen 2 for Galaxy, solução exclusiva que havia sido especulada por meses em múltiplos vazamentos. O uso da plataforma marca a primeira vez em anos que a Samsung adota apenas o processador Snapdragon globalmente — a companhia costuma atender alguns países com seu próprio Exynos, mas os diversos problemas que a solução proprietária apresentou, especialmente em aquecimento, resultaram no acordo com a Qualcomm.

Basicamente, não temos diferenças na ficha técnica para o Snapdragon 8 Gen 2 tradicional, usado por outras marcas: a CPU octa-core é configurada em um conjunto de 1 + 4 + 3 (ou 1 + 2 + 2 + 3, como alguns consideram) composta de 1 núcleo Cortex-X3 de máxima performance, 2 Cortex-A715 e 2 Cortex-A710 de alto desempenho, e 3 Cortex-A510 de alta eficiência. A GPU é a Adreno 740, com novidades de peso como a aceleração de hardware para Ray Tracing.

O segredo da variante for Galaxy está nas frequências, que chegam a 3,36 GHz no Cortex-X3, contra 3,2 GHz no chip padrão, e na velocidade da GPU, que sobe de 680 MHz para 719 MHz, aumentos de 5% em ambos os casos. Fora isso, o modelo exclusivo da Samsung é o primeiro do mercado a adotar a capacidade máxima da tecnologia de Cognitive ISP (ou Processador de Sinal de Imagem Cognitivo, em tradução livre), que emprega segmentação semântica em fotos e vídeos.

De maneira resumida, essa segmentação utiliza Inteligência Artificial para dividir as imagens em diferentes áreas (pessoas, objetos, plantas e comida, por exemplo) e aplica em tempo real processamento dedicado para cada uma. Esse novo ISP também habilita nos celulares da gigante sul-coreana a capacidade de gravar em 4K a 60 FPS com "Super HDR" nas câmeras traseiras e frontal, além de turbinar o modo Super Steady de estabilização aprimorada para resolução Quad HD.

Outro ponto importante é que, apesar da exclusividade, a fabricação é feita com a litografia de 4 nm da TSMC, e não da própria Samsung — tida como a responsável pelos problemas de superaquecimento e baixa eficiência energética do Exynos 2200 e até do próprio Snapdragon 8 Gen 1 presente na linha Galaxy S22 no Brasil. A promessa da Qualcomm é que este é "o Snapdragon mais rápido do mundo", algo realmente comprovado pelos testes que realizamos, com algumas ressalvas.

Galaxy S23 Ultra é campeão de CPU, com poréns

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Para nossa avaliação baixamos os principais benchmarks utilizados no mercado para testar as capacidades da CPU, da GPU e de processamento de IA do Snapdragon 8 Gen 2 for Galaxy. Aproveitamos a oportunidade e, com um Galaxy Tab S8 em mãos, avaliamos em condições similares como o Snapdragon 8 Gen 1 se comporta nesses benchmarks. O salto massivo já é visível no primeiro deles, o AnTuTu v9.5.2.

O Galaxy S23 Ultra atinge 1.197.900 pontos, número curiosamente mais baixo que o do modelo de referência da Qualcomm, que chega aos 1.281.756 pontos, mas dentro do esperado considerando os fatores externos, incluindo temperatura ambiente. A pontuação também impressiona comparada ao Tab S8, que chega a apenas 810.378 pontos, diferença de mais de 387 mil pontos, ou algo em torno de 48% em favor do processador mais novo.

Destaque especial vai para os números específicos da GPU e da memória — o novo topo de linha da Samsung combina as inéditas RAM LPDDR5X e armazenamento UFS 4.0, que prometem saltos de até 2 vezes sobre as gerações anteriores (LPDDR5 e UFS 3.2) e, como mostram os testes, entregam esses avanços. Por fim, a comparação é menos favorável ao iPhone 14 Pro Max, que chega a modestos 949.130 pontos, mas sabe-se que o celular da Apple não se dá bem com o AnTuTu, frequentemente ficando atrás dos rivais Android.

