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Análise | Novo Chevrolet Tracker é mais competitivo e atraente que antecessor

Por| Editado por Jones Oliveira | 21 de Junho de 2020 às 10h30

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Felipe Ribeiro/ Canaltech
Felipe Ribeiro/ Canaltech

A Chevrolet é líder absoluta de vendas no Brasil há alguns anos, mas se há um segmento do mercado automotivo em que a montadora norte-americana não consegue fazer sucesso, este é o de SUVs, sejam eles compactos, médios ou grandes. O problema, porém, nunca chegou a ser, de fato, o produto em si. Quem é que não se lembra da saudosa Chevrolet Blazer, que era sinônimo de elegância e potência?

No início do século XXI, em parceria com a Suzuki, a General Motors lançou o Tracker, que nada mais era do que um Suzuki Gran Vitara com algumas mudanças visuais. O carro era caro, pesado e beberrão, apesar de ser 4x4 e abastecido com diesel. Depois de um hiato que se iniciou em 2007, a montadora relançou o modelo como um SUV intermediário, tendo como base o extinto Chevrolet Sonic, mas com o motor 1.8 do Cruze. Apesar da boa impressão inicial, ele não foi bem-sucedido.

Vendo que o mercado se aquecia com a chegada de modelos como Jeep Renegade e Honda HR-V, a Chevrolet decidiu fazer um upgrade de respeito no Tracker, equipando-o com um motor turbo de 153cv, o mesmo da nova geração do Cruze, e estava crente de que conseguiria ao menos, incomodar os rivais. Ledo engano. O alto preço e as poucas versões disponíveis não atraíram o já saturado mercado, que fora inundado com vários produtos.

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Mas a GM não desiste. Aproveitando a boa fase, a montadora resolveu fazer uma mudança radical e criar a terceira geração de seu SUV. Com uma reestilização completa, novos motores, interior mais equipado e seguro, e preços competitivos, a ideia é de, finalmente, incomodar o reinado do Renegade e disputar diretamente com o Volkswagen T-Cross.

Por mais que o carro tenha se inferiorizado em termos de potência e desempenho, há muitos ingredientes aqui que o farão ser mais atraente e competitivo. O Canaltech passou um tempo com a versão topo de linha do Tracker, a Premier, e vai contar tudo para vocês agora.

Visual impactante

Sempre que analisamos o design de um produto, é necessário fazer aquele velho alerta: sim, gosto é gosto e cada um tem o seu. Mas, convenhamos, é muito difícil dizer que a Chevrolet não acertou no visual do novo Tracker. Com linhas mais agressivas e esportivas, o SUV ficou mais jovem e atraente, ainda mais nessa cor “azul Canaltech” que tivemos a chance de testar.

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O melhor parâmetro para se analisar o design de um automóvel é observar seus detalhes, que foram cuidadosamente pensados. Um raio de ataque mais amplo e curvado dá uma impressão de estarmos em um carro mais baixo, mesmo ele tendo quase a mesma altura de seu antecessor.

O conjunto óptico é todo em LED e encaixou muito bem com o setor dianteiro, com muita harmonia. É bom lembrar, porém, que ficamos com a versão topo de linha, que é recheada de mimos, cromados e detalhes. Mesmo assim, as versões mais modestas também são bem atraentes e são elas que vão compor o grosso das vendas.

É preciso entender o downgrade

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Apesar de ser muito bem equipado, o grande ponto que gerou dúvida no mercado com relação ao novo Tracker foi sobre como a Chevrolet iria lidar com sua motorização. Era sabido que a versão de entrada herdaria o novo motor do Onix, o Ecotec 1.0 Turbo de 116 cv de potência e 16,8 kgfm de torque, mas as opções mais avançadas não continuariam com o competentíssimo 1.4 turbo de 153cv da geração passada.

A ideia da Chevrolet era tornar o seu SUV compacto mais competitivo e, com um motor superior, ele ficaria mais caro e não agradaria (ou atenderia, por assim dizer) nem os fãs de utilitários de entrada, tampouco os de SUVs médios, que procuram potências mais chamativas.

Como solução, vimos uma evolução do Ecotec, que ficou um pouco maior, chegando ao 1.2 litro, e alcançou potência de 133cv a 5.500 rpm e torque de 21,4 kgfm a 2.000 rpm com etanol, e 132 cv a 5.500 rpm e torque de 19,4 kgfm a 2.000 rpm com gasolina, sempre acoplado ao câmbio automático de seis marchas.

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Durante nossos testes, percebemos que o Tracker tem um comportamento muito competente quando pensamos seu uso para o circuito urbano. As arrancadas são eficientes, as retomadas ligeiras (mas não tanto) e seu consumo foi surpreendente, com média de 8,6 km/l no etanol.

A direção elétrica é das melhores que já testamos por aqui, muito bem calibrada e que atua de acordo com a nossa necessidade. Já o câmbio, que é o mesmo do Onix, se comporta um pouco melhor do que no compacto, com marchas mais bem escalonadas e respostas mais precisas.

Com o automóvel cheio, com quatro pessoas, sentimos algumas dificuldades, sobretudo nas subidas. Por mais que o torque chegue muito rápido, falta potência quando o “motor enche”, ou seja, quando pisamos fundo e precisamos que o carro responda com o máximo que pode.

