Análise | Ryzen 5 5600X é o exemplo perfeito do domínio da AMD sobre a Intel
Por Jones Oliveira |
Em outubro de 2020 a AMD anunciou sua nova linha de processadores Ryzen 5000 e cravou: "temos a melhor CPU do mundo para jogos". Apesar de audaciosa, a afirmação não foi nem um pouco leviana e pudemos confirmá-la ao analisar o Ryzen 9 5900X, modelo topo de linha e carro-chefe da nova geração, que também estreou a nova microarquitetura Zen 3. De fato, após anos amargando a segunda colocação no mercado de CPUs, a companhia conseguiu superar sua rival, a Intel.
Mas tem muito mais história no meio disso tudo, e com desdobramentos surpreendentes. Para contá-la, eu pude analisar para o Canaltech o Ryzen 5 5600X, modelo de entrada da nova família de processadores da AMD. Com seis núcleos e 12 threads, ele foi apresentado como a solução mais "básica" do lineup, equiparando-se, pelo menos no papel, ao Intel Core i5-10600K.
Na prática, porém, a conversa é completamente diferente. Durante meus testes, em alguns cenários ele chegou até mesmo a superar o caríssimo Core i9-10900K. E mesmo quando ficou para trás, o modelo conseguiu trabalhar tão bem ou melhor que o Core i7-10700K, que no papel está um degrau acima. Inclusive, como não recebi o i5-10600K para review, o i7-10700K será utilizado neste texto como referência comparativa no outro lado da cerca.
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E como explicar esses resultados tão díspares assim? Com as melhorias promovidas pela microarquitetura Zen 3! Já escrevi bastante sobre elas aqui no Canaltech quando a AMD anunciou os novos processadores e na análise do Ryzen 9 5900X, mas cabe destacar as duas mudanças mais importantes e que contribuem diretamente para o ganho absurdo de 19% de desempenho IPC.
A primeira delas é a reorganização da estrutura em que os núcleos do processador estão dispostos. Antes, as duas primeiras gerações da Zen utilizavam complexos computacionais (CCX) com até quatro núcleos compartilhando 16 MB de cache L3. Dessa forma, se um processador tivesse seis núcleos ou mais, implementaria dois desses complexos, que se comunicavam entre si utilizando o que a AMD chama de Infinity Fabric, um "leva-e-traz" que acabava gerando latência.
Na Zen 3, isso se modificou e o CCX passou a acomodar até oito núcleos dividindo 32 MB de cache L3, efetivamente reduzindo a latência ao eliminar o uso de Infinity Fabric em processadores com até oito núcleos. Na prática, o que acontece é uma redução sensível no tempo de acesso a estruturas externas como memória RAM e ganho de desempenho em atividades que a baixa latência é determinante, como a execução de jogos.
A segunda mudança importante é como os núcleos se comportam quando estão ociosos ou não são necessários em determinadas cargas de trabalho. Em vez de permanecerem ativos, mesmo com frequência residual, a AMD agora os coloca literalmente para dormir. Desativados, eles não demandam energia e nem geram calor, abrindo espaço para que os melhores núcleos do pacote subam sua frequência e executem as tarefas de maneira mais eficiente.
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Consumo, estabilidade e overclocking
Tais modificações — e uma série de outras mais complexas — explicam não só como a AMD conseguiu ampliar sua vantagem em eficiência energética e desempenho multi-thread, como também equiparar, e em alguns casos superar, a Intel em dois segmentos que ela sempre foi dominante: desempenho single-thread e jogos, mesmo com um processador com menos força bruta.
Pude observar isso enquanto monitorava a frequência do Ryzen 5 5600X durante tarefas single-thread de baixa e média carga. Nas especificações técnicas do modelo, a AMD afirma que ele tem clock base de 3,7 GHz e pode alcançar até 4,6 GHz em boost, mas a verdade é que nunca o processador precisou baixar para além de 3,9 GHz e chegou a alcançar os 4,7 GHz em boost.
Durante o teste de estabilidade do AIDA 64, um dos mais exigentes do mercado, pude ver como o 5600X se sai sob estresse intenso. E olha, ele não decepcionou, não. Aqui, os núcleos trabalharam, em média, a 4,2 GHz e o processador alcançou 61°C de temperatura e 75W de TDP. E aqui cabe um adendo importante: tais números foram obtidos com o apoio de um Noctua NH-15D como solução de refrigeração, o que certamente ajuda bastante.
