Steam Deck × ROG Ally × Legion Go | Qual é o melhor portátil da atualidade?
Por Daniel Trefilio • Editado por Jones Oliveira |
O segmento de consoles portáteis para games de PC teve seu pontapé inicial em 2022, com o Steam Deck, e já em 2023 recebeu dois outros fortes competidores, o Lenovo Legion Go e o ASUS ROG Ally. O Canaltech testou os três dispositivos, preparou análises detalhadas de cada um deles, após muitos testes comparamos o que cada um deles oferece para definir qual o melhor console portátil dessa primeira geração.
- Steam Deck x Lenovo Legion Go | Qual é o melhor console portátil?
- ROG Ally x Lenovo Legion Go | Qual é o melhor console portátil?
É preciso deixar claro que os três portáteis trazem experiências diferentes e todos têm diversos problemas por se tratarem dos primeiros aparelhos de um mercado ainda muito recente.
Dessa forma, não há um campeão absoluto, mas uma balança entre o que cada um deles faz de melhor e seus problemas, para definir qual está mais próximo de um produto comercial melhor finalizado.
Tela e Resolução
Abordar a tela e resolução é inevitável, uma vez que é o ponto que mais chama a atenção de imediato entre os três aparelhos. O Steam Deck e o ROG Ally trazem uma tela de 7”, cerca de 30% menor que a de 8,8” do Lenovo Legion Go, dando uma boa vantagem inicial ao portátil da Lenovo.
No entanto, as diferenças não param por aí, uma vez que o Legion Go ainda tem resolução nativa Quad HD (2560 × 1600), enquanto o Ally e Steam Deck têm resoluções Full HD (1920 × 1200) e HD (1280 × 800), respectivamente.
Com isso, o Legion consegue aproveitar muito bem sua tela maior, justificando o investimento da fabricante no projeto mais ambicioso. Por outro lado, a diferença de resolução entre os outros dois aparelhos é quase imperceptível na tela de apenas 7”, configurando um empate técnico.
Desempenho
Em paralelo, mas não totalmente independente da tela, mesmo trazendo um chip superior, o desempenho em games do ROG Ally é relativamente menos fluido que no Steam Deck. De maneira geral, reduzir as texturas em games para HD, as mesmas do console da Valve, resolve o problema, mas torna a resolução nativa superior do Ally ainda mais irrelevante.
O problema é que, aparentemente, não se trata de uma limitação do chip Z1 Extreme, uma vez que ele roda consideravelmente bem títulos em Quad HD no Legion Go.
Isso sugere que o gargalo, muito provavelmente, é decorrente da solução de arrefecimento utilizada pela ASUS, uma vez que o Ally aquece bem mais, batendo 90 °C em títulos que o Legion roda tranquilamente abaixo de 70 °C em uma resolução superior.
Nesse aspecto, o mérito do Steam Deck fica, justamente, em ter um hardware bem dimensionado para sua proposta, respeitando suas limitações, mas ainda cumprindo seu objetivo de entregar jogabilidade fluida em HD.
Armazenamento
A questão do armazenamento interno é um problema para os três dispositivos, pois todos trazem drives internos NVMe M.2 relativamente pequenos. Por mais que o Legion Go tenha um modelo com SSD de 1 TB, a versão lançada no Brasil é de apenas 512 GB, empatando com o armazenamento máximo do Ally.
Sempre existe a possibilidade de trocar os drives internos por outros maiores, mas o processo não é exatamente trivial, exige bastante cuidado e atenção para não danificar a tampa — ou mesmo outros componentes internos — e os SSD precisam ser padrão 2230, de perfil de 30 mm, mais caros.
Utilizar cartões de memória como no Nintendo Switch, é uma alternativa interessante, mas apenas para o Legion Go e Steam Deck, uma vez que o leitor de cartão do Ally continua superaquecendo e danificando permanentemente cartões microSD.
Usabilidade
Falando em temperatura, ela é um problema que vai além de limitar o desempenho no Ally, também causando desconforto ao usuário. Isso porque, pelo formato e tamanho do chassi, as mãos do jogador ficam parcialmente posicionadas sobre as regiões de dissipação de calor do console, aquecendo bastante durante o uso.
