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Idosos vacinados ainda estão vulneráveis à covid?

Por| Editado por Luciana Zaramela | 17 de Setembro de 2022 às 09h30

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Sofiiashunkina/Envato Elements
Sofiiashunkina/Envato Elements

Desde a descoberta do vírus da covid no final de 2019, os idosos estão entre os que mais sofreram privações, ao lado das pessoas com comorbidades. Isso porque os casos do coronavírus SARS-CoV-2 tendiam a ser mais graves neles. Agora, com as quatro doses da vacina e muitos avanços da ciência nos últimos dois anos, o quão vulneráveis permanecem à pandemia?

Para entender quais medidas as pessoas que têm mais de 65 anos ainda precisam manter na pandemia da covid-19, o Canaltech entrevistou a médica Lina Paola Rodrigues, infectologista da BP - Beneficência Portuguesa de São Paulo.

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Idosos foram mesmo os mais afetados pela pandemia da covid-19?

Antes de seguirmos, é preciso lembrar que, de fato, os idosos foram um dos grupos mais afetados pela pandemia da covid-19. Quando não existiam vacinas disponíveis no Brasil — apenas em janeiro de 2021 as primeiras doses começaram a chegar —, eles estavam entre os principais grupos de risco para a doença. Inclusive, estiveram entre os primeiros a serem vacinados. Até hoje, muitos mantêm a reclusão aprendida naqueles tempos difíceis.

Para dimensionar o problema, no estado de São Paulo, são contabilizadas oficialmente 174.461 mortes em decorrência do coronavírus até esta sexta-feira (16). Entre os óbitos estaduais, 68,9% foram registrados no grupo de pessoas com mais de 60 anos. Isso significa que foram mais de 120 mil mortes nesta faixa etária.

Quais grupos ainda estão em risco para a covid?

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As pessoas com mais de 65 anos ainda estão entre os grupos de risco, mas existe uma diferença importante: a questão das comorbidades. "Os idosos com comorbidades ou doenças crônicas descompensadas são os principais acometidos [pelos casos fatais da covid]", explica a infectologista Rodrigues.

Entre as principais comorbidades de risco, a médica destaca:

  • Cardiopatias (doenças que afetam o coração);
  • Doenças oncológicas (câncer);
  • Diabetes;
  • Insuficiência renal;
  • Doenças reumatológicas.
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Além dos idosos, as atuais mortes da covid-19 também envolvem "crianças pequenas — de recém-nascidos até os 3 anos —, crianças não vacinadas, gestantes e imunossuprimidos — por transplante de órgãos sólidos, transplante de medula óssea e pacientes que tomam quimioterápicos, imunobiológicos, imunossupressores ou corticoides", detalha. De forma geral, o risco é maior para quem nunca foi vacinado e nem contraiu a infecção.

Queda nos casos graves do coronavírus

O último boletim da InfoGripe, desenvolvido por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), traz uma boa notícia para os mais velhos: os casos de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) — uma complicação que normalmente afeta pacientes graves da covid — estão em queda para todas as faixas etárias, inclusive para os idosos. O maior risco está curiosamente associado aos menores de idade.

Pessoas com mais de 65 anos devem continuar a usar máscara?

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Para evitar a transmissão do vírus da covid, uma das medidas mais amplamente adotadas foi o uso das máscaras. Agora, o item deixou de ser obrigatório na maioria dos locais, inclusive nos transportes públicos. No atual cenário, idosos ainda podem se beneficiar do uso deste equipamento de proteção.

Como regra geral, Rodrigues explica que "idosos sem comorbidades ou com doenças crônicas compensadas, vacinados com as quatro doses, podem circular sem máscara". Idealmente, aglomerações devem ser evitadas.

"Para os idosos com doenças crônicas descompensadas, imunossuprimidos, que frequentam serviços de saúde com frequência — como serviços de hemodiálise —, moradores de instituições de repouso ou que não estão vacinados, a recomendação é manter a máscara em lugares fechados, transporte público e hospitais", destaca.

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Para quem quer manter a prevenção em alta, o Canaltech preparou um especial em que aborda quando e onde o risco de pegar covid é maior, considerando o uso da máscara ou não.

Quarta dose da vacina pode salvar vidas

Para aumentar as defesas frente ao coronavírus, alguns estados e cidades já liberam aplicação da quarta dose da vacina contra a covid-19 para os que têm 18 anos ou mais, como Rio de Janeiro, Amazonas e São Paulo. No entanto, a procura não é tão alta, quando se compara com a cobertura vacinal das outras doses.

Por exemplo, na cidade de São Paulo, a primeira dose extra foi aplicada em 8,1 milhões de pessoas. Enquanto isso, a segunda dose do reforço foi aplicada em 3,8 milhões. Entre as pessoas com 65 a 69 anos, apenas 74,8% receberam as quatro doses. Entre os que têm entre 20 e 24 anos, a porcentagem caí para 9,7%.

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"A vacinação completa, com quatro doses, é fundamental para sustentar uma resposta protetora ao longo do tempo. O envelhecimento também acontece no sistema imunológico e, portanto, a resposta de anticorpos neutralizantes é menor", reforça a médica sobre a importância dos idosos estarem com a vacinação em dia.

Vacinação será igual da gripe?

Nos Estados Unidos e em alguns países da Europa, vacinas atualizadas contra a variante Ômicron deve começar a ser aplicadas até o final deste mês. A nova formulação adota uma estratégia que é similar a das vacinas da gripe. Estas são anualmente atualizadas a partir das cepas que mais circulam no globo, com a orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS).

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“As atualizações das vacinas são necessárias e serão nossa realidade daqui para frente”, adianta a infectologista. Como estas vacinas contemplam os novos tipos de variantes, esperamos que “surtos de grandes magnitudes” não ocorram mais e o vírus fique em grupos específicos que não estão imunizados.

Imunizante previne riscos de doenças cognitivas

Além de aumentar o nível de proteção contra a covid-19, os imunizantes impedem as sequelas da infecção, ou seja, a covid longa. Estudos recentes (e preliminares) apontam que pessoas que se recuperaram da doença têm um risco aumentado para distúrbios neurológicos, como o Alzheimer e outras demências.

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Pesquisadores da Case Western Reserve University (Cwru) relataram que, em idosos, o risco de Alzheimer aumenta em quase 50% após casos graves da covid-19. Em outro estudo, cientistas da Universidade de Oxford descobriram que o risco de sequelas neurológicas permanece elevado por até dois anos após casos da doença.

O que esperar do futuro da pandemia da covid?

Apesar dos desafios impostos pela tragédia que foi a covid-19, é possível vislumbrar um futuro mais promissor. Afinal, a OMS já afirmou que pandemia pode estar próxima do fim. Na última semana, o número de mortes semanais relatadas em decorrência do coronavírus foi o menor desde março de 2020 — quando o estado pandêmico foi anunciado oficialmente. Vacinação e testagem de casos ainda devem ser prioridades dos governos.

Vale lembrar que, segundo a médica, "o cenário mais seguro para todos é quando o número de mortes fique zerado ou próximo de zero, e a população esteja totalmente vacinada anualmente com os tipos de vírus circulantes naquele momento". E esperamos que logo cheguemos até este lugar.

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Fonte: Com informações: Governo de SP, InfoGripe e Cidade de SP