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Situação parecida ocorre no Geekbench 5, em que o Snapdragon 8 Gen 2 for Galaxy marca 1.508 pontos em single-core e 4.634 pontos em multi-core. Por sua vez, o 8 Gen 1 do Galaxy Tab S8 entrega 1.209 pontos com um núcleo e 3.007 pontos trabalhando com todos os núcleos, o que simboliza vantagens marcantes de 25% e 55% para o Galaxy S23 Ultra. Já frente ao modelo de referência da Qualcomm, a situação é mista.

O chip padrão entregou 1.485 pontos em single-core e 5.245 pontos em multi-core, perdendo para o aparelho da sul-coreana por meros 1% com núcleo único, mas superando-o por significativos 13% com todos os núcleos. Dito isso, o A16 Bionic do iPhone 14 Pro Max continua liderando com boa folga, ainda que a margem seja hoje uma das menores já vistas: marcando 1.872 pontos em single-core e 5.367 pontos em multi-core, o telefone da Maçã é 25% e 16% mais veloz.

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Fechando os testes de CPU, utilizamos o CPU Throttling Test, benchmark que estressa o processador em 100% para analisar sua estabilidade em uso prolongado. Após pouco mais de 10 minutos, o aparelho novato da gigante sul-coreana entregou desempenho máximo de 355,7 GIPS (Giga Instruções por Segundo), médio de 281,04 GIPS e mínimo de 178,6 GIPS. Em frequências no final do teste, o Cortex-X3 caiu para 1,54 GHz, os Cortex-A715 e A710 para 840 MHz e os Cortex-A510 para 1,01 GHz.

Nessas mesmas condições, o Snapdragon 8 Gen 1 do Galaxy Tab S8 apresentou desempenho máximo de 257,4 GIPS, médio de 203,3 GIPS e mínimo de 161,13 GIPS, com frequências de 800 MHz no Cortex-X2, 760 MHz nos Cortex-A710 e 1,17 GHz nos Cortex-A510 no fim do teste — mesmo com o gargalo drástico, o resultado médio do Snapdragon 8 Gen 2 for Galaxy foi 10% melhor que o pico de desempenho do antecessor.

Adreno 740 tem salto gigantesco, mas aquece

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A estrela do novo processador é sem dúvidas a GPU Adreno 740, que consistentemente superou não apenas a Adreno 730 do Snapdragon 8 Gen 1, como até mesmo a solução gráfica do A16 Bionic presente no iPhone 14 Pro Max. Para essa categoria, começamos os testes com o 3DMark Wild Life Extreme Stress Test, benchmark que estressa os aparelhos ao máximo ao rodar por 20 minutos (20 loops do teste, com 1 minuto cada) em resolução 4K.

Mesmo diante dessas configurações, o Galaxy S23 Ultra marcou impressionantes 3.769 pontos no melhor loop, sendo o smartphone mais potente a estar no banco de dados do 3DMark. Em contrapartida, a estabilidade é baixa em virtude do aquecimento, de 46,1%, com o pior loop caindo para apenas 1.736 pontos. Para confirmar os números, refizemos a avaliação no dia seguinte e os resultados foram levemente melhores: melhor loop de 3.786 pontos e pior loop de 2.095 pontos, com 55,3% de estabilidade.

Ainda que sofra com a instabilidade, o topo de linha da Samsung atropela o Snapdragon 8 Gen 1 do Galaxy Tab S8: o tablet entregou melhor loop de 2.183 pontos, e pior loop de 1.195 pontos, com estabilidade de 54,7% — o melhor loop do chip mais antigo quase não consegue superar o pior loop do Snapdragon 8 Gen 2. A comparação também é relativamente positiva frente ao iPhone 14 Pro Max, que marca 3.329 pontos, mas apresenta maior estabilidade, de 72%.