Mas calma lá que o Ryzen 5 5600X é o único membro da família que vem acompanhado de um Wraith Stealth na caixinha e eu também testei como ele se sai com a refrigeração padrão oferecida pela AMD. Rodando o mesmo teste de estresse do AIDA 64, os números que obtive foram os seguintes:
-
Clock médio: 4,0 GHz
-
Temperatura máxima: 82°C
- Consumo máximo: 75W
São números razoáveis, sobretudo se considerarmos duas coisas. A primeira delas é que moro em Natal, uma das capitais mais quentes do Brasil, com média anual de 30°C de temperatura. Logo, se você mora numa cidade com clima mais ameno, ou que tem pelo menos mais uma estação além do verão, é muito provável que vai obter resultados melhores. Outro ponto é que o teste do AIDA 64 submete a CPU a um cenário extremo de estresse, que passa longe do que temos ao executar um jogo. Assim, mesmo que você opte por utilizar o cooler que acompanha o Ryzen 5 5600X na caixinha, conseguirá rodar seus jogos sem qualquer problema de desempenho. Mas fique esperto: passe longe de fazer overclock com ele.
O motivo disso é que mesmo o Noctua NH-15D, um dos melhores air coolers do mercado, quase passa sufoco para refrigerar o processador com overclock. Por aqui, consegui estabilizar o Ryzen 5 5600X com todos os núcleos rodando a 4,7 GHz e vCore de 1,4V - qualquer tensão abaixo disso, era tela azul na certa. O efeito colateral imediato foi a escalada da temperatura e do consumo energético durante o teste de estabilidade do AIDA 64, com máximos de 85°C e 121W. O Wraith Stealth não daria conta, não.
Setup de testes
Os testes com o AMD Ryzen 5 5600X foram feitos usando o Windows 10 Pro versão 20H2, com as atualizações e patches de segurança mais recentes instalados e todos os componentes rodando os drivers mais novos disponíveis no momento da publicação desta análise. O firmware/BIOS da placa-mãe também estava atualizado para sua última versão.
Dito isso, o setup de testes utilizado para esta análise foi o seguinte:
- Processador: AMD Ryzen 5 5600X [Compre]
- Placa-mãe: Gigabyte X570 Gaming X (rev. 1.1) [Compre]
- GPU: AMD Radeon RX 6800 XT [Análise]
- Memória RAM: 4x 8GB G.SKILL Trident Z Neo RGB DDR4 3600 MHz CL16 [Compre]
- Armazenamento: Intel SSD 660p 1 TB [Análise]
- Fonte: Corsair HX750i [Compre]
- Arrefecimento: Noctua NH-15D
- Monitor: Acer Nitro XV280K [Análise] [Compre]
- Sistema operacional: Windows 10 Pro (20H2)
Perceba que o clock da memória está a 3.600 MHz e não a 3.200 MHz, que é a recomendação oficial no site da AMD. Esses 400 MHz a mais estão de acordo com o setup de testes utilizado pela fabricante em seus benchmarks oficiais, então optamos por adotá-lo para reproduzir o máximo possível o cenário criado pela própria empresa.
Especificações | |||||
Ryzen 5 5600X | Ryzen 7 5800X | Ryzen 9 5900X | Core i7-10700K | Core i9-10900K | |
Litografia | 7nm | 14nm | |||
Núcleos / Threads | 6 / 12 | 8 / 16 | 12 / 24 | 8 / 16 | 10 / 20 |
Clock base | 3,7 GHz | 3,8 GHz | 3,7 GHz | 3,8 GHz | 3,7 GHz |
Boost (all-core) | 4,6 GHz | 4,7 GHz | 4,8 GHz | 5,1 GHz | 4,8 GHz |
Thermal Velocity Boost (all-core) | N/A | 4,9 GHz | |||
Precision Boost / Turbo Boost (single-core) | 4,6 GHz | 4,7 GHz | 5,0 GHz | 5,0 GHz | 5,1 GHz |
Turbo Boost Max Technology 3.0 (dual-core) | N/A | 5,1 GHz | 5,2 GHz | ||
Thermal Velocity Boost (single-core) | N/A | 5,3 GHz | |||
Infinity Cache / Smart cache | 32 MB | 64 MB | 16 MB | 20 MB | |
Memória | DDR4-3200 | DDR4-2933 | |||
Soquete | AM4 | LGA-1200 | |||
TDP | 65W | 105W | 105W | 125W | 125W |
Preço | R$ 2.400 | R$ 2.900 | R$ 4.100 | R$ 2.550 | R$ 3.999 |
Agora que você conhece o setup e foi apresentado ao AMD Ryzen 5 5600X, vamos dar uma olhada em como exatamente ele se sai quando é colocado a prova.
