Os 10 animais mais inteligentes do mundo
Por Augusto Dala Costa • Editado por Luciana Zaramela |
Apesar de ocupar o planeta há poucos milhares de anos, os Homo sapiens já são considerados os seres mais inteligentes do planeta, com suas habilidades sociais, capacidade de abstração e planejamento dominando todos os continentes. Por essa razão, também costumamos aplicar nossos próprios critérios de inteligência aos animais, avaliando sua cognição em comparação à nossa.
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Comparados a nós ou não, muitos animais conseguem ser muito bem adaptados ao seu ambiente e mostram capacidade ímpar de resolver problemas, pensar à frente e se comunicar com seus parceiros eficientemente. Listamos, hoje, os 10 animais mais inteligentes do mundo, mas notando, é claro, que há uma boa dose de subjetividade envolvida no conceito.
Pombos
Os pombos comuns ou domésticos (Columba livia) são animais surpreendentemente inteligentes, com noções de espaço e tempo que se acreditavam ser únicas aos primatas — os pombos conseguem apresentar pensamentos complexos mesmo sem ter um lobo parietal no cérebro.
Eles podem ser treinados para entregar mensagens a longas distâncias, demonstrando boa capacidade de memória, e também para reconhecer a si mesmos no espelho, embora não façam isso naturalmente. Segundo estudos, essas aves também reconhecem pessoas e lugares anos após o primeiro contato, e podem diferenciar rostos humanos e até estilos de pintura, sabendo qual obra é de Monet e qual é de Picasso.
Ratos
Os ratos (representados, no geral, pela espécie Rattus norvegicus) podem ser mamíferos pequenos, mas são muito espertos — não é à toa que são utilizados em laboratório para uma série de pesquisas (não confundir os ratos como seus parentes roedores camundongos, ou Mus musculus), das cognitivas às fisiológicas.
Seu cérebro é pequeno e pouco desenvolvido em comparação com o nosso, mas suas funcionalidades são muito semelhantes às nossas, bem como a estrutura do órgão, permitindo análises comparativas, mesmo que limitadas.
Criaturas sociáveis, esses roedores são propensos a desenvolver depressão quando isolados de outros de sua espécie — e ratos depressivos podem até mesmo deixar companheiros saudáveis em depressão—, o que também permite que façamos comparações comportamentais e psicológicas com eles. Sua boa memória os torna capazes de lembrar de rotas, fazer tarefas complexas, com muitos passos, e solucionar labirintos.
Porcos
Os porcos (Sus domesticus) podem ser considerados sujos e preguiçosos devido ao seu comportamento em cativeiro, mas ao ar livre, são criaturas que gostam de manter uma boa limpeza, mergulhando na lama apenas para termorregulação e proteção contra o sol.
Sua inteligência foi demonstrada por pesquisas como a da Universidade Purdue, onde quatro suínos tinham de aprender a jogar videogame através de um controle adaptado para seus focinhos. O joystick controlava um ponto azul na tela, que, quando atingia uma parede, garantia um petisco.
Os quatro animais estudados mostraram muita habilidade, ultrapassando muito o nível de acerto que seria considerado mero acaso — eles entenderam a causa e consequência, ou seja, que o controle resultava no movimento na tela. Além disso, porcos já mostraram que conseguem distinguir entre rabiscos feitos por eles mesmos no passado e desenhos “novos”, são capazes de procurar comida com a ajuda de um espelho e de enganar outros de sua espécie para conseguir mais comida.
Chimpanzés
Os chimpanzés (Pan troglodytes) são os animais mais próximos dos Homo sapiens em termos genéticos — nosso DNA é 98,4% idêntico, trazendo muitas semelhanças físicas e, aparentemente, mentais. Esses primatas conseguem aprender e reconhecer os números de um a nove e se saem melhor do que nós em testes de memória rápida, por exemplo.
Seu uso de ferramentas também é notável, com usos reportados de galhos para colher mel e formigas, pedras e galhos para quebrar nozes e lascagem de sílex. Tais comportamentos, no entanto, têm de ser aprendidos com outros chimpanzés.
A capacidade de comunicação dos símios também é notável — há histórias como a de Washoe, uma chimpanzé que foi capaz de aprender a linguagem de sinais dos humanos e até ensiná-la a seus filhotes adotivos. Outros primatas, como bonobos e gorilas, também conseguiram aprender sinais, e é comum que consigam reconhecer a própria imagem no espelho.
Papagaio-cinzento
Papagaios-cinzentos (Psittacus erithacus) vão muito além de apenas repetir palavras ditas por humanos, mostrando uma cognição equivalente à de uma criança entre quatro e seis anos de idade. Além de aprender sequências numéricas e conseguir associar vozes a rostos humanos, essas aves combinam palavras para se referir a objetos que não conhecem (como “pão gostoso” para “bolo”). Elas diferenciam entre objetos, cores, formatos e materiais.
