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Cientistas descobrem que células do câncer são mais rápidas em fluidos viscosos

Por| Editado por Luciana Zaramela | 11 de Janeiro de 2023 às 20h50

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 GiovanniCancemi/Envato
GiovanniCancemi/Envato

Desvendar a migração celular, mecanismo de movimento das células pelo corpo, pode ajudar médicos e cientistas a compreender melhor a progressão de doenças como o câncer, especialmente durante a metástase, e também movimentos fisiológicos saudáveis. Essencial para o desenvolvimento humano, o fenômeno ocorre desde o útero, fazendo as partes do corpo crescerem corretamente, até a cicatrização de feridas.

A compreensão científica sobre o movimento das células esteve ligada, no último século, à quimiotaxia, sinais bioquímicos que as direcionam pelo corpo. Algumas células imunes, por exemplo, chamadas neutrófilos, migram para áreas do organismo com maior concentração da proteína IL-8, que aumenta em número durante infecções. Novas pesquisas buscam descobrir aspectos mais físicos desse movimento.

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Células, fluidos e câncer

Um exemplo são as células epiteliais mamárias, que formam os dutos pelos quais o leite passa no seio de mamíferos. Elas migram para áreas mais rígidas quando expostas a superfícies de rigidez variável. Após descobrir a influência da água e da pressão hidráulica na migração celular, cientistas da Universidade Estadual de Nova York descobriram que células do câncer de mama se movimentam mais rápido a partir do fluxo e viscosidade dos fluidos ao seu redor.

Nossas células corporais são influenciadas por fluidos o tempo todo, líquidos com todo tipo de propriedade física. Há, por exemplo, água entrando e saindo de células o tempo todo, fazendo que inche ou se contraia, o que causa sua movimentação pelo organismo. O quão viscoso ou espesso o fluido vai ser depende do órgão, ou do quão saudável ele está: as células cancerosas apresentam fluidos mais viscosos do que as células de tecidos saudáveis.

Comparando o movimento de células do câncer de mama em ambiente controlado, os pesquisadores descobriram que canais mais viscosos aumentam a velocidade do tumor em até 40%, algo surpreendente — afinal, o esperado é que o contrário acontecesse. Se movimentar em uma banheira de amido é bem mais difícil do que em uma piscina cheia de água, não é?

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A dinâmica das células, no entanto, é diferente. Estudando as moléculas envolvidas, descobriu-se que fluidos viscosos fazem com que filamentos de proteína chamados de actina abrem canais na membrana celular, aumentando a quantia de água absorvida. Ao se expandir, outro canal é ativado, responsável por absorver íons de cálcio. Eles ativam o filamento da miosina, que faz as células se movimentarem, uma mudança estrutural complexa que aumenta sua força e permite quebrar a resistência do fluido.

E não para por aí — as células guardam uma espécie de memória após o contato com fluidos viscosos, então mesmo indo para ambientes mais líquidos, elas continuam se movendo mais rapidamente. Embora não tenham descoberto como isso acontece, os pesquisadores ainda testaram o fenômeno em animais. Em roedores e galinhas, células do câncer de mama humano se moveram mais rápido e viajaram entre tecidos com maior facilidade após passarem alguns dias em ambientes mais viscosos.

Entender processos como esse permitirá desenvolver, no futuro, formas melhores de tratar e detectar câncer antes que faça metástase, como técnicas de imageamento e análise que determinem a resposta celular a diferentes viscosidades. Pacientes da doença não costumam morrer do tumor de origem, mas sim a partir de seu espalhamento para outras partes do organismo.

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Fonte: The Conversation