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A história dos carros elétricos: o "futuro" começou há muito tempo

Por| Editado por Jones Oliveira | 13 de Fevereiro de 2022 às 08h00

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Samuele Errico Piccarini/Unsplash
Samuele Errico Piccarini/Unsplash

Os carros elétricos hoje estão na moda, mas o começo da história é bem mais antigo do que muitos podem imaginar. Na verdade, ele teve início quase que em paralelo à invenção do automóvel propriamente dita. Não acredita? Então se acomode na cadeira e prepare o cafezinho, pois a história que iremos contar é bem interessante.

Para começo de conversa, vamos citar uma curiosidade. Assim como o posto de “inventor” do primeiro carro do mundo, história que já contamos por aqui, a posição de quem realmente é o responsável pelo aparecimento dos carros elétricos é bastante disputada, e tem vários postulantes a “pai da criança”.

Muitas correntes defendem que o primeiro carro elétrico tenha sido criado por Ányos Jedlik, em 1828. O húngaro teria construído um motor elétrico e, para testá-lo, acoplou o equipamento a um carro em miniatura. Será que isso aí embaixo na foto conta mesmo como a “invenção” do carro elétrico?

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7 anos depois...

Muita gente, pelo jeito, defende que a resposta para a pergunta acima seja “não”. Na visão de alguns especialistas, o ano certo para cravar o aparecimento do primeiro carro elétrico é o de 1835. Mesmo assim, a decisão sobre quem foi o real inventor também divide opiniões.

Alguns apontam para o professor holandês Sibrandus Stratingh, que uniu os princípios do eletromagnetismo e dos eletroímãs de Michael Faraday para testes em outro pequeno modelo. Seu “rival” da época foi o americano Thomas Davenport, que também fez o primeiro motor elétrico de corrente direta. O detalhe é que o pequeno carro precisava estar sobre trilhos para se “carregar” e se mover.

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Muitos anos depois…

Passaram-se 55 anos, muitos tentaram, sem sucesso, escrever o nome nessa complicada trama. Gaston Planté, e, 1859, ficou conhecido por inventar a primeira bateria recarregável do mundo, enquanto seu compatriota Gustavo Trouvé, em 1881, e o britânico Thomas Parker, em 1884, são citados por terem criado veículos elétricos capazes de sair às ruas.

O case, ou os cases de maior sucesso, no entanto, ainda demoraram um pouco para aparecer. Em 1890, um químico americano, William Morrison, criou uma espécie de carro elétrico, com capacidade para seis pessoas, e desfilou pelos Estados Unidos, principalmente no estado do Iowa.

Nome e sobrenome

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A história do carro elétrico começa a ganhar mais vida, no entanto, em 1898, com nome e sobrenome: Ferdinand Porsche. O fundador da marca que hoje é sinônimo de esportividade, luxo e, também, modernidade, anunciou o P1, primeiro carro da montadora que era, adivinhem… elétrico!

O “precursor” do Porsche Taycan, carro elétrico mais vendido do Brasil no 1º semestre de 2021, é o favorito dos historiadores que dedicaram um bom tempo para tentar descobrir a verdadeira história dos carros elétricos. De quebra, o criador da Porsche também é considerado o inventor do primeiro carro híbrido do mundo, o Semper Vivus, anunciado em 1900.

Um fóssil no meio do caminho

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Sabe aquele dito popular que cita “no meio do caminho tinha uma pedra”? No caso da história dos carros elétricos, o que freou o avanço do segmento no início do século passado não foi uma pedra, mas um fóssil. Ou melhor: um combustível fóssil, o petróleo.

Se hoje o preço da gasolina e dos combustíveis tradicionais é considerado alto, e um incentivo para que cada vez mais pessoas procurem por carros elétricos, no passado o movimento foi justamente o oposto.

