10 séries dos anos 1990 e 2000 que merecem remake
Por Durval Ramos • Editado por Jones Oliveira |
A onda nostálgica dos anos 1990 e 2000 já começou a bater com força — basta ver a grande quantidade de séries que modernizam histórias que fizeram muito sucesso nessa virada de século. E há espaço para muito mais, já que esse período é justamente conhecido como Era de Ouro dos seriados, com alguns dos clássicos modernos que ainda são muito adorados e maratonados até hoje pelos fãs.
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E é por serem histórias ainda tão próximas de todo mundo que mexer no original soa até como sacrilégio em alguns casos, o que abre espaço para algumas experimentações. É o que veremos acontecer com Bel-Air, que pegou o conceito do clássico Um Maluco no Pedaço e trocou a comédia dos anos 1990 por uma abordagem mais voltada para o drama.
Apesar de ter sido uma decisão controversa, foi uma saída bastante interessante e que mostrou o quanto algumas das séries que a gente conhece e tanto gosta ainda podem render novas histórias, seja a partir de uma mudança mais drástica assim ou apenas com uma atualização de conceitos para modernizar a trama.
Pensando nisso, o Canaltech resolveu listar 10 séries clássicas dos anos 1990 e 2000 que poderiam muito bem voltar à vida hoje em dia.
10. Buffy: A Caça-Vampiros
Tudo bem que o nome de Joss Whedon não esteja mais tão em alta depois da confusão nos bastidores de Liga da Justiça, mas isso não muda o fato de Buffy: A Caça-Vampiros ter sido uma série muito à frente de seu tempo que trouxe uma heroína feminina muito boa, personagens coadjuvantes muito carismáticos e uma história que funcionava muito bem.
Por isso mesmo, é até fácil imaginar o conceito sendo replicado em um remake. Não é preciso nem muita coisa para refazer a série, apenas simplificar a trama para reduzir as sete temporadas pela metade. Para isso, basta adequar a linguagem ao que a gente vê atualmente, deixando de lado a lógica do monstro da semana e apostando em uma narrativa mais direta e concentrada em menos episódios.
Assim, um remake de Buffy funcionaria até mesmo para um público mais teen com uma pegada mais sombria, de forma até bem parecida com o que foi Sabrina. Só que, ao invés de se apoiar tanto no drama colegial, a ideia seria colocar a protagonista realmente enfrentando um avanço das hordas demoníacas ao mesmo tempo em que passa a conviver mais e mais os bebedores de sangue.
Em uma época em que os fandoms estão prontos para abraçar o shipping, Buffy: A Caça-Vampiros teria tudo para ser um sucesso só no triângulo entre a heroína, Angel e Spike. Isso sem falar que seria a oportunidade perfeita de criar um efeito melhorzinho para os vampiros ao invés daquela maquiagem estranha da série original.
9. Power Rangers
A Hasbro sabe o quanto Power Rangers marcou época e o quanto a série original ainda é muito bem lembrada pelo público que cresceu com os Megazords. Apesar de a trama ser bem infantil e até mesmo boba, há um carinho afetivo que é uma mina de ouro para o estúdio. Não por acaso, eles tentaram emplacar um reboot nos cinemas que não deu muito certo.
Isso porque o espírito espalhafatoso dos heróis não é algo que combina com a telona. O que manteve a franquia viva ao longo de todos esses anos foi justamente seu visual bastante característico, algo que o filme descartou para criar armaduras genéricas.
Por isso, um reboot de Power Rangers funcionaria muito bem se adotasse o rumo da história que o longa de 2017 tentou apresentar, com uma trama mais séria, mas sem abrir mão das cores mais chamativas e do próprio visual icônico dos trajes. Ainda seria possível tornar os trajes mais imponentes, mas sem se distanciar tanto do original.
Em termos de história, a ideia seria aproveitar os personagens da primeira temporada e colocá-los tendo que encarar essa ameaça alienígena ao mesmo tempo em que precisam lidar com tensões internas ao próprio grupo. A relação entre os heróis sempre foi algo bastante negligenciado e que poderia render boas histórias em temporadas mais curtas, trazendo uma boa dose de drama com ação.
8. Firefly
Embora tenha tido uma única temporada de apenas 14 episódios, Firefly é comumente lembrada pelos fãs de ficção-científica como uma das histórias mais injustiçadas da TV nos anos 2000. E um reboot seria a oportunidade ideal de fazer justiça a essa história.
