Review novo Honda HR-V | Ter ambição não faz mal a ninguém
Por Felipe Ribeiro | Editado por Jones Oliveira | 02 de Abril de 2023 às 09h00
O Honda HR-V foi lançado no Brasil em 2015, chegando ao país em sua segunda geração e inaugurando uma das maiores rivalidades no mercado nacional com o Jeep Renegade. Ambos ajudaram na popularização total dos SUVs compactos por aqui, graças à qualidade apresentada.
Passados longos 7 anos, finalmente a Honda decidiu lançar uma nova geração do HR-V, que chegou no final de 2022. A estratégia por aqui é muito clara: evoluir o carro do ponto de vista energético e tecnológico, encorpar a carroceria e tentar não apenas conquistar clientes entre os modelos compactos, mas também beliscar uma fatia dos compradores das versões de entrada dos SUVs médios.
O Canaltech conseguiu avaliar por bastante tempo duas versões do Honda HR-V, a Touring, mais equipada com motor turbo, e a EXL, a mais completa com motor 1.5 aspirado, o mesmo do Honda City. Na média, a evolução com relação à geração passada é considerável, mas será que é o suficiente para tomar clientes do Jeep Compass e do Toyota Corolla Cross? E no ambiente dos compactos? Será que o preço elevado vai atrapalhar?
Tecnologia e Segurança
Um dos pontos de maior evolução na nova geração do Honda HR-V é o pacote de segurança e tecnologia. O SUV recebeu em todas as versões o pacote Honda Sensing, que agrega recursos como alerta de colisão frontal, frenagem automática de emergência, piloto automático adaptativo, alerta de saída de faixa com correção, centralizador de faixa e comutação automática do farol alto.
Essa lista de recursos é a mesma presente no Honda City e no recém-lançado Honda Civic e:HEV. Sendo assim, seguimos sentindo falta do alerta de ponto cego, do leitor de placas de trânsito e até mesmo de um auxiliar de estacionamento, que estão presentes, por exemplo, no Jeep Renegade S, a versão mais cara do concorrente.
No lugar do sensor de ponto cego, por exemplo, está o lane watch, uma câmera posicionada na lateral direita do carro e que exibe imagens dessa posição, somente. Ela pode ser acessada sempre que necessário, com um botão próximo ao volante, ou sempre que a seta para a direita for ativada. Como já dissemos, trata-se de um recurso que não gostamos e que pode até atrapalhar a condução, já que a imagem entra no lugar do que aparece na central multimídia e tira o caminho que estamos seguindo no GPS, por exemplo, mesmo depois do SUV já não estar mais com a seta.
Mesmo com esses pormenores, é louvável o novo Honda HR-V ter desde sua versão de entrada, equipamentos desse nível. Um dos mais legais, aliás, é o centralizador de faixa, que praticamente dirige o carro por você em determinados momentos.
Falando da conectividade e infotenimento, o novo HR-V recebeu a mesma central multimídia do Honda City. Por mais que traga o Android Auto e Apple CarPlay sem fio, a interface é ruim e a câmera de ré é uma das piores que já vimos recentemente.
Para compensar, há o sistema My Honda Connect, que conecta o carro a um aplicativo e te dá a chance de executar um monitoramento completo do veículo, além de executar funções remotas. Não é tão completo quanto alguns concorrentes, mas é bem pensado e executado sem engasgos. O recurso, no entanto, está disponível somente nas versões com motor turbo.
No frigir dos ovos, o novo Honda HR-V não faz feio nos quesitos segurança e tecnologia, sendo uma opção das mais completas do seu segmento. O SUV traz, também, itens como carregador de celular por indução, seis airbags, controles de estabilidade e tração, limitador de velocidade e sistema ISOFIX.
Experiência de uso e Conforto
O novo Honda HR-V também apresentou evoluções quando pensamos na experiência de uso e no conforto, mas muito mais na versão Touring do que na EXL. Explicamos.
O motor 1.5 aspirado de 126cv e 15,8 kgf/m de torque que equipa as versões mais em conta do SUV foi apenas suficiente na maioria do uso, passando pouca emoção e prazer em dirigir. Se no City o propulsor vai até bem, no novo HR-V ele chega a sofrer em alguns momentos, principalmente no ambiente rodoviário. Para compensar, o consumo foi excelente, com médias de 11,7 km/l na cidade e 16,2 km/l na estrada (sempre com gasolina e no modo Econ).
