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Por que devemos nos preocupar com a covid longa?

Por| Editado por Luciana Zaramela | 27 de Junho de 2022 às 13h15

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Annie Spratt/Unsplash
Annie Spratt/Unsplash

Mesmo com a nova alta de casos da covid-19 no Brasil, o número de pessoas preocupadas em se infectar ou em se reinfectar parece ter caído. Entre os sinais, estão o fim do uso de máscaras e a menor procura pelas doses de reforço da vacina — a cobertura não chega a 50% da população. No entanto, o vírus ainda apresenta risco e pessoas podem sofrer com as sequelas da infecção, a covid longa.

Para entender os riscos da covid longa e o que sabemos sobre este desdobramento da infecção, o Canaltech conversou com o médico Bruno Gino, mestrando em Health Sciences na Ontario Tech University e professor adjunto na School of Medicine da Memorial University, no Canadá.

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Quais os sintomas da covid longa?

Antes vale explicar que, segundo a Organização mundial da Saúde (OMS), "a condição pós-covid ocorre em indivíduos com histórico de infecção por SARS CoV-2 provável ou confirmada, geralmente 3 meses após o início da covid-19 sintomática, e que duram pelo menos 2 meses".

"Se você já contraiu, evite contrair novamente", destaca Gino, já que as chances de um indivíduo desenvolver sequelas da covid-19 aumentam com novas e novas exposições ao coronavírus SARS-CoV-2. E, entre os possíveis sintomas, as pessoas podem apresentar:

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  • Dores de cabeça crônicas;
  • Agravamento de doenças preexistentes;
  • Cansaço e fadiga;
  • Depressão e ansiedade;
  • Dificuldade em respirar ou falta de ar;
  • Dor no peito;
  • Irritação na pele
  • Tosse;
  • Palpitações cardíacas;
  • Problemas de memória ou ainda o "nevoeiro cerebral".

Sequelas da covid só aprecem após casos graves?

No senso comum, pode fazer sentido associar a covid longa apenas e exclusivamente com quadros graves da infecção pelo coronavírus, nos quais o paciente precisa ser internado, por exemplo. Só que isto não é necessariamente verdade e pessoas que apresentaram formas mais leves da doença podem conviver por longos períodos com alguns resquícios, como uma tosse persistente.

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O que acontece, de acordo com o médico, é que indivíduos que apresentaram um quadro mais grave podem, no futuro, apresentar quadros prolongados mais graves também. Isso porque "estes indivíduos, geralmente, possuem doenças de base em que o risco de desenvolver quadros graves são mais comuns. Estas doenças são bem conhecidas, como hipertensão arterial sistêmica, diabetes ou doenças pulmonares crônicas", explica o especialista. Outros fatores que podem agravar a situação é a idade (mais de 60 anos) e não estar vacinado.

Somente após considerar todas essas variantes, o médico afirma que "a tendência é que casos mais graves tenham sequelas mais graves e permanentes e, nos casos mais leves, os sintomas crônicos tendem a durar menos tempo e até desaparecer completamente".

Vacinação reduz os riscos?

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O risco da covid longa pode ser reduzido por alguns fatores, como tipo de variante do coronavírus, idade e estado vacinal de cada indivíduo. Especificamente sobre vacinas, esta é "atualmente a nossa arma mais eficiente no combate contra o controle da doença em comunidades populacionais, mas também é uma ferramenta importantíssima em termos de aliviar sintomas e sequelas agudas e futuras para o indivíduo que contrai a doença", afirma Gino.

Inclusive, o especialista aponta que "indivíduos que foram vacinados tendem a terem manifestações bem mais leves ou nenhuma, quando estão com doses de reforço". Dessa forma, as vacinas têm uma atuação dupla: diminuem o risco da doença e também das sequelas.

Ômicron também causa covid longa?

Hoje, o cenário epidemiológico brasileiro é dominado pela variante Ômicron e suas sublinhagens. Para sermos mais precisos, o último relatório da Rede Genômica Fiocruz aponta que a BA.2 é cepa predominante no país. Outras linhagens, como BA.4, BA.5 e BA.2.12.1, também são identificadas com relativa frequência.

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Nesse ponto, cabe se perguntar se estas variantes também poderiam provocar a covid longa. "Qualquer variante da covid-19 pode causar covid longa, porém o que nós estamos observando é que existem algumas variantes que têm menor probabilidade de causar essas sequelas. Este é o caso com a variante Ômicron", explica.

Publicado na revista científica The Lancet, um estudo comparou a probabilidade de indivíduos desenvolverem a covid longa após serem infectados por diferentes variantes. "Entre os casos da Ômicron, 2.501 (4,5%) das 56.003 pessoas apresentaram a covid longa e, entre os casos da Delta, 4.469 (10,8%) das 41.361 pessoas enfrentaram a covid longa", explicam os autores.

A partir da análise dos dados do Reino Unido sobre a covid-19, os cientistas concluíram que o risco é maior com a Delta, mas não é nulo para a Ômicron. No entanto, os autores revelam ter "dados insuficientes para estimar as chances da covid longa em indivíduos não vacinados".

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Evite contrair covid-19

Após os inúmeros dados e riscos compartilhados sobre as sequelas da doença, o médico Dino reforço que o principal conselho seja: "Evite contrair covid-19". Para isso, ainda são válidas as medidas adotadas desde o início da pandemia, como uso de máscaras, higienização das mãos e evitar aglomerações. Além disso, é necessário manter a imunização em dia, ou seja, tomar as doses de reforço disponíveis.

"Preste atenção ao seu corpo. Sinais e sintomas como perda de memória, dores de cabeça 'esquisitas', tristeza prolongada, ansiedade, olfato que não volta, formigamentos ou qualquer coisa, mas qualquer coisa mesmo, que você perceba que não está certa com você, bom... este é o momento de procurar um médico", completa o especialista.

Fonte: The Lancet