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Aí você se pergunta: por que tirar potência do carro? Parte de conceber um produto é entender seu posicionamento, e não tem como dizer que a Chevrolet não acertou ao fazer esse downgrade no novo Tracker. Ao reposicioná-lo, a empresa espera poder competir em pé de igualdade com os rivais que mais vendem no mercado e que têm atrativos cada um a seu modo. Se levarmos em conta que as opções topo de gama oferecidas atualmente pelas concorrentes mais diretas, Jeep e Volkswagen, é possível dizer que, sim, teremos uma bela competição.

Interior mais equipado, mas menos requintado

O reposicionamento do novo Tracker também pode ser percebido por dentro do automóvel. Houve uma sensível modernização da cabine, com mais equipamentos tecnológicos à disposição do motorista e dos passageiros e uma sensação de segurança maior. O revés, porém, são os detalhes, algo que sempre pegamos no pé aqui no Canaltech.

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Para um automóvel que não sai por menos de R$ 112 mil, fica notória a falta de requinte que o Tracker apresenta, algo que era bem melhor em sua versão anterior. A começar pelo cluster principal, que lembra bastante aqueles minigames antigos. O plástico toma conta de toda a cabine e nem mesmo uma faixa central no console, que tem um material com toque um pouco melhor, torna as coisas mais agradáveis.

Apesar disso, o Tracker vai bem - muito bem. O destaque, evidentemente, fica para a nova central multimídia My Link de 8 polegadas, que tem uma bela resolução, conexão Wi-Fi, 4G nativo e um sistema bem fluído, o que a torna, sem dúvida, a melhor central do mercado dentro deste segmento de SUVs compactos – assim como o Onix já tinha entre os carros de entrada.

Ainda em comparação com relação à geração anterior, o novo Tracker ganhou um novo sistema de estacionamento automático, alerta de colisão frontal, carregamento de smartphones por indução e teto solar panorâmico. Por aqui, em nossos testes, é necessário ressaltar que houve uma evolução do sistema de estacionamento com relação ao Onix. O computador interno do Tracker efetuou os comandos com muito mais precisão e sem que tivéssemos nos sentindo inseguros ao deixar que o carro fizesse a baliza.

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Já o alerta de colisão frontal funciona com perfeição, mas vale o aviso: ele não frena o carro, a não ser que ele esteja bem devagar. O alerta é meramente sonoro e há uma sinalização no cluster principal que te avisa se você está a uma distância segura do veículo à frente.

Para um carro de R$ 112 mil, bem que esse sistema poderia ser um pouco mais avançado. Lembrando que o novo HB20 topo de linha, também testado pelo Canaltech, é capaz de efetuar frenagens de emergência a uma velocidade mais corriqueira. O sistema de alerta de ponto cego, que estreou no novo Onix, também está presente e funciona com a mesma competência vista no compacto.

A posição de dirigir também ficou melhor no novo Tracker, com uma pegada mais esportiva e com mais conforto. A suspensão, algo que era bem crítico no modelo anterior, recebeu melhorias, mas ainda segue mais para um perfil firme, que privilegia uma direção mais ágil, do que para um perfil mais confortável e macio, que absorve melhor os impactos de nossas ruas esburacadas. Por ser um SUV com pegada urbana, um ajuste para o conforto poderia ser pensado, mas não é nada que atrapalhe a experiência de se ter um novo Tracker.

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Para os passageiros que viajarem atrás, há um pouco mais de conforto, já que o novo Tracker ganhou dois centímetros de entre-eixos e tornou as coisas mais espaçadas. O porta-malas, duramente criticado na geração anterior, agora tem capacidade para 393 litros, contra os 330 do modelo antigo.

Completam os itens de segurança e conforto:

6 airbags, alarme, assistente de partida em rampas, controles de tração e estabilidade, faróis e lanterna de neblina, indicador de vida útil do óleo, luz de condução diurna, regulagem de altura dos faróis, fixação de cadeiras infantis Isofix e Top Tether, ABS, coluna de direção com regulagem de altura e profundidade, computador de bordo com informações de viagem, veículo e consumo, travas elétricas, vidros elétricos com acionamento tipo um toque e antiesmagamento, cobertura do porta-malas, banco traseiro bipartido, sistema USB para o banco traseiro, volante com comandos de som, OnStar, abertura de portas com chave presencial, partida por botão, sistema start-stop, piloto automático, espelho retrovisor interno fotocrômico, piloto automático, câmera de ré, ar condicionado automático e digital.

Atraente e competitivo

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Não resta dúvida de que houve uma evolução no Chevrolet Tracker. Apesar de receber motores com menos potência e desempenho, tudo se justifica quando pensamos no reposicionamento que a marca optou em fazer para que seu produto pudesse competir no segmento mais aquecido do mercado nacional.

Seu design mais esportivo e jovem, seu motor ágil e econômico e seu pacote de itens tecnológicos dos mais completos do mercado dão a impressão que o carro evoluiu, mesmo tendo um recuo na questão da potência e do desempenho.

O novo Tracker é lindo, atraente, competente, tecnológico e seguro. Deu alguns passos atrás para, quem sabe, dar outros para frente e, quem sabe, liderar também entre os SUVs.

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O Chevrolet Tracker Premier está à venda em todo o Brasil por a partir de R$ 112 mil.

O Chevrolet Tracker Premier utilizado nesta análise foi gentilmente cedido ao Canaltech pela General Motors do Brasil.