Nesse aspecto, tanto o Steam Deck quanto o Legion Go trazem os controles com uma lombada maior, acomodando as mãos do jogador bem distantes da região da tela.
Controles
Os dois consoles trazem ao menos um trackpad para facilitar a navegação no modo desktop. Essa função fica restrita aos analógicos no Ally, experiência que se provou bastante frustrante.
Especificamente no caso do Steam Deck, a sensibilidade do trackpad é superior à do Legion Go, mas o sistema de clique é mecânico, e não por toque. Isso faz com que os cliques sempre movam o cursor de lugar, sendo preciso recorrer aos atalhos de cliques direito e esquerdo pré-configurados nos botões de ombro.
Apesar de menos desconfortável, o sistema de clique do Legion Go também é bem fraco, levando o usuário a utilizar o mapeamento dos botões traseiros para imitar as funcionalidades de cliques do mouse que já vêm de fábrica no Steam Deck.
Vale mencionar ainda que os controles Legion TrueStrike do portátil da Lenovo são destacáveis e ele pode ser utilizado de forma híbrida, apoiado em um suporte embutido, sem a necessidade de assessórios adicionais.
Sistema e Interface
O divisor de águas na categoria usabilidade, no entanto, é a integração com o sistema operacional e a interface do usuário. O Windows 11 adaptado do Ally e do Legion parece uma enorme colcha de retalhos de códigos remendados de outros produtos com tela de toque e incorporados às pressas apenas para lançar os consoles o mais rápido possível.
A vantagem é que, justamente por ser um ecossistema Windows, todos os jogos de PC são 100% compatíveis com o Legion e o Ally, apesar da instalação dificultada pela interface mal otimizada. No Steam Deck a situação é diametralmente oposta, mesmo com o console utilizando uma distribuição Linux, sistema operacional ainda relativamente limitado para rodar jogos.
A expertise da Valve com o SteamOS e o modo Big Picture da Steam, fazem com que utilizar seu portátil seja uma experiência extremamente intuitiva, exatamente o que se espera de um console.
Por mais que utilizar Linux restrinja a biblioteca de jogos que vão rodar na plataforma, os títulos otimizados quase sempre funcionam de forma muito mais fluida, e sem a necessidade de passar horas tentando encontrar a configuração ideal para jogar sem engasgos.
Dessa forma, mesmo com um processador e chip gráfico bem mais simples que o Z1 Extreme, o processo de instalar e jogar no Steam Deck é muito superior, quase imediato. Sequer é preciso mexer nas configurações dos jogos, que reconhecem automaticamente a interface de controles e presets gráficos recomendados para a plataforma.
Steam Deck x ROG Ally x Legion Go | Qual é o melhor portátil da atualidade?
A maioria dos outros detalhes resultam em empates técnicos entre os três aparelhos, cabendo muita margem para melhorias nas próximas gerações. Dessa forma, considerando todos os pontos levantados, podemos estabelecer o seguinte pódio:
- 1º lugar: Lenovo Legion Go, por seu hardware bem dimensionado para jogos em Quad HD e controles relativamente mais competentes que do ROG Ally.
- 2º lugar: Steam Deck, por trazer a experiência mais próxima da de um console, com hardware extremamente bem dimensionado, apesar de ser o mais fraco dos três.
- 3º lugar: ASUS ROG Ally, que apesar de ter largado na frente, foi claramente lançado com muitas questões de projeto apressadas ou inacabadas, sendo o portátil com mais pontos a melhorar.
Efetivamente, os três aparelhos têm apelos para propostas diferentes, com o da Valve sendo o verdadeiro Plug-and-Play, o ASUS o mais portátil e o Legion Go o mais completo.
Mesmo com todos tendo muito a melhorar, o Legion Go, Steam Deck e ROG Ally estrearam muito bem o segmento de consoles portáteis para games de PC, e a tendência é que, já na próxima geração, boa parte dos problemas atuais já tenham sido solucionados.