Invasão Secreta | Fim da série abre caminho para trama central dos X-Men no MCU
Por Durval Ramos | Editado por Jones Oliveira | 26 de Julho de 2023 às 11h09
O último episódio de Invasão Secreta chegou ao Disney+ nesta quarta-feira (26) dividindo bastante a opinião do público. Só que, enquanto os fãs discutem os acertos e erros do seriado como um todo, um detalhe no fechamento da história de Nick Fury (Samuel L. Jackson) parece preparar o terreno para a chegada dos X-Men e responder uma pergunta que há tempos sobre como os mutantes seriam retratados no Universo Cinematográfico da Marvel (MCU, na sigla em inglês).
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Ao longo desses 15 anos de histórias, vimos dezenas de super-heróis surgirem e o próprio mundo à sua volta abraçá-los com bastante fervor. As pessoas adoram os Vingadores, admiram os Guardiões da Galáxia e há convenções em que as pessoas se vestem até de Groot e Homem-Formiga. Por isso mesmo, sempre pareceu confuso que os mutantes seriam vistos como uma ameaça e que todo aquele discurso de intolerância faria sentido dentro desse contexto.
Isso até Invasão Secreta. A resolução final do último episódio criou o cenário perfeito para que esse componente vital na história dos X-Men seja desenvolvido daqui em diante no MCU, impactando todos os heróis, mas principalmente com o surgimento dos mutantes.
Atenção! Este texto tem spoilers de Invasão Secreta.
O discurso de ódio legitimado
O sexto episódio da série chegou ao Disney+ com uma conclusão um tanto questionável para a tensão entre humanos e skrulls, tornando a situação que já era delicada ainda pior. O que começou como uma história sobre refugiados e radicalização do discurso acabou se tornando uma grande alegoria sobre o surgimento do discurso de ódio.
E é aí que Invasão Secreta pode se conectar com a vindoura entrada dos X-Men no MCU. Ao final do episódio, o presidente Ritson (Dermot Mulroney) descobre sobre a conspiração skrull para iniciar uma guerra e tomar o planeta — e que ele quase foi morto no processo por um alienígena que assumiu o papel de Jim Rhodes (Don Cheadle) —, o que faz com que tome uma decisão bastante radical e violenta em resposta a isso.
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Após se recuperar e voltar à Casa Branca, o presidente americano faz um pronunciamento à nação contando o que houve e adota um discurso generalista ao apontar não apenas os skrulls, mas todos os alienígenas como uma ameaça à Terra. Ele diz que vai apresentar ao Congresso uma lei que declara todas as espécies nascidas em outro mundo como inimigas. “Sabemos quem vocês são. Sabemos como encontrá-los. E vamos matar cada um de vocês”, declara em tom ameaçador.
E as consequências dessa fala belicosa aparecem logo em seguida. O próprio Nick Fury fala sobre o discurso carregado de ódio e como o tom agressivo piorou a situação que já era complicada, criando uma paranoia entre os humanos e motivando grupos a caçarem qualquer um que eles considerem skrull. Assim, tanto alienígenas que viviam pacificamente quanto pessoas comuns que eram acusadas de serem aliens passam a ser assassinadas friamente.
Embora esse cenário carregado de ódio ecoe de forma bem sombria o nosso mundo atual, ele também é perfeito para introduzir os X-Men. Afinal, os mutantes são justamente uma vítima desse ambiente agressivo para com as diferenças. É algo vital dentro da mitologia dos personagens e que, até então, não tinha espaço no MCU.
Dentro da antiga lógica de que os super-heróis eram idolatrados, não faria sentido ver os mutantes como uma ameaça, como algo que as pessoas temem e odeiam. Contudo, Invasão Secreta mudou radicalmente esse panorama ao colocar alienígenas e “espécies nascidas em outro mundo” como inimigas.
Essa ideia de grupos armados radicalizados caçando minorias, como já aparece na série, é algo que ecoa em algumas das histórias mais icônicas dos X-Men. A clássica Deus Ama, o Homem Mata começa justamente dessa maneira, da mesma forma que essa intolerância violenta é algo que pode ser explorada de diversas formas tanto para introduzir a perseguição aos mutantes que vai gerar o grupo de heróis como também para criar algumas de suas ameaças, como os próprios Sentinelas ou a formação de campos de concentração.
