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A história de Washoe, 1ª chimpanzé a aprender linguagem humana de sinais

Por| Editado por Luciana Zaramela | 20 de Agosto de 2023 às 15h00

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PeakPx/Domínio Público
PeakPx/Domínio Público

De golfinhos a cães e gatos, a fascinação do ser humano pela linguagem dos animais e como ela pode se relacionar com a nossa é grande. Uma das áreas mais estudadas e promissoras nesse campo é a dos primatas — único grupo não-humano que conseguiu aprender linguagem humana. A história mais emblemática de todas é provavelmente a de Washoe, primeira chimpanzé a aprender a Língua Americana de Sinais (ASL, na sigla original), chegando a saber 250 sinais.

A fêmea nasceu no oeste africana, em algum momento de setembro de 1965. Como a chimpanzé foi capturada na natureza, é provável que sua mãe tenha sido morta, já que ela foi vendida a um traficante de animais antes de cair nas mãos de militares estadunidenses. Levada aos Estados Unidos, ela foi “adotada” pelo casal de cientistas Allen e Beatrix Gardner, ajudando em seus estudos desde 21 de junho de 1966.

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Ambos os tutores de Washoe eram pesquisadores cognitivos, e criaram a chimpanzé no jardim de casa, a ensinando e encorajando o uso da língua de sinais, como teria sido feito a uma humana com deficiência auditiva. O nome da primata vem do condado de Washoe, Nevada, onde ela morou por cinco anos.

Compartilhando a linguagem com Washoe

O casal Gardner queria entender o quão próximos dos humanos são os chimpanzés. Para isso, segundo o próprio Allen contou ao periódico Nevada Today em 2007, eles tinham de criar um dos primatas como uma criança humana, incluindo a troca de uma linguagem comum. Com isso, a fêmea se tornou o primeiro animal a aprender ASL, com uma pesquisa sobre o caso saindo na revista científica Science em agosto de 1969.

Já em 1980, Roger Founts, antigo aluno dos Gardner, levou Washoa a Washington junto com a esposa, Deborah. Na cidade, a chimpanzé se tornou matriarca de três membros mais novos de sua espécie — Loulis, Tatu e Dar. Isso foi no Instituto de Comunicação de Humanos e Chimpanzés, da Universidade Central de Washington, onde ela teria ensinado sinais a Loulis em seus primeiros oito dias juntos, sendo a primeira vez que um chimpanzé aprendeu a linguagem de sinais de outro da espécie.

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Os chimpanzés que tiveram “adoção cruzada”, ou seja, que cresceram em famílias humanas, usaram seus sinais livremente tanto com primatas quanto com humanos, segundo cientistas. Os que foram apenas treinados com linguagem, geralmente em isolamento, só faziam sinais para outros humanos, e geralmente em resposta a perguntas específicas.

Outro experimento de adoção posterior, com um chimpanzé chamado Nim Chimpsky — uma piada com o linguista Noam Chomsky, que teorizou que a linguagem seria unicamente humana — mostrou, com análises de seus vídeos, que ele apenas copiava os pesquisadores.

Após Washoe, outros primatas aprenderam linguagem de sinais, como a gorila Koko, que teria aprendido entre 350 e 1.000 palavras da cientista Penny Paterson, nos anos 1970. Washoe faleceu aos 42 anos, em 2007, após mais de 20 anos na Universidade Central de Washington e uma vida permeada por pesquisas que expandiram nosso conhecimento sobre a linguagem e sua aquisição em primatas.

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Fonte: Friends of Washoe, Nevada Today, Nature, British Deaf News