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Crítica Invasão Secreta | Uma boa ideia desperdiçada pela Marvel

Por  • Editado por Jones Oliveira | 

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Marvel Studios
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O Universo Cinematográfico da Marvel (MCU, sigla em inglês) encontra-se em um momento bastante complicado. Depois de 11 anos construindo uma grande resolução para uma saga, Vingadores Ultimato chegou aos cinemas como um triunfo enorme. O Marvel Studios conseguiu finalizar o plano que começou em 2008, com a estreia de Homem de Ferro.

Só que, obviamente, a máquina não poderia parar e novos filmes foram anunciados para vindouras fases do MCU. No mesmo período, a Disney anunciou o lançamento do seu serviço de streaming, o Disney+, e logo surgiu a necessidade por mais conteúdo exclusivo para a plataforma.

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Isso fez com que uma verdadeira enxurrada de novos projetos fosse anunciada em forma de séries como Loki, Ms. Marvel, Mulher-Hulk, Cavaleiro da Lua e Gavião Arqueiro. Só que, no momento em que a necessidade de mercado entrou no meio do planejamento criativo, a ideia de "mais conteúdo" diluiu a maneira como a história do MCU progredia.

Filmes e séries que chegaram aos cinemas e ao Disney+ sem muita animação por parte do público porque nada parece estar levando a algum lugar. E, quando as produções tentam, são deixadas de lado (olhando com atenção para Eternos e as cenas pós-créditos de Doutor Estranho e o Multiverso da Loucura).

"Mas eles têm um plano", você pode argumentar. Ao final de Invasão Secreta, série mais recente desse universo cinematográfico, é possível chegar à conclusão de que ela é o melhor exemplo do que é o MCU hoje em dia. Nick Fury é Kevin Feige e ele tinha um plano. O problema é que ele não funciona mais.

Invasão tão secreta que ninguém se importa

Invasão Secreta bebe da fonte dos quadrinhos, assim como outras produções do MCU, mas não adapta de maneira fiel a saga original das HQs. Só que isso não seria um problema, já que a ideia de uma invasão de Skrulls, raça alienígena que consegue se transformar em outras pessoas, mesmo em uma escala menor do que a vista no gibi, ainda era muito interessante. O problema mesmo é a execução da trama.

O seriado foi anunciado com a confirmação que seria estrelada por Samuel L. Jackson, reprisando seu papel como Nick Fury, além de Ben Mendelsohn (Rogue One) novamente como o skrull Talos, papel que ele interpretou em Capitã Marvel. E o elenco ainda traria reforços de peso, como Emilia Clarke (Game of Thrones), Martin Freeman (Sherlock), Olivia Colman (A Favorita) e Don Cheadle (Capitão América: Guerra Civil).

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Um bom elenco em uma série com uma boa premissa, que finalmente puxava uma ponta solta de Capitã Marvel sobre a presença de Skrulls na Terra. Só que, como tudo o que vimos nas últimas iniciativas do MCU, tudo muito inócuo.

Assim como as produções pós-Ultimato, Invasão Secreta tem bons momentos, mas todo o resto em volta é mal desenvolvido, deixando uma sensação de que é totalmente desnecessária e, o pior, acaba levantando dúvidas em relação a competência do personagem que, essencialmente, é responsável por juntar todo o universo Marvel nos cinemas.

Nick Fury é um péssimo espião

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Enquanto Homem de Ferro é o filme que deu o pontapé inicial do MCU, até a sua cena pós-créditos, ele era apenas uma ótima adaptação dos quadrinhos para o cinema. A cena em que Samuel L. Jackson de tapa-olho sai das sombras mostra o chefe da SHIELD como alguém capaz de juntar os maiores heróis da Terra em prol de um bem maior.

O criador dos Vingadores sempre pareceu muito competente em todas as suas participações, até Capitã Marvel. Ali, ele é apenas um agente da SHIELD tentando fazer o seu trabalho e esbarrando em algo muito maior do que poderia esperar.

