Células do câncer de mama crescem mais durante o sono, revela estudo
Por Fidel Forato • Editado por Luciana Zaramela |
Cientistas suíços descobriram que células cancerígenas nas mamas não crescem de forma contínua ao longo do dia, como sempre se pensou. Na verdade, o crescimento é mais acelerado à noite, enquanto as pessoas dormem. É o que descobriram após analisar amostras de mulheres com câncer de mama e de roedores.
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Publicado na revista científica Nature, o estudo sobre o comportamento "anormal" de crescimento das células cancerígenas foi liderado por pesquisadores do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique e da Universidade de Basileia, ambos na Suíça.
A equipe de cientistas buscou entender em quais momentos as células tumorais circulantes (CTCs) eram geradas em maior quantidade. Estas se espalham a partir de tumores sólidos invasivos, navegam pelo sangue e, mais tarde, podem formar metástases — novas lesões tumorais que surgem a partir de outra, com potencial de se espalhar pelo corpo.
Por que as células do câncer crescem mais à noite?
“Quando a pessoa afetada está dormindo, o tumor desperta”, afirma Nicola Aceto, professor de Oncologia Molecular da ETH Zurich e um dos autores do estudo. E esta questão está, aparentemente, em oposição ao ciclo circadiano, ou seja, ao relógio biológico natural do organismo.
“Nossa pesquisa mostra que a dispersão de células cancerígenas circulantes do tumor original é controlada por hormônios, como a melatonina, que determinam nossos ritmos do dia e da noite”, complementa Zoi Diamantopoulou, cientista e uma das autoras do estudo. Nestas circunstâncias, os tumores podem se aproveitar das oscilações no funcionamento do sistema imunológico, conforme demostram outros pesquisas.
Para chegar a esta conclusão, os pesquisadores suíços analisaram amostras de 30 pacientes com câncer do sexo feminino e também realizaram testes em camundongos. Além de entenderem que o tumor gera mais células circulantes quando o organismo está dormindo, também descobriram que estas células podem se dividir de forma mais acelerada. Isso quando são comparadas com aqueles que foram produzidas durante o dia.
Como a descoberta impacta o tratamento?
“Esses achados podem indicar a necessidade dos profissionais de saúde registrarem sistematicamente o momento em que realizam as biópsias”, defende Aceto. “Isso pode ajudar a tornar os dados verdadeiramente comparáveis”, explica, sobre as possíveis oscilações durante o dia destas células.
Vale lembrar que cerca de 2,3 milhões de pessoas no mundo desenvolvem, todos os anos, esse tipo de câncer. Neste cenário, novas opções de terapia são sempre necessárias. Agora, o próximo passo da equipe de cientistas é descobrir como estas descobertas podem ser incorporadas aos tratamentos de câncer já existentes.
Fonte: Nature e ETH Zurich