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Como o calor extremo pode afetar o corpo humano e até matar

Por| Editado por Luciana Zaramela | 13 de Novembro de 2023 às 19h10

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Franz Bachinger/Pixabay
Franz Bachinger/Pixabay

Nos últimos meses, ondas de calor têm afligido diversos países, inclusive o Brasil, que recentemente sofreu com um bloqueio atmosférico junto à chegada do El Niño. Em meio a esse extremo de temperatura, é comum nos perguntarmos: qual o efeito do calor no organismo? Quando ele representa um perigo à saúde? A preocupação é válida, já que o calor pode, sim, matar, e de diversas maneiras diferentes, na maioria das vezes em relação à umidade e hidratação, ou falta dela.

Os perigos do calor ocorrem tanto no tempo seco quanto no úmido, mas as consequências para o corpo serão diferentes. O importante é sempre manter os cuidados básicos, como hidratação e distância do sol quando em temperaturas elevadas, especialmente quando falamos em idosos, crianças ou pacientes com doenças crônicas, que têm uma saúde mais frágil.

O calor no corpo e seus perigos

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Como mamíferos, nós somos criaturas de sangue quente. Com um mecanismo interno de regulação de calor, nosso corpo procura manter uma média de temperatura em cerca de 36,5 ºC, e, quando somos expostos a muito calor (o que se chama de estresse térmico), são tomadas medidas para resfriar o organismo. A mais comum, acontecendo antes de qualquer outra, é o suor.

Desidratação

Ao suarmos, fica bem óbvio que estamos perdendo líquido. Caso a água perdida nesse processo não seja reposta, podemos ficar desidratados, o que, entre outras coisas, diminui o volume de sangue circulando, o que também afeta a pressão arterial. O sangue também fica mais espesso, e tudo isso aumenta as chances de que coagule.

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Problemas cardiovasculares

Em um esforço para dissipar o calor, o coração passa a bombear mais rapidamente. Por isso, para quem tem problemas cardíacos, um aumento grande de temperatura também agrava chances de infarto, arritmias, AVCs e entupimento de veias.

“O clima e a temperatura influenciam na ocorrência de AVCs, e geralmente são os extremos de temperatura: muito, muito calor; muito, muito frio”, explica Robert Brown, neurologista da Mayo Clinic. O aumento de risco de AVCs pode estar relacionado aos efeitos do calor, umidade e frio extremos no corpo.

Distúrbios nervosos e musculares

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O excesso de suor também desbalanceia a quantidade de eletrólitos nos fluidos corporais, o que pode afetar as funções musculares e nervosas. Em casos graves, isso pode gerar convulsões, espasmos cardíacos e dificuldades para respirar, o que pode ser perigoso para a saúde.

Hipertermia e falência de órgãos

Caso chegue ao ponto da desidratação severa, no entanto, o corpo passa a guardar o restante de água, diminuindo o suor. Quando o suor cessa ou o clima fique muito quente e úmido para que ele funcione, a temperatura corporal aumenta — após chegar aos 42 ºC, a desnaturação das proteínas começa, levando à falência de órgãos e prejuízo das funções das células nervosas, podendo culminar em morte.

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Os mais vulneráveis ao calor são comunidades marginalizadas, onde há pouca presença de aparelhos de ar-condicionado e os trabalhos podem ser mais intensos, sob condições extenuantes, requerendo que se trabalhe a céu aberto.

Suor e alta umidade

O suor funciona porque a dilatação dos vasos sanguíneos permite que mais sangue chegue à superfície do corpo e dissipe seu calor através dos poros. Quando a pela seca, faz com que essa água eliminada evapore, levando o calor consigo. Em tempo seco, a evaporação é fácil, mas, quanto mais úmido, mais difícil é o processo. A isso se chama “temperatura de bulbo úmido”, ou seja, não se refere apenas ao calor no ar, mas à eficiência da evaporação em uma superfície úmida, como a pele.

Em baixas umidades, o corpo humano consegue aguentar altas temperaturas, contanto que exista água disponível para beber. Em locais úmidos, no entanto, a temperatura de bulbo úmido de 35 ºC já é bastante difícil de aguentar, com o conforto sendo possível somente com uso de ar-condicionado ou consumo de água gelada.

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Mortalidade e calor

Os perigos do calor não são apenas teóricos. Um levantamento da revista científica Nature, realizado em 2022, mostrou que temperaturas extremas (que incluem, nesse caso, também o frio) causaram cerca de 6% das mortes na América Latina, publicando um estudo que teve participação de universidades brasileiras na confecção. Para isso, foi analisada a relação entre os dias quentes e frios com a mortalidade de 326 cidades em nove países latinoamericanos.

Foram estudados mais de 15 milhões de óbitos, e as conclusões mostraram que temperaturas extremas estavam mais relacionadas às mortes de pacientes de doenças cardiovasculares e respiratórias, em especial crianças e idosos, os mais vulneráveis entre a população. No calor, especificamente, a cada grau Celsius a mais na temperatura, viu-se um aumento de 5,7% nas mortes. Em relação às mortes causadas por infecções respiratórias, no entanto, o culpado foi o frio excessivo, que causou 10% desses óbitos.

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Fonte: VaccinesWork, Nature Medicine, ONU