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Por que as montadoras de carros voltaram investir tanto no Brasil?

Por| Editado por Jones Oliveira | 12 de Fevereiro de 2024 às 18h00

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Divulgação/General Motors
Divulgação/General Motors

Os tempos sombrios para as montadoras de carros no Brasil, que em um passado não muito distante anunciaram o fechamento de diversas fábricas, parece ter ficado para trás. Pelo menos é isso o que os investimentos recentes de Volkswagen, Chevrolet, Nissan e Renault no país demonstram.

Na contramão do cenário que levou marcas como Ford, Toyota e Mercedes-Benz a abrirem mão das plantas que tinham em Camaçari, São Bernardo do Campo (Ford e Toyota), Taubaté e Iracemápolis, as quatro montadoras anunciaram, desde novembro de 2023, investimentos vultosos no Brasil.

A cifra mais impressionante é a da Volkswagen, que adicionou R$ 9 bilhões aos R$ 7 bi prometidos anteriormente. A Chevrolet também divulgou um plano de investimentos de R$ 7 bilhões, enquanto a Nissan tem R$ 2,8 bi destinados para a planta em Resende, no Rio de Janeiro, e a Renault reservou R$ 2 bilhões para impulsionar a marca no país.

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O montante, que já é significativo (R$ 27,8 bilhões), ficará ainda maior quando a Stellantis, dona de marcas como Fiat, Peugeot, Citroën, Jeep e Abarth anunciar seu novo plano, algo que deve acontecer nos próximos dias. Basta lembrar que o último aporte do Grupo foi de R$ 16 bilhões, mesmo valor anunciado recentemente pela Volkswagen.

Para entender melhor essa mudança de cenário, o Canaltech separou alguns pontos que explicam a nova onda de investimentos das montadoras de carros no Brasil.

3 motivos que justificam os investimentos

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A nova onda de investimentos das montadoras de carros no Brasil pode ser explicada, fundamentalmente, por três motivos, que vão desde o ambiente econômico até as ações promovidas pelo governo.

3. Volta dos impostos sobre eletrificados

Em vigor desde o dia 1º de janeiro de 2024, o imposto sobre a importação de carros eletrificados agiu de duas formas distintas no mercado automotivo brasileiro.

Se por um lado ele frustrou os planos de quem sonhava com a compra de um modelo não-poluente, que já está 10% mais caro, e ficará com o preço ainda mais alto a partir de julho, de outro ele serviu como motivador para as marcas que já fabricavam carros no Brasil.

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Ciro Possobom, CEO da Volkswagen, admitiu que a taxação influenciou totalmente na decisão de investir pesado na fabricação de novos carros no país. A marca, que por enquanto oferece o ID.4 e a ID.Buzz por assinatura, confirmou a fabricação de carros eletrificados no país a partir de 2027.

2. Programa Mover

O Programa Nacional de Mobilidade Verde e Inovação (Mover), assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no dia 30 de dezembro, tem como metas principais “promover a expansão de investimentos em eficiência energética, incluir limites mínimos de reciclagem na fabricação dos veículos e cobrar menos imposto de quem polui menos, criando o IPI Verde”.

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A medida foi idealizada pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e prevê incentivos fiscais na casa de R$ 19 bilhões entre 2024 e 2028 para empresas que invistam em descarbonização e se enquadrem nos requisitos básicos do programa.

Os executivos das principais montadoras de carros viram a chegada do Mover com bons olhos para encorpar o cenário macro do segmento automotivo do país que, para eles, agora apresenta segurança jurídica, bom comportamento da taxa de juros e da bolsa de valores.

1. “Invasão” chinesa

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O terceiro e último motivo que levou as principais montadoras de carros a voltar a investir no Brasil foi a chamada "invasão chinesa" que tomou conta do mercado automotivo desde o fim de 2022.

A chegada de novas marcas, especialmente da BYD e da GWM, que depois foram seguidas pela Seres e pela Omoda e pela Jaecoo, ambas do grupo Chery, fez com que o nível de competitividade crescesse de maneira assustadora.

Responsáveis pelo lançamento de produtos de qualidade, mas muito mais baratos que os fabricados por aqui, as montadoras chinesas pressionaram as marcas tradicionais, principalmente depois de BYD e GWM confirmarem que também produzirão seus carros por aqui.

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A resposta das empresas que já tinham se instalado no país, como Renault, Nissan, Chevrolet e Volkswagen foi dada nos últimos meses, com a retomada dos investimentos no Brasil.