10 animais que usam drogas na natureza — de álcool a ayahuasca
Por Augusto Dala Costa • Editado por Luciana Zaramela |
O ser humano não é a única criatura do reino animal a usar psicotrópicos para alterar suas percepções — aliás, pesquisas apontam que nossa predileção pelo álcool vem de ancestrais símios, que espalharam esse gosto a outros macacos. Há muitas outras espécies que gostam de capotar o Corsa de vez em quando, seja com álcool, seja com alucinógenos ou outros estimulantes.
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Aqui, vamos apresentar uma lista de 10 animais que curtem usar drogas, para tirar um pouco essa percepção de exclusividade do ser humano no mundo ébrio e, é claro, matar um pouco dessa curiosidade sobre o reino animal.
Macacos também bebem
O primeiro exemplar da nossa lista é o macaco vervet (Chlorocebus pygerythtus), que se aproveita da droga mais fácil de se encontrar na natureza: o álcool, produzido a partir do açúcar presente nas frutas e algumas outras plantas. Nesse caso, o macaco invade plantações de cana-de-açúcar, procurando por pés mais velhos e fermentados, enchendo a cara com o líquido.
O curioso é que estudos mostraram que 4 em cada 5 espécimes do bicho preferem beber um copo de cachaça a um de água, sendo os mais novos os que mais gostam de álcool. A má influência, aparentemente, somos nós — que levamos a espécie à ilha de São Cristóvão (do país São Cristóvão e Neves), no Caribe, há 300 anos, onde os macaquinhos conheceram e curtiram a água que passarinho não bebe.
Larvas do pó
Outra droga no rol da curtição dos bichos é a cocaína. Mas não é, na verdade, na forma refinada em pó que conhecemos, mas sim a forma bruta, concentrada e estimulante da própria folha da coca, Erythroxylum coca. O apreciador da vez é a larva da mariposa Eloria oyesi, que se alimenta exclusivamente da planta. O gosto é tamanho que alguns biólogos lutam pela conservação das plantações ilegais apenas para ajudar na preservação dos insetos.
Ratatouille da cachaça
Já o Ptilocercus lowii, um mamífero conhecido como musaranho, é um pequeno bichinho de 10 cm da Tailândia e partes da Ásia que entorna valendo todas as noites: no caso, o néctar fermentado de uma palmeira, que equivale, para nós humanos a 10 ou até 12 taças de vinho. A diferença é que o musaranho não fica bêbado, já que transforma a maior parte do álcool em um composto que ajuda seus pelos a crescerem.
Gatos da erva
Essa é talvez a mais conhecida da lista: a erva de gato ou catnip (Nepeta cataria) é uma planta que deixa os gatos muito loucos — tão loucos, na verdade, que os cientistas afirmam ter o mesmo efeito nos felinos que o LSD tem nos humanos, funcionando como alucinógeno, dando sensações de relaxamento e prazer.
A erva simula feromônios, hormônios ligados ao sexo, e é por isso que a maioria dos gatos não resiste ao seu cheiro, se esfregando na substância e ficando hiperativo, se for um animal geralmente calmo. Já os agitados, podem se acalmar com o catnip. Alguns bichanos, no entanto, herdam uma imunidade dos seus ancestrais: cerca de 30% deles não dá bola para a erva de gato.
Wallabies, os cangurus do ópio
O maior produtor de ópio legalizado do mundo é a Austrália — e é claro que algum animal iria se aproveitar das plantações. Esse animal é o wallaby, uma espécie parente do canguru, só que menor, que se sente bem ao ingerir a substância. Bem talvez seja um eufemismo: eles ficam doidões, se unem em bandos e pulam em círculos nas plantações. O problema é tamanho que já chegou até ao parlamento do país.
Onças anti-Proerd
Um felino maior do que os gatos — as onças-pintadas — também tem a sua droga de estimação. Nesse caso, a Ayahuasca (Banisteriopsis), planta utilizada na mistura do chá em questão, é ingerida pelos bichos. A única dúvida é se eles o fazem para vomitar quando não estão bem, como os gatos fazem com a grama, para aguçar os sentidos na hora de caçar ou só para ficar alterados, mesmo.
Abelhas pinguças
As abelhas, na verdade, gostam de tudo que contenha álcool, seja néctar fermentado ou etanol puro, conseguindo beber até o equivalente a 10 copos de vinho dada a oportunidade. O bichinho, nessas condições, fica bem irritado, e, caso volte para a colmeia nesse estado, é expulso do local até ficar sóbrio. Qualquer semelhança com festas de família é mera coincidência, mesmo porque há uma grande diferença: caso isso se repita muitas vezes, as outras abelhas arrancam os membros da bebum como castigo.
Carneiros doidões
A América do Norte, especialmente as Montanhas Rochosas, abrigam carneiros selvagens (Ovis canadensis), onde cresce um líquen especialmente alucinógeno, com efeitos poderosos para os bichos. A questão é que ele é raro, mas os carneiros gostam tanto dele que acabam subindo em locais perigosos só para ter acesso à substância.
Cavalos viajantes
Quando cavalos comem uma planta da família Fabaceae, conhecida como crazy weed (erva louca), em inglês, o efeito é esse que você está pensando mesmo: a visão embaralha, a coordenação é afetada e os bichos ficam bem relaxados, praticamente como o álcool faz com os humanos.
O problema é que quaisquer estímulos, como o voo de uma borboleta, pode afetar o cavalo a ponto dele ficar agitado demais, ter uma espécie de bad trip. Os animais, na verdade, geralmente ingerem a planta sem querer, quando o inverno cobre os pastos, mas deixa as Fabaceae à mostra. Alguns estudos apontam que o uso excessivo da substância pode causar depressão e muita perda de peso nos cavalos.
Passa a centopeia?
Não é só de planta e álcool que vive o animal. Para alguns bichos, outras espécies é que trazem o efeito psicotrópico. Os macacos-prego (sapajus), por exemplo, se lambuzam na gosma protetora tóxica de uma espécie de centopeia, que, inicialmente, tem o efeito de proteger os macacos de parasitas e insetos.
Só que, quando usam a substância, os bichos entram em um tipo de transe, uma viagem de lagarta. O mais curioso é que, quando estão "usando" o animal, os macacos o passam de um indivíduo para outro, como um ritual social.
Fonte: CVJ, Phytochemistry, LiveScience, EWT, IFLScience, Folia Primatologica, JAS, OSU, BBC