*Para os benchmarks de processadores Intel o setup utilizado foi o mesmo, com exceção da placa-mãe. Neste caso, o modelo usado foi uma ROG Maximus XII Extreme.
Benchmark
Os testes realizados pelo Canaltech sempre compreendem a execução de programas utilizados no cotidiano das pessoas, bem como suítes sintéticas de benchmark, que normalmente colocam os processadores em cenários limítrofes, difíceis de serem reproduzidos no dia-a-dia. Com isso, a ideia é testar todo o poder de fogo do componente, que também é submetido àquilo que foi projetado para fazer: rodar jogos.
Em todos esses cenários, o processador da AMD fez pelo menos duas passagens pelos testes: na primeira delas, com suas configurações de fábrica; na segunda, com todos os núcleos em overclock, rodando a 4,7 GHz. Nesse segundo cenário, a temperatura máxima de operação subiu até 25°C, mas ainda assim o processador operou dentro da normalidade, 10°C abaixo do limite de 95°C indicados pela AMD como perigoso.
Teste de CPU
Na primeira bateria de testes, avaliamos o desempenho geral da CPU utilizando o teste sintético do 3DMark. Aqui, a ideia é submeter o processador a uma demanda que dificilmente será encontrada na realidade, mas que dá uma boa noção do que o componente é capaz de entregar em matéria de performance.
No primeiro dos testes desse segmento, rodamos o 3DMark Time Spy, da UL Benchmark, para simular um jogo que emprega o DirectX 12. Este foi um dos poucos testes que mostram que o conjunto de seis núcleos e 12 threads do Ryzen 5 5600X pode ter dificuldades em lidar com certas demandas, ficando mais próximo do Core i7-9700K, da geração anterior, do que do Core i7-10700K.
O 3DMark Fire Strike Extreme, por sua vez, simula um jogo baseado em DirectX 11 e, no teste dedicado exclusivamente à CPU, mede a capacidade dela de lidar com a renderização de partículas, o que envolve uma quantidade absurda de cálculos bastante complexos sendo executados simultaneamente. Aqui, se sai melhor quem tem mais capacidade de multi-threading, o desempenho tecnicamente idêntico do Ryzen 5 5600X em relação ao Core i7-10700K com seus oito núcleos e 16 threads.
Para fechar a bateria de testes focados especificamente na CPU, rodamos o GeekBench 4, que tem uma abordagem bem diferente do 3DMark: em vez de testes em jogos, aqui as rotinas envolvem compressão e descompressão de dados, cópia de arquivos, detecção facial, renderização de documentos e outros processos normalmente vistos em tarefas do dia a dia.
Ao todo, são feitas duas passagens por esses testes: uma para avaliar o desempenho multi-core; outra, o single-core.
E aqui vemos algo bastante curioso: apesar de ficar na parte inferior do gráfico multi-thread, quase empatado com o Core i7-10700K, no teste single-core o Ryzen 5 5600X avança bastante e pela primeira vez supera o topo de linha da concorrência, o Core i9-10900K, por uma margem de 11,98% nas configurações stock. Este é o primeiro exemplo prático da importância dos ajustes promovidos pela arquitetura Zen 3 em conjunto com a litografia de 7nm dos processadores da AMD em relação aos já exaustos Intel e seus 14nm.
Teste de produtividade e renderização
Na segunda bateria de testes, submetemos o Ryzen 5 5600X para lidar com atividades do dia-a-dia e avaliamos como ele se sai em rotinas que envolvem desde a inicialização de um aplicativo até a renderização de imagens com ray tracing.
Na primeira rodada de benchmarks desse tipo, utilizamos o PCMark 10 para medir o desempenho dos componentes rodando a suíte do Microsoft Office e tarefas como edição de imagem e de vídeo, renderização e visualização de imagens e videoconferência.
O teste do Office utiliza os aplicativos reais da suíte da Microsoft instalados no computador em vez de apenas emulá-los, o que confere um resultado mais próximo da realidade de uso. Aqui, impressiona o fato de o Ryzen ficar à frente de pelo menos um de seus rivais superiores em quatro dos cinco teste executados, sendo o teste do Excel o mais prolífico de todos.