A partir daí, é fácil imaginar por que um Professor Xavier criaria uma escola para abrigar jovens mutantes ou porque um Magneto se revoltaria contra a humanidade que o odeia e persegue. Aliás, a própria dicotomia entre os dois personagens mutantes é replicada aqui na dinâmica entre Talos (Ben Mendelsohn) e Gravik (Kingsley Ben-Adir), o que é outra pista do que está por vir.
Invasão Secreta dá pista da origem dos X-Men
O discurso do presidente Ritson é significativo também por dar uma dica de como os mutantes vão ser inseridos no MCU. Em sua ameaça aos invasores da Terra, ele não se direciona apenas aos skrulls ou a alienígenas de forma geral. Ele é muito específico ao dizer que “espécies nascidas em outro mundo” são inimigas.
É uma escolha de palavras bastante precisa e que pode ser interpretada como uma sinalização da Marvel para a chegada dos mutantes. Embora já tenhamos visto alguns sinais de mutações dentro dos filmes e séries, com Kamala Khan e Namor sendo descritos como tal, ainda é algo muito pontual para alimentar esse medo e ódio que é fundamental na mitologia dos X-Men.
Uma teoria que há tempos circula pela internet é que os mutantes viriam de outro mundo, pegando carona no uso do multiverso pelo MCU. Assim como aconteceu com os skrulls em Invasão Secreta, seria a chegada massiva de indivíduos considerados diferentes que iria fazer os ânimos se exaltarem e criar toda a intolerância que é vital para as histórias dos personagens.
E a fala do presidente sinaliza algo nesse sentido. Com a população alimentada por esse discurso de ódio a essa ameaça externa, a chegada de uma nova espécie de outra dimensão é a tempestade perfeita para mais caos e violência.
Como isso pode acontecer? Não está claro ainda. Por mais que as primeiras informações de Deadpool 3 mostrem que o filme deve brincar com essa ideia de universos se mesclando, é difícil acreditar que algo tão sério vai surgir de um longa focado na galhofa. Contudo, a piada de Ryan Reynolds e Hugh Jackman pode estar integrada a esta proposta maior de unir o MCU com o antigo universo Fox, por exemplo.
Outras implicações no MCU
O discurso de ódio é o maior fruto de Invasão Secreta para o resto do MCU e pode ser que ele tenha implicações não apenas com os X-Men, mas também com outros grupos e até mesmo em produções que ainda estão por vir.
Capitão América: Brave New World e Thunderbolts são dois exemplos disso. Sabemos que Harrison Ford estará nos dois filmes no papel do General Ross e rumores apontam que o personagem — que sempre foi contrário a super-heróis— deve chegar ao posto de presidente. E isso pode ser reflexo do que vimos na série.
No último episódio do seriado, Nick Fury fala que o discurso agressivo de Ritson é o tipo de coisa que não faz presidentes se reelegerem. E essa pode ser a deixa para explicar como Ross vai chegar à Casa Branca, algo que vários rumores já dão como certo. E faz todo sentido alguém como ele se alimentar dessa paranoia para tomar medidas radicais contra mutantes e seres poderosos num geral — incluindo a formação de um grupo como os Thunderbolts. Aliás, os próprios vilões de Brave New World também podem surgir dessa mesma linha supremacista.
Além disso, a ideia de que toda espécie de fora da Terra é uma ameaça é algo que impacta também os asgardianos. Vimos em Thor: Amor e Trovão que os sobreviventes de Asgard criaram um novo território que virou um ponto turístico bastante frequentado. Contudo, o novo cenário do MCU pode mudar isso de forma bastante drástica, com humanos encarando os antigos deuses como uma espécie invasora a ser exterminada.
Essa trama, inclusive, é bastante parecida com o que os quadrinhos trouxeram na saga O Cerco, em que também temos uma paranoia parecida e que fez Norman Osborn usar sua influência no governo americano para atacar as divindades nórdicas.
A diferença, contudo, é que não há nada no horizonte de anúncios apresentados pela Marvel que indique como isso pode ser explorado. Sem um filme do Thor nos planos, essa animosidade entre humanos e asgardianos é algo que ficaria relegado ao segundo plano em alguma outra história — Capitão América 4, talvez? — ou nem deve ser explorada. Ainda assim, vale ficar de olho.