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O cenário é mais expressivo para a Adreno 740 na bateria de benchmarks do GFXBench, em que a novidade entregou com frequência pontuações quase 2 vezes maiores. Todos os números a seguir foram obtidos com a versão "Offscreen", que realiza o teste com a tela desligada para evitar que a resolução do display afete os resultados:

  • 1440P Aztec Ruins OpenGL: 61 FPS (8 Gen 2) vs 34 FPS (8 Gen 1) — ganho de 80%
  • 1080P Aztec Ruins OpenGL: 144 FPS (8 Gen 2) vs 84 FPS (8 Gen 1) — ganho de 71%
  • 1440P Aztec Ruins Vulkan: 62 FPS (8 Gen 2) vs 33 FPS (8 Gen 1) — ganho de 88%
  • 1080P Aztec Ruins Vulkan: 150 FPS (8 Gen 2) vs 79 FPS (8 Gen 1) — ganho de 90%
  • 1080P Car Chase: 99 FPS (8 Gen 2) vs 61 FPS (8 Gen 1) — ganho de 63%
  • 1440P Manhattan 3.1.1: 103 FPS (8 Gen 2) vs 59 FPS (8 Gen 1) — ganho de 75%
  • 1080P Manhattan 3.1: 168 FPS (8 Gen 2) vs 99 FPS (8 Gen 1) — ganho de 70%
  • 1080P T-Rex (ES 2.0): 355 FPS (8 Gen 2) vs 258 FPS (8 Gen 1) — ganho de 38%

Vale destacar que, mesmo com o overclock de fábrica do Snapdragon 8 Gen 2 for Galaxy, os resultados do S23 Ultra empatam ou até perdem para o Snapdragon 8 Gen 2 do modelo de referência da Qualcomm, o que pode ser explicado por otimizações específicas na parte de resfriamento.

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"Modo Light" melhora estabilidade

Para a família Galaxy S23, a Samsung trouxe uma novidade engenhosa — o "Modo Light", perfil de performance que limita as velocidades da CPU buscando entregar maior eficiência energética, maior tempo de bateria e menor aquecimento. O recurso, destacado pelo YouTuber Golden Reviewer, acaba tendo impactos positivos notáveis, fornecendo alta performance com um consumo visivelmente menor.

Em nossos testes com o modo, o Galaxy S23 Ultra conseguiu marcar 1.261 pontos em single-core e 4.637 pontos em multi-core no Geekbench 5, perdendo 20% de desempenho com um núcleo, mas praticamente entregando a mesma performance ao trabalhar com todos os núcleos em relação ao "Modo Padrão". A melhor estabilidade também foi observada no CPU Throttling Test, em que a plataforma apresentou desempenho máximo de 332,2 GIPS, médio de 262,4 GIPS e mínimo de 194,7 GIPS, ainda ficando bem à frente do Snapdragon 8 Gen 1.

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Aqui cabe uma curiosidade: por levar a CPU a 100%, o CPU Throttling Test revelou as frequências exatas de todos os núcleos quando o Modo Light é aplicado. Segundo o benchmark, o Cortex-X3 de máxima performance passa a trabalhar a 2,84 GHz, enquanto os Cortex-A715 e A710 de alto desempenho caem para 2,6 GHz. Por sua vez, os Cortex-A510 de alta eficiência ficam limitados a 1,9 GHz. Trata-se de reduções de 520 MHz, 200 MHz e 100 MHz para cada.

Por último, os resultados são menos favoráveis para a função no 3DMark Wild Life Extreme Stress Test, em que o Snapdragon 8 Gen 2 for Galaxy atingiu 3.224 pontos no melhor loop e 1.919 pontos no pior loop, com estabilidade de 59,5%. Os ganhos quase imperceptíveis já eram apontados pela Samsung, que reforça no menu de configurações que o Modo Light não afeta o desempenho da GPU.

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No geral, pelos benchmarks, o modelo customizado de Snapdragon da Samsung mostra ganhos extremos em comparação ao Snapdragon 8 Gen 1, e realmente se posiciona entre os melhores smartphones do mercado. Porém, é visível que este não é o "Snapdragon mais rápido do mundo" — há aparelhos com soluções de refrigeração melhores, como o Vivo X90 Pro Plus, que apresentam números similares ou melhores com maior estabilidade.