Além de conseguirem somar e ter o conceito de “zero”, como crianças e primatas, os papagaios-cinzentos demonstram altruísmo, garantindo, em testes, que colegas de espécie ganhem nozes mesmo quando eles mesmos não recebem uma. Eles já demonstraram ter músicas preferidas, escolhendo estilos que gostam e até aprendendo a usar o comando de voz de aparelhos como Alexa ou Amazon Echo para selecionar e repetir o que gostam de ouvir.
Elefantes
A família Elephantidae, que inclui os maiores animais terrestres do mundo, também traz bastante sinais de inteligência consigo. Além dos elefantes demonstrarem boa memória, reconhecendo membros de seu bando e localização de fontes de água após anos, eles conseguem usar ferramentas, usando galhos para retirar carrapatos ou folhas largas para afastar mosquitos.
Esses proboscídeos também sabem se “auto-medicar” — fêmeas costumam comer folhas da árvore miosótis para induzir o trabalho de parto, por exemplo. Esses animais são bastante empáticos, ajudando não só membros da espécie, independente de serem da família ou não, como também outros animais e até humanos. Não é por isso que não consigam ser mais espertos do que nós.
Há relatos de fazendeiros que colocaram sinos de madeira em elefantes jovens para serem alertados quando eles viessem roubar bananas, mas os bichos passaram a encher a campânula de lama, deixando-a silenciosa. A capacidade de pensamento abstrato e planejamento deles também pode ser vista no caso de uma elefanta que usou uma caixa para alçar galhos mais altos durante um estudo.
Polvos
Com a maior proporção cérebro-corpo de todos os invertebrados, os membros da família Octopoda são espertos o suficiente para conseguir fugir de aquários sem que os tratadores notem, tanto para ir a outros aquários em busca de comida quanto para voltar à natureza.
Além disso, os polvos também conseguem usar ferramentas de muitas maneiras diferentes, indo de carregar tentáculos de águas-vivas como arma a usar conchas como esconderijo ou para bloquear a entrada de abrigos. Eles conseguem fazer planejamentos e lidar com o conceito de futuro, e alguns foram vistos causando curto-circuitos de propósito ao jogar água em lâmpadas do lado de fora de seu aquário.
Corvos
As aves da família Corvidae mostram inteligência e capacidade de utilizar ferramentas fora do comum, ultrapassando habilidades de mamíferos como cães e gatos em diversas tarefas, como as de seguir dicas tridimensionais até recompensas. Corvos conseguem lembrar dos locais nos quais esconderam comida e também há quanto tempo, sabendo se um alimento perecível guardado já estragou, por exemplo. Eles também conseguem imitar sons humanos muito bem.
Gralhas-pretas já foram vistas jogando nozes na rua para que carros as atropelassem e abrissem, esperando o sinal vermelho para coletar o resultado com segurança. Corvídeos como o corvo-da-nova-caledônia (Corvus moneduloides) conseguem fazer ferramentas elaboradas, juntando galhos para construir ganchos capazes de retirar larvas de árvores. Diferentes designs dessas ferramentas mostram diversidade cultural, algo que apenas os grandes primatas, como nós, também fazem no mundo animal.
Golfinhos
Os mamíferos aquáticos da ordem Delphinoidea já são famosos pela sua inteligência e capacidade de comunicação. Além de ter nomes próprios, sotaques (que conseguem inclusive aprender) e até mesmo falar com “voz de bebê” com seus filhotes, esses cetáceos já mostraram a capacidade de distinguir entre diferentes frases humanas, aprendendo palavras e mesmo um pouco de gramática, mesmo que não consigam reproduzi-las.
Eles se reconhecem em espelhos (e até gostam de ficar se olhando) e fazem planejamentos futuros, mostrando capacidade de abstração. Em cativeiro, os golfinhos até mesmo enganam seus treinadores — em um relato, os animais ganhavam peixe pela limpeza do aquário, então passaram a esconder papel embaixo de uma pedra, do qual rasgavam pedaços em momentos diferentes, maximizando o “lucro”.
Quando descobriram que trazer gaivotas mortas rendia mais peixes, começaram a esconder seus próprios petiscos no mesmo lugar e usá-los para atraí-las, basicamente “treinando o treinador”. Além disso, na natureza, golfinhos já foram vistos usando esponjas-do-mar para proteger o focinho de ameaças como corais pontiagudos e rochas.
Vacas
Por incrível que pareça, as vacas (Bos taurus) também figuram entre as espécies espertas por aí, mesmo as dóceis bovinas domesticadas que vemos nas fazendas. Sua vida emocional é complexa, sentindo medo, ansiedade e tendo uma ótima memória. As vacas têm seus próprios círculos sociais, ficando amigas de outros bovinos que as tratam bem e evitando os que são mais hostis.
Em experimentos, cientistas notaram que as vacas que eram recompensadas por melhorar a capacidade de realizar uma tarefa ficavam mais animadas do que quando ganhavam petiscos sem motivo aparente — um sinal de que as bovinas conseguem perceber quando estão melhorando seu aprendizado.
Fonte: Applied Animal Behaviour Science, Deeper Water, Nature Institute, All Creatures, NIH, The Conversation, Current Opinion in Neurobiology