Para ter uma real experiência de direção, com agilidade e um certo dinamismo de hatch, a melhor opção, claro, é o HR-V Touring. Além de estar com um motor bem mais interessante, o 1.5 turboflex de 177cv e 24,5 kgf/m, a Honda aplicou ajustes mais firmes na suspensão, algo que trouxe não apenas agilidade ao SUV, mas uma dirigibilidade acima da média para a categoria. Nesse ponto, ele chega a rivalizar com o VW T-Cross, que apresenta características parecidas.
O consumo na variante turbo, aliás, também é bom. Marcamos 9,9 km/l na cidade e 15,3 km/l na estrada, também com gasolina no tanque. O câmbio, é bom lembrar, é o mesmo em ambas as motorizações: um CVT que simula sete marchas.
Um ponto que mudou pouco no HR-V, mas que segue excelente, é o espaço interno. As novas medidas do SUV mostram mais musculatura, sendo pouca coisa menores que SUVs médios, por exemplo. A nova geração do compacto da Honda tem 4,38m de comprimento, 1,79m de largura, e 1,59m de altura, com os mesmos 2,61m de entre-eixos da geração anterior. Não chega a ser o conforto de um sedan, mas uma família grande pode ser abrigada sem problemas.
O ponto negativo por aqui, porém, vai para o porta-malas, que tem, agora, 354 litros, contra 437l da geração anterior. Mas a sensação de menos espaço vai além da litragem. Sofremos para colocar compras de mercado e um carrinho de bebê, por exemplo, algo que não aconteceu com rivais de litragem parecida.
De modo geral, o Honda HR-V, em sua nova geração, é um carro excelente quando pensamos em dinamismo e conforto, principalmente na versão Touring, que parece ter recebido um tratamento especial para, de fato, tentar conquistar clientes do Compass Sport e do Corolla Cross XR.
Os itens de conforto e comodidade do novo Honda HR-V são compostos pelo ar-condicionado digital (duas zonas no Touring), sensor de chuva, sensor crepuscular, direção elétrica, retrovisor interno eletrocrômico, rebatimento elétrico dos retrovisores externos, sistema de assentos modulares Magic Seat, abertura automática do porta-malas com sensor de presença, sensores de estacionamento e função auto-hold.
Design e Acabamento
Falando primeiramente do design, a nova geração mudou radicalmente quando comparamos com a anterior. Percebe-se uma preocupação da Honda em dar mais musculatura ao novo HR-V, de modo que ele pareça, de fato, um carro de categoria superior.
A dianteira está mais proeminente e com mais altura. Para quem está dentro do carro, é clara a diferença para o HR-V antigo. Antigamente, o SUV tinha um jeitão de hatch bombado, hoje, lembra muito os SUVs quadrados. Na traseira, a mudança foi ainda mais forte, com o acréscimo de um filete de LED que liga as duas lanternas.
No interior, as mudanças também foram drásticas e há pontos positivos e de decepção total. No geral, a aparência até é de mais requinte, principalmente na variante Touring, porém, há mais plástico duro do que deveria sobretudo no painel frontal. O cluster parcialmente digital é igual ao do City, o que incomoda também.
Outro ponto negativo por aqui é o isolamento acústico, um dos piores entre os SUVs compactos e algo que vai desagradar quem busca SUVs médios.
No geral, o novo HR-V é bonito e agrada no design, mas a geração antiga, na opinião deste repórter, era mais interessante nesse aspecto.
Concorrentes
A lista de concorrentes do novo Honda HR-V é grande. Podemos citar, entre os SUVs compactos, o Jeep Renegade, Chevrolet Tracker, Hyundai Creta e VW T-Cross, que custam entre R$ 120 mil e R$ 180 mil. Nas versões mais caras, o alcance pode ser nas versões mais em conta de Jeep Compass, Toyota Corolla Cross e VW Taos, que passam dos R$ 180 mil.
Novo Honda HR-V: Vale a pena?
Lembra quando falamos da estratégia da Honda com o novo HR-V? Bem, considerando tudo o que detectamos nesses dias com as duas versões do carro, podemos dizer que ele está no meio termo entre um SUV compacto e um SUV médio. Talvez falte sofisticação para conquistar clientes do Compass, por exemplo, mas há desempenho e equipamentos tecnológicos que podem convencer clientes dos dos segmentos.
O carro, por si, é excelente. Talvez os preços é que estejam um pouco desequilibrados. Mas, sim, ele vale a pena.
Novo Honda HR-V: Preços e versões
- EX Honda SENSING: R$ 148.900,00
- EXL Honda SENSING: R$ 156.700,00
- Advance: R$ 182.900,00
- Touring: R$ 190.900,00
No Canaltech, o novo Honda HR-V foi avaliado graças a unidades gentilmente cedidas pela Honda South America.