O teste de produtividade do PCMark 10 vai além das aplicações de escritório do Microsoft Office e executa rotinas bem específicas e do cotidiano, como edição de imagem e de vídeo, edição de planilhas, videoconferência e afins. E mais uma vez percebemos o amplo domínio do processador da AMD sobre seus rivais, aparecendo à frente de pelo menos um deles em todos os seis testes executados na suíte da UL Benchmark. Mas o destaque é mesmo o teste de edição de imagem, onde o Ryzen 5 5600X registrou uma diferença abismal de desempenho em relação ao Core i7-10700K: 23,62%.
A segunda rodada de benchmarks desse segmento envolveu a execução de ferramentas específicas de renderização de imagens. A ideia aqui é mostrar o quão bem um processador se sai nas mãos de produtores de conteúdo e profissionais que trabalham diretamente com edição de fotos, renderização de vídeos e modelagem 3D. Portanto, a expectativa é que o desempenho do processador seja proporcional à quantidade de núcleos, threads e clock disponíveis – ou seja, quanto mais, melhor.
Isso é tão verdade que foram justamente esses os testes que ocorreram mais dentro da normalidade. Na prática, isso significa que em boa parte das medições o modelo de entrada da série Ryzen 5000 ficou à frente apenas do Core i7-9700K da geração passada, que tem oito núcleos e oito threads, se sobressaindo graças às melhorias de arquitetura e não pela contagem de núcleos.
Ainda assim, tivemos algum espaço para surpresas: nos testes single-core do Cinebench e do POV Ray o componente da AMD comprovou mais uma vez os benefícios proporcionados pela nova arquitetura, registrando desempenho até 18,45% superior no comparativo com o Core i7-10700K e até 12,21% em relação ao Core i9-10900K.
Ou seja: observando os resultados single-core, dá para afirmar com tranquilidade que a AMD mostra que é possível fazer mais com uma arquitetura bem planejada e organizada sem necessariamente ter de apelar para clocks altos.
Desempenho em jogos
Até aqui já ficou claro que até mesmo o Ryzen 5 5600X, modelo de entrada da nova família Ryzen 5000, consegue desbancar o mais poderoso processador da Intel de 10ª geração em algumas atividades e rotinas. Mas e nos games? Como será que o "bichinho" de apenas seis núcleos e 12 threads se sai? Será que sustenta o bom desempenho apresentado até aqui? É o que vamos conferir agora.
Mas antes de seguirmos adiante, é sempre muito importante explicar a metodologia que foi adotada nas medições.
No mundo dos games, geralmente duas métricas são utilizadas para avaliar o quão bem um título está sendo executado, seja ele no PC ou em um console: qualidade de imagem e taxa de quadros por segundo (o famoso FPS, ou frames per second). O problema é que quanto maior a qualidade de imagem, maior o impacto sobre a placa de vídeo, o que consequentemente acaba afetando a taxa de FPS.
Por isso, o ideal é sempre encontrar um meio-termo entre qualidade de imagem e taxa de quadros por segundo para ter uma experiência fluida e satisfatória. Dessa forma, você mesmo conseguirá avaliar se o desempenho da sua máquina está satisfatório com base no seguinte:
- Abaixo de 30 FPS: experiência de gameplay muito limitada, indicando que sua GPU não consegue lidar com o jogo; é o cenário a ser evitado;
- Entre 30 e 40 FPS: experiência de gameplay tolerável, embora muito provavelmente você veja stuttering em momentos de maior ação ou complexidade;
- Entre 40 e 60 FPS: boa experiência de gameplay, com imagens fluidas e de qualidade; é o que você sempre deve procurar;
- Acima de 60 FPS: a melhor experiência possível, indicando que provavelmente você tem uma placa de vídeo monstruosa.
Com isso explicado, vale reforçar que o objetivo não é avaliar qualidade de imagem, já que esta é uma análise de processador e não de GPU. Por isso o foco é medir o impacto que Ryzen 5 5600X tem sobre a fluidez e experiência de gameplay. Para cumprir com isso, todos os jogos foram executados em Full HD e não em Quad HD ou 4K para que a placa de vídeo trabalhe mais sossegada, com "folga", e a CPU se torne um possível gargalo de desempenho. Além disso, essa avaliação foi feita nos dois extremos de cada jogo: com os ajustes gráficos no mínimo e no máximo. Dessa forma, podemos ter uma boa noção de como o novo processador da AMD se sai.