Como era praticamente uma história de origem do Fury e Carol Danvers que todos conhecem, aquilo fazia bastante sentido. Até chegar Invasão Secreta.

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Na série da Disney+, Fury está isolado no espaço após não saber como lidar com a vida pós-Blip. Ao retornar, por causa da ameaça de Skrulls, que planejam se infiltrar em governos da Terra e iniciar uma tomada do planeta, toda a fachada de um grande agente cai por terra.

Tudo o que ele conseguiu foi graças à ajuda de Skrulls, que usando sua habilidade de se transformar em qualquer pessoa, conseguiram informações importantes que levaram Fury até o posto mais alto da SHIELD.

Ao mesmo tempo, também é revelado que Fury e Carol Danvers prometeram encontrar um novo lar para os alienígenas, mas por décadas simplesmente largaram eles na Terra. Fury usando-os para seus planos, enquanto a Capitã Marvel nem aparece para saber o que estava acontecendo com eles.

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Invasão Secreta seria uma boa oportunidade de mostrar a capacidade de Fury como espião, além de responder algumas questões pertinentes como por que a dupla nunca resolveu a questão dos refugiados skrulls. Essas respostas chegam, mas são tão ruins que era melhor ter deixado quieto.

Falando em coisa ruim…

Invasão Secreta apresenta alguns conceitos e personagens ao MCU que podem fazer a diferença para a frente ou simplesmente serem deixados de lado como vários outros conceitos e personagens do passado.

Em uma série que custou mais de US$ 200 milhões (mas muitas vezes parece que custou menos da metade), a tal invasão alienígena parece pequena, mesmo com a ameaça do início da Terceira Guerra Mundial.

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O verdadeiro plano do líder rebelde dos Skrulls, Gravik, interpretado Kingsley Ben-Adir (Barbie), é revelado ao longo da série, mas se mostra tão falho desde o primeiro episódio que chega a ser impressionante como o Fury não consegue resolver tudo antes.

A atuação de Emilia Clarke como G'iah, principalmente quando ela está na mesma cena com atores de alta qualidade, como Ben Mendelsohn e Olivia Colman, mostra que a escolha da Marvel de colocá-la com tanto destaque na série e potencialmente no MCU pode não ter sido das melhores. Toda cena em que ela está, a atriz parece estar sofrendo ao tentar atuar.

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Em algo relacionado, é necessário dizer que Colman e Mendelsohn são os pontos altos de toda a série, já que Talos e Sonya Falsworth são os melhores personagens da Marvel em algum tempo. Talos já havia sido apresentado anteriormente, mas consegue se desenvolver muito bem com o tempo de tela que tem, e Colman brilha como a agente do MI6 com seu jeito cínico e debochado. Uma pena que eles não estejam tão presentes na série como deveriam.

Mais perguntas do que respostas

A conclusão da série é bastante equivocada e, sem dar muitos spoilers, basicamente resume todos os poderes dos heróis do MCU, inclusive alguns mágicos, ao seu DNA. Em dado momento, até mesmo a resposta para a dúvida sobre a durabilidade da bermudinha do Hulk é dada e ela é tão cretina que eu me recuso a falar sobre ela aqui.

As consequências de tudo o que aconteceu na série são completamente jogadas para baixo do tapete, salvo um gancho que deve ser aproveitado no filme Guerra das Armaduras, estrelado por Don Cheadle. Mesmo assim, é uma brecha que não precisava de Invasão Secreta para existir e talvez pudesse ser melhor desenvolvido em outro lugar.

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Ao final dos seus seis episódios, a mais recente série da Marvel levanta a questão se ainda vale a pena assistir a tudo o que o estúdio lança ou se, como acontece nos quadrinhos que os filmes e séries tanto tentam emular, é melhor se atentar em um personagem favorito e deixar os outros de lado.

Invasão Secreta está disponível na Disney+.