Até porque a trama da série é mesmo muito boa. Ambientada no século XXVI, ela mostra a humanidade depois de uma guerra civil e já habitando um novo sistema solar. E o foco são os tripulantes de uma nave pertencente ao lado perdedor desse conflito.
Só isso já é um excelente ponto de partida para uma trama que tem tudo para ser bem atual, ainda mais quando o universo da série já abordava a formação de um grande governo global formado pela junção dos governos dos Estados Unidos e China e mostrando uma sociedade que, apesar de todos os avanços, ainda seguia bastante fragmentada.
Assim, uma nova versão de Firefly poderia expandir a proposta que a série original apresentou e, de quebra, ser o western espacial que Cowboy Bebop da Netflix fracassou em ser.
7. Smallville
Um revival de Smallville é aquela bola que está quicando há tempos à espera de que alguém tenha o bom senso na Warner Bros e venha para cortá-la. Tanto que já tentaram fazer isso nos quadrinhos e até os atores do seriado original já prometeram fazer isso em animação, mas nada ainda saiu do papel.
E toda essa comoção é simples: todo mundo quer ver Tom Welling usando o uniforme do Superman. Foram 10 temporadas preparando o jovem Clark Kent para virar o Superman para, no fim da história, isso não acontecer de verdade. Assim, trazer novos episódios com o elenco original — ou pelo menos aqueles que não foram condenados por fazerem parte de um culto maluco — para concluir a jornada do Homem de Aço é uma questão de respeito com o personagem.
Ainda que Welling não seja mais um garotinho como na época de Smallville, os seus atuais 45 anos de idade seriam perfeitos para trazer um Superman mais maduro que funcionaria muito bem em uma temporada curtinha para discutir justamente o que significa ser um super-herói depois de todos esses anos.
Daria até para se basear em algumas HQs nessa pegada, como Grandes Astros: Superman, mostrando como Clark entende a humanidade mesmo sendo quase um deus.
Isso sem falar que não tem quem não cante quando o “Somebody save me” começa a tocar.
6. TV Cruj
É impossível pensar em replicar o formato do TV Cruj original atualmente. Apesar de todo mundo lembrar com carinho da história do grupo de crianças — perdão, ultrajovens — montando uma emissora de TV pirata, a verdade é que o programa do SBT era muito mais uma desculpa para exibir desenhos do que realmente uma trama de verdade. Tanto que a tentativa de criar uma novelinha com aqueles personagens foi o que enterrou o seriado de vez.
Só que isso não quer dizer que a ideia de trazer uma nova versão do Comitê Revolucionário Ultrajovem não funcionaria. Na verdade, seria muito interessante ver o elenco original voltando a interpretar aqueles personagens em uma minissérie com uma pegada bem próxima à de filmes como Christopher Robin, mostrando os antigos protagonistas como pessoas que foram engolidas pela vida adulta e que, de alguma forma, são despertadas para aquele velho sentimento que marcou a sua infância.
E esse despertar poderia acontecer a partir dos seus filhos. Assim, teríamos uma nova geração de ultrajovens se aventurando na vida de streamers e descobrindo que seus pais chatos já foram protorrevolucionários no passado — e vão precisar resgatar o Caju, Macaco e Chiclé que foram esquecidos pelo tempo para resolver algum problema na internet.
Seria uma ótima forma de adaptar o conceito aos tempos atuais ao mesmo tempo em que surfa na nostalgia do pessoal.
5. Freaks and Geeks
No longínquo ano de 1999, a série Freaks and Geeks já contava como era a dura vida dos nerds na escola em uma época em que ler gibi de super-herói não era motivo de orgulho, mas de vergonha, e que dizer que você gostava de videogame e RPG era motivo para apanhar no recreio do valentão da sexta série. Só que os tempos são outros e temos uma relação bem diferente com a cultura pop — o que faz com que um remake do seriado pudesse dar novo ar ao conceito.
Assim, daria para brincar tanto com a popularidade de filmes da Marvel e DC, o fato de todo mundo andar com uma camiseta do Capitão América e do Batman por aí, mas ainda explorar com bom humor as dificuldades de socialização dos nerds, ao mesmo tempo em que brinca com algumas dos novos desafios que a vida online trouxe para os geeks.
Apesar de a premissa soar bem parecida com The Big Bang Theory — que sempre bebeu muito da fonte da Freaks and Geeks —, o charme da série original sempre foi seu roteiro e os ótimos personagens, além do fato de ser uma comédia que ria com os nerds e não deles. Assim, bastaria saber dosar isso no roteiro e não transformar os protagonistas em esquisitões quase malucos, como aconteceu com Sheldon.