Agora vamos aos resultados!
Assassin's Creed Valhalla
Um dos primeiros títulos da "nova geração" de videogames, Assassin's Creed Valhalla utiliza DirectX 12 e, com seu mundo aberto e gráficos ultrarrealistas, é capaz de levar tanto GPU quanto CPU ao extremo, sendo um excelente indicador de quanto rojão esses componentes aguentam.
Nos testes com o Ryzen 5 5600X, não houve surpresas e o processador só ficou acima do Ryzen 7 5800X e Core i7-10700K, ambos com o overclock, logo sem possibilidade de subirem suas frequências mesmo quando há espaço — o que justifica a queda de desempenho deles. Ainda assim, o componente empatou com seu irmão maior em 200 FPS e ficou apenas 7 FPS atrás do Core i9-10900K.
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Far Cry 5
Único jogo da nossa bateria de testes que ainda utiliza DirectX 11, Far Cry 5 continua sendo utilizado por aqui justamente para isso: checar o quão bem os novos componentes lidam com a versão anterior da API. Embora não exija tanto assim da CPU e da GPU quanto os jogos mais atuais, o game de tiro em primeira pessoa da Ubisoft ainda é um bom parâmetro de desempenho pelo mapa vasto e cenários com bastante vegetação e água, que exigem bastante cálculo de física para simular seu comportamento.
Aqui, o Ryzen 5 5600X também se comportou dentro do que podemos considerar "normal" e o tombo foi mesmo da concorrência, cujos modelos ficaram atrás do da AMD em ambos os testes.
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Forza Horizon 4
Forza Horizon 4 é conhecido por rodar muito bem até mesmo nos setups mais modestos, cortesia da excelente implementação do DirectX 12 feito pela Microsoft. Justamente por isso, o jogo registra taxas altíssimas de quadros por segundo, deixando os componentes trabalharem com alguma folga mesmo com as configurações setadas no máximo.
E é exatamente nesse cenário, em que os seis núcleos e 12 threads do Ryzen 5 5600X não são exatamente um problema, que o processador da AMD deslancha. No teste mais simples, a CPU entrega 15,89% mais FPS que seu rival topo de linha, o Core i9-10900K; enquanto no teste com a qualidade no Ultra a vantagem fica na casa dos 7 FPS, ou 3,14%.
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Gears 5
Outro jogo que implementa muito bem o DirectX 12, Gears 5 puxa bastante do processador pela grande quantidade de partículas que aparecem na tela simultaneamente — de chamas saindo dos canos das armas a construções desmoronando diante dos personagens, tem de tudo um muito aqui. Por isso o jogo é um bom indicador de quão bem um processador se sai, mesmo que o cenário exigente ocorra diante de uma implementação "limpa".
Graças a isso, o Ryzen 5 5600X se supera ainda mais e chega a disputar o topo do gráfico de desempenho com seu irmão maior, o Ryzen 7 5800X, que tem dois núcleos a mais e 16 threads. Em comparação à concorrência, o componente mais uma vez bate o Core i9-10900K entregando 8,80% mais FPS; já em relação ao Core i7-10700K, o salto de desempenho é de 11,48%.
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Metro Exodus
Um dos títulos mais pesados da atualidade, Metro Exodus pesa a mão em tudo que tem direito e chega a torcer até mesmo as mais poderosas placas de vídeo da atualidade dependendo das configurações que o jogador define. Prova disso são os resultados praticamente uniformes obtidos com os gráficos setados no máximo durante os testes.
Já nas configurações mais baixas, percebemos uma variedade bem maior e o quão bem o Ryzen 5 5600X se sai mesmo com apenas seis núcleos. Aqui, mais uma vez ele fica a frente dos concorrentes com oito e 10 núcleos — a essa altura você já deve estar convencido de que isso é rotina, certo?
Shadow of the Tomb Raider
Para fechar nossa rodada de testes em jogos, Shadow of the Tomb Raider. Apesar de lançado em 2018, o último jogo da trilogia de reboot da história de Lara Croft foi atualizado há algum tempo para suportar DirectX 12 e ray-tracing, conferindo ainda mais realidade aos seus cenários vastos e ricos em detalhes.
Em mais um exemplo de que "tamanho não é documento" e que nem tudo se resolve na força bruta, o 5600X superou ambos os rivais nos testes com qualidade de imagem no máximo e no mínimo, chegando a registrar desempenho até 14,51% superior.