Como aponta o leaker Ice Universe, a razão disso é exatamente o resfriamento: apesar de trazer uma câmera de vapor (placa de cobre com líquido no interior que agiliza a dissipação de calor) muito maior que o Galaxy S22 Ultra, o Galaxy S23 Ultra ainda adota uma placa muito pequena quando comparada à de rivais chineses como o próprio Vivo X90 Pro Plus, cuja câmara ocupa quase o corpo inteiro do telefone. Em resumo, temos uma evolução drástica, mas a Samsung tem margem para melhorar a situação em futuros aparelhos.

Desempenho de IA é verdadeira revolução

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Concluímos os testes técnicos analisando o desempenho do Galaxy S23 Ultra em Inteligência Artificial, um dos recursos que a Qualcomm mais tem destacado nas últimas gerações da plataforma. Rodando o AITuTu, solução do AnTuTu especializada em IA, foi possível constatar que as duas companhias têm motivos para promover esse aspecto: o Snapdragon 8 Gen 2 for Galaxy é quase 4 vezes superior ao Snapdragon 8 Gen 1 presente no Galaxy Tab S8.

Enquanto o celular atinge 3.929.652 pontos, o tablet oferece meros 1.016.754 pontos, um salto muito extremo em apenas uma geração. Esses ganhos absurdos, decorrentes de novos formatos de dados e do uso de novos modelos neurais, justificam as melhorias de câmera do Cognitive ISP, do pós-processamento no modo noturno e do zoom digital, e abrem margem para implementação de novas funcionalidades mais exigentes que tirem proveito de IA, especialmente em uma era em que soluções como o ChatGPT têm chamado atenção do público.

Galaxy S23 Ultra é veloz no cotidiano

Todos os avanços proporcionados pela potência do Snapdragon 8 Gen 2 for Galaxy observados nos benchmarks são grandes o suficiente para serem perceptíveis no uso cotidiano em diversos aspectos, a começar pela bateria. Não realizamos testes aprofundados, mas observamos a autonomia de um dia que envolve games, reprodução de mídia e navegação em sites e pelas redes sociais.

Como já foi relatado por diversos veículos, a adoção do Snapdragon exclusivo foi a decisão mais acertada da Samsung para a linha S em anos. Mesmo em uso intenso, e mantendo a capacidade de 5.000 mAh do antecessor, o Galaxy S23 Ultra que testamos conseguia entregar com tranquilidade de 6 a 8 horas de tela ligada, com mais de 15 horas de uso fora da tomada frequentemente.

Em performance, graças a um casamento bem feito com a nova One UI 5.1 baseada no Android 13, e à dupla de memórias LPDDR5X e UFS 4.0, o processador especial garantiu que não houvesse engasgos em momento algum — trata-se de um dos celulares Samsung mais fluidos já lançados. Games, apps e arquivos carregam rapidamente, assim como atualizações costumam ocorrer em questão de segundos. Até ações simples, como abrir o Google Discover na lateral da tela inicial, que costumavam ter engasgos, já não são mais problema.

O poder da Adreno 740 se reflete ainda nos jogos: games pesados para celulares, como SpongeBob SquarePants: Battle for Bikini Bottom, Alien Isolation e Wreckfest — utilizado nos materiais oficiais da Samsung para destacar a potência do Snapdragon 8 Gen 2 for Galaxy — rodam sem dificuldade com as configurações no Ultra. Em particular, o game de corrida de demolição possui uma configuração de “Max FPS” que desbloqueia a taxa de quadros para além dos 60 FPS, com o telefone atingindo algo em torno dos 90 FPS.

Em conclusão, a família Galaxy S23 mostra ser um passo na direção certa, e uma evolução gritante em apenas uma geração, após um ano de vida conturbado para o Galaxy S22. Resta saber se a gigante sul-coreana vai conseguir manter esse posicionamento positivo nos próximos anos.