A história conta que, com o surgimento do primeiro carro considerado popular por volta de 1908, o Ford T, à época vendido por US$ 650, um dos modelos elétricos mais badalados sofreu um duro golpe. O “100-MIle-Fritchle”, carro elétrico inventado pelo engenheiro Oliver P. Fritchle, chegou a vender 200 unidades por ano, mas era bem mais caro que o a combustão: US$ 1.750.

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A diferença no preço dos carros, no entanto, não foi o fator determinante. O que pesou foi o fato de terem sido descobertos enormes campos de petróleo. Isso acabou barateando demais o custo da gasolina, aumentando o lobby a favor das petroleiras e, consequentemente, tornando os carros elétricos menos acessíveis e interessantes na visão da população.

O gap, o Brasil e a retomada

O “boom” da gasolina acabou interrompendo o que poderia ter sido o início de um segmento automotivo mais limpo muito antes de o mundo inteiro acender o sinal de alerta para o tema e obter a atenção das montadoras.

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O Brasil, que hoje está começando a se preocupar e se preparar para o futuro elétrico, acreditem, chegou a flertar com a eletrificação na década de 1970. Em 1974, o engenheiro João Conrado do Amaral Gurgel apresentou ao mercado o pequeno Gurgel Itaipu. O veículo era 100% elétrico e tinha autonomia para até 80 quilômetros, mas sequer teve sua produção em série iniciada.

O carro elétrico só voltou a ser cogitado por volta de 1996. Nessa época, Ford, Honda e General Motors venderam algumas centenas de unidades de modelos como Ranger elétrica, EV Plus e EV1 nos Estados Unidos. A retomada, no entanto, durou pouco, já que os carros elétricos ainda eram muito pesados e, por conta disso, considerados ineficientes e pouco práticos.

O retorno mais forte do segmento se deve ao lançamento do Toyota Prius, modelo híbrido mais leve, com uma bateria mais moderna, e que acabou se tornando símbolo de modernidade na virada do século 20 para o século 21. O Prius vendeu 18 mil unidades somente em seu primeiro ano de vida, e chamou a atenção de outros empresários.

Tesla impulsiona nova era

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Você já leu aqui mesmo no Canaltech que o futuro é elétrico, lembra? E boa parte deste futuro elétrico se deve a uma empresa em particular: a Tesla. A montadora do bilionário Elon Musk, justiça seja feita, reacendeu o interesse do mercado e “contaminou”, no bom sentido, as outras fabricantes a seguirem pelo mesmo caminho.

O início da trajetória da empresa foi cercado de desconfiança, afinal, não era a primeira vez que alguém apostava no sucesso da história dos carros elétricos. Fundada em 2004, a Tesla demorou 4 anos para mandar ao mercado o primeiro veículo com essa motorização, o Roadster. Hoje, já vendeu 2 milhões de carros com essa propulsão.

Desde então, não somente a montadora de Elon Musk passou a apostar alto em uma verdadeira “era da eletrificação”, como também marcas dos mais diversos países e tamanhos: Mitsubishi, General Motors, Nissan, Renault, JAC Motors, BYD, Volkswagen e até mesmo as montadoras consideradas de luxo, como Porsche e Lamborghini entraram no meio.

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O resultado? Um setor cada vez mais Environmentally Friendly ou, em bom português, Amigo do Meio-Ambiente, e uma gama maior de opções para o consumidor, até mesmo em países que ainda não são considerados referência neste mercado, como é o caso do Brasil.

Conclusão

Para fechar a história dos carros elétricos, um dado que confirma o sucesso da era recente: de acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Autoveículos (Anfavea), entre janeiro e outubro de 2021 foram vendidos 1.805 novos carros elétricos no país. O número é 125,3% maior do que o registrado nos 12 meses de 2020, período em que apenas 801 unidades registraram emplacamento.

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Esse é o último capítulo de uma história que começou em 1828, ou em 1835, ou em 1859, ou em 1890… Não importa. O que importa é que ela teve início, meio e, ao que tudo indica, para o bem do meio-ambiente, ainda escreverá muitas páginas até que, por alguma razão, possa vir a ter um fim.

Com informações Hypeness, Estadão, Uve