4. TV Colosso
Assim como no caso do Cruj, a TV Colosso é outro clássico brasileiro que brinca com a linguagem de uma emissora de televisão e que poderia ser muito bem modernizada em um remake no ambiente digital ou mesmo com um revival, trazendo os velhos cães tentando se provar relevantes nos tempos da internet.
A dinâmica da série poderia ser até bem parecida com a usada pela Disney nas últimas versões de Os Muppets, mostrando os bastidores de um programa liderado por Kermit. A diferença é que teríamos Priscila, Gilmar e Roberval tentando se adaptar à vida de produtores de conteúdo, seja sofrendo para criar o roteiro de um vídeo, arranjando alguma confusão enquanto tenta fazer uma live e coisas do tipo.
E daria para aproveitar a personalidade já existente de alguns personagens para brincar com situações das redes sociais. A Priscila, por exemplo, poderia muito bem tentar emplacar como digital influencer em alguma rede social enquanto Gilmar é o meme ambulante.
3. Xena: A Princesa Guerreira
Outra série que sempre foi muito à frente de seu tempo foi Xena: A Princesa Guerreira. Trazendo uma heroína muito poderosa e sugerindo um romance entre duas mulheres em uma época em que isso não era nem cogitado na TV, a história da guerreira amazona nasceu como um spin-off do seriado do Hércules, mas rapidamente se tornou maior e mais popular.
E diante de todas as temáticas apresentadas e o quanto a sociedade evoluiu ao longo de todos esses anos, imaginar uma nova versão de Xena em que trata de questões de gênero e orientação sexual sem abrir mão da porradaria que a personagem sempre lidou tão bem é algo que tem tudo para ser sucesso.
Isso sem falar que agora há tecnologia e recursos para criar toda a ambientação mitológica sem fazer com que o resultado final pareça uma peça escolar.
2. 24 Horas
24 Horas reinventou as séries de ação no início dos anos 2000 ao trazer uma trama envolvente, com um senso de urgência constante e repleto de reviravoltas. A trama de Jack Bauer se tornou tão icônica que até foi estendida mais do que o necessário e até houve uma tentativa de ressuscitar o seriado, mas sem o mesmo impacto do original. Só que o que a trama realmente precisa é de um remake que traga a luta de Bauer para os tempos atuais.
Ainda que a história original continue muito boa, não há como negar que a idade bateu com força ali. A primeira temporada é de 2001 e tanto o contexto político e social da época era bem particular — lembre-se, estamos falando de um contexto imediatamente pós-11 de Setembro — como a própria tecnologia da época era bem rudimentar perto do que temos hoje.
Assim, imagine um novo Jack Bauer tendo que lidar com problemas mais atuais e em um mundo muito mais conectado do que duas décadas atrás. Só o fato de o herói ter um smartphone à sua disposição já abre mil novas possibilidades de como lidar com as novas ameaças, que podem incluir desde ataques de ciberterroristas estrangeiros até o surgimento de grupos de malucos que se organizaram online para invadir o Capitólio, por exemplo.
1. O Rei do Gado
O sucesso de Pantanal deixou bem claro que remake de novela funciona, sim. E embora a gente não esteja acostumado a pensar o formato como parte da nossa cultura pop, o simples fato de o nome Bruno Mezenga continuar em nosso imaginário é a prova de que O Rei do Gado é uma história que pode e merece ganhar nova vida na TV.
E há vários pontos que podem ser atualizados, da mesma forma que temáticas do original podem ganhar novos significados caso sejam reapresentadas ao público. O simples de termos um protagonista ligado ao agronegócio engatando um romance com um bóia-fria ligada ao Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) é algo que tem um peso totalmente diferente em 2022 que não existia em 1996 — e só isso já vale o remake.
Isso sem falar que a história da rivalidade entre os Mezenga e os Berdinazi é algo atemporal. Afinal, estamos falando do mesmo arquétipo do amor proibido que a gente conhece de Romeu e Julieta e tantas outras histórias.
O grande desafio desse remake seria adaptar a primeira fase da história. Na novela original, ela se passa no período da Segunda Guerra Mundial e a distância de tempo — seriam quase 80 anos do fim do conflito ao invés dos 50 de quando o folhetim foi ao ar — pode inviabilizar alguns pontos da história.