Conheça 8 espécies de animais em risco crítico de extinção
Por Augusto Dala Costa • Editado por Luciana Zaramela |
Há alguns meses, em dezembro de 2022, ocorreu a Conferência para a Biodiversidade da Organização das Nações Unidas (COP 15), no Canadá, quando foi anunciado um acordo histório em relação à proteção de um terço de toda a terra e água do planeta até o final da presente década. A ótima notícia, no entanto, pode não ser o suficiente para alguns animais seriamente ameaçados de extinção atualmente.
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Uma das principais ONGs ambientais do mundo, a União Internacional para a Conservação da Natureza, coloca mais de 87 mil espécies na lista vermelha de animais ameaçados de extinção, a escala mais séria possível. Alguns deles estão em risco crítico, já que suas populações são tão baixas no habitat natural que os espécimes vivos podem ser contados nos dedos. Aqui, comentaremos sobre alguns desses animais, que logo poderão ser vistos apenas em cativeiro ou, pior, só nos livros de biologia e história.
Saola
Esse bovino de chifes curvos tem um apelido curioso — é o "unicórnio asiático", dada a sua raridade e dificuldade de ser identificado na floresta. A primeira identificação do animal foi nos anos 1990, e, à época, comemorou-se como o achado de um mamífero de grande porte pela primeira vez em 50 anos. Desde então, no entanto, apenas 4 espécimes foram vistos, o que gera temores sobre o estado de suas populações.
Vivendo nas florestas da fronteira entre o Vietnã e o Laos, o saola é ameaçado pela caça ilegal, e atualmente não sabemos se ainda existem exemplares vivos, já que a última fotografia do animal foi tirada em 2013. Não há como saber quantos existem por aí, e geralmente se considera uma espécie como extinta se não existirem dúvidas de que o último espécime veio a óbito.
Entufado-baiano
Falando de um animal brasileiro, temos este pássaro da Mata Atlântica, um dos biomas que mais sofrem com a degradação e fragmentação nas Américas. Identificada pela primeira vez nos anos 1960 a partir de um espécie empalhado de um museu alemão, a espécie foi vista na natureza apenas em 1995. Cientistas brasileiros, em 2011, estimaram uma população de 10 a 15 entufados-baianos vivos, a maioria em uma floresta do nordeste da Bahia.
O habitat dos pássaros, no entanto, foi atingido por um enorme incêndio em 2015, após o qual apenas uma fêmea da espécie foi avistada. A ave foi apelidada de "Esperança", mas não foi mais vista desde 2019. Expedições em busca de outros espécimes, até agora, não obtiveram sucesso.
Vaquita
As vaquitas são toninhas, ou pequenos golfinhos, conhecidas como os mamíferos marinhos mais raros do planeta. Elas são endêmicas ao Golfo da Califórnia, no México, e sua população está em declínio desde que foi descoberta, em 1958. Atualmente, acredita-se que existam apenas 10 vaquitas no mundo, sendo que, há 5 anos, ela era composta por 30 indivíduos.
A morte dos mamíferos está muito ligada à pesca comercial, já que acabam presas, acidentalmente, em redes de pesca ilegal. Onde vive, pesca-se muito a totoaba, um peixe mexicano buscado pela bexiga natatória, usada na medicina chinesa tradicional. Estudos apontam que frear a atividade ilegal poderia deixar que as vaquitas se recuperassem, mas pode ser tarde demais. Quando tentamos criar vaquitas em cativeiro, falhamos.
Rinoceronte-de-sumatra
Nem todo animal ameaçado está em risco apenas pela quantidade reduzida de população. Há mais rinocerontes-de-sumatra, por exemplo, do que rinocerontes-de-java, outra espécie ameaçada na Indonésia, mas quem está mais vulnerável à perda de habitat e de fragmentação é o primeiro animal. Estima-se haver menos de 80 espécimes, que vivem em população pequenas e bastante espalhadas, o que complica sua reprodução.
Não conseguindo encontrar parceiros, os rinocerontes-de-sumatra acabam não se reproduzindo, e biólogos notaram que as fêmeas acabam tendo problemas uterinos e nos ovários caso não deem à luz por períodos longos. Esses animais são cobertos por pelos longos, incomuns a outras espécies, sendo mais próximos dos extintos rinocerontes-lanosas do que outros parentes vivos. Perdendo eles, perdemos uma linham pré-histórica de animais fascinantes.
Lobo-vermelho
Ese canídeo nativo da América do Norte tem uma história de superação e de perda. Sendo uma de duas espécies nativas ao continente, ele foi declarado extinto na natureza em 1980, mas muitos espécimes haviam sido levados por conservacionistas ao cativeiro. Com um programa de reprodução bem-sucedido, eles foram reintroduzidos em seu habitat natural, chegando a cerca de 130 em 2011.
Com o desenvolvimento urbano e o confronto com proprietários de terra, no entanto, que os caçam ou alvejam para proteger o gado, suas populações voltaram a declinar. Atualmente, seus números estão estimados em 20 indivíduos na natureza, todos na Carolina do Norte, nos Estados Unidos, e eles podem acabar sendo extintos novamente.
Leopardo-de-amur
Vivendo no norte da China, Península da Coreia e extremo leste da Rússia, o leopardo-de-amur tem perdido população consideravelmente desde a década de 1970, principalmente por conta da caça ilegal e perda de seu habitat, além da baixa disponibilidade de presas. Criticamente ameaçados de extinção desde 1996, estima-se que existam apenas 85 dos felinos na natureza.
Sirfídeos europeus
Também chamados de moscas-das-flores, os sirfídeos europeus são muito importantes para a polinização e reprodução das plantas, ameaçados principalmente pela agricultura intensiva. Estudos estimam que quase 40% das espécies do inseto estão ameaçadas de extinção, com 5 delas em estado crítico. Para melhorar as condições desses animais, seria necessário transformar setores inteiros da economia, buscando alternativas de produção sustentáveis e salutares ao meio-ambiente.
Gorila-do-rio-cross
Grandes símios mais raros do planeta, os gorilas-do-rio-cross têm um população de apenas 300 espécimes na natureza, vivendo nas áreas montanhosas da Nigéria e de Camarões. A espécie desconfia bastante dos humanos, então é muito pouco vista, mas estima-se que está espalhada em ao menos 11 grupos.
Eles são ameaçados principalmente pela caça e perda de habitat, mas têm conseguido dar a volta por cima com a ajuda de comunidades locais, parceiros governamentais dos países que os abrigam, especialmente o Serviço Nacional de Parques da Nigéria e seus financiadores, vindos de várias partes do mundo.
Fonte: BBC