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Ryzen 5 5600X: Vale a pena?
A jornada foi longa, mas finalmente chegamos à pergunta que todo mundo quer saber a resposta: vale a pena comprar um Ryzen 5 5600X? A resposta curta e grossa é: sim, vale muito a pena comprar um Ryzen 5 5600X.
Apesar de ser o mais modesto Ryzen desta geração, com apenas seis núcleos e 12 threads, ele não faz feio diante de seus irmãos maiores, tampouco em relação à concorrência. Na verdade, chega a ser inacreditável quanto o 5600X consegue ser superior em alguns testes.
Mas não adianta falar tudo isso se não debatermos preço, certo? Infelizmente, é justamente aqui que a AMD peca. No mercado norte-americano, a empresa lançou o Ryzen 5 5600X com um incremento de US$ 50 em relação ao seu antecessor, o Ryzen 5 3600X, saindo por US$ 300. Pesa um tanto no bolso, sobretudo se pensarmos que o público que busca este modelo é justamente aquele que não quer gastar tanta grana assim e pode acabar optando pelo Ryzen da geração anterior ou, pior ainda, um Core i5-10600K, que custa mais barato: US$ 230.
No Brasil, essa matemática é bem mais complicada e envolve cifras bem mais elevadas. Na realidade de pandemia, com escassez de insumos e dificuldades de importação, o processador da AMD vem sendo comercializado no varejo nacional na casa dos R$ 2.400. São R$ 300 a mais que seu concorrente direto na prancheta, o Core i5-10600K, que sai por R$2.100; e R$ 320 menos que o Core i7-10700K que utilizei como comparativo neste review.
Então, como todo mundo vem botando tudo na ponta do lápis ultimamente para saber o que vale a pena comprar ou não, eu preparei a tabela abaixo para lhe ajudar. Nela, você encontra o preço médio à vista de cada um dos principais processadores utilizados neste review e uma média simples dos FPS alcançados nos testes de jogos em configuração stock — ou seja, soma tudo e divide por 12, a quantidade de testes.
Depois, peguei o preço de cada processador e dividi por sua média de FPS para obter o custo por FPS. Dessa forma, temos a noção exata de quanto estamos pagando por cada quadro por segundo considerando apenas o processador.
Custo-benefício | ||||
Ryzen 5 5600X | Ryzen 7 5800X | Core i7-10700K | Core i9-10900K | |
Média FPS | 197 | 203 | 190 | 186,75 |
Diferença | — | +3,05% | -3,55% | -5,20% |
Preço | R$ 2.400 | R$ 2.900 | R$ 2.550 | R$ 3.999 |
Diferença | — | +20,83% | +6,25% | +66,25% |
Preço por FPS | R$ 12,18 | R$ 14,28 | R$ 13,42 | R$ 21,36 |
Diferença | — | +17,24% | +10,18% | +75,37% |
Perceba que o Ryzen 5 5600X tem o melhor preço por FPS dos quatro principais processadores deste review. Seu custo-benefício é tamanho que só faz sentido um upgrade para o Ryzen 7 5800X, indicado para quem precisa de mais núcleos e threads para trabalhos relacionados a edição de imagens, renderização de vídeos e modelagem 3D, por exemplo. Ainda assim, leve em consideração que você precisará investir em uma solução própria de refrigeração, já que o 5800X não vem acompanhado do Wraith Stealth. O Core i7-10700K também é uma opção, ficando no meio-termo entre o Ryzen 5 5600X e o Ryzen 7 5800X em matéria de preço, mas entregando menos FPS e um custo 10% superior no preço por FPS. O Core i9-10900K, por sua vez, passa longe de ser uma opção para quem está com o dinheiro contado.
Esse custo-benefício poderia ser ainda maior se a AMD tivesse mantido sua antiga política de preços e lançado o Ryzen 5 5600X a US$ 250 no mercado internacional. Se fosse esse o caso, ele certamente chegaria por aqui um pouco mais em conta. Ainda assim, e apesar disso, o processador causou um alvoroço no mercado, surpreendendo não só pelo desempenho que entrega, mas também por ser, indiscutivelmente, o melhor custo-benefício da atualidade, sobretudo para quem está montando um PC para jogar. É a prova cabal de que agora é a AMD quem domina o mercado.
*Agradecimento especial à Gigabyte por enviar a X570 Gaming X para a realização desta análise.