Quanto tempo vai durar a onda de calor no Brasil?
Por Augusto Dala Costa • Editado por Luciana Zaramela | •
O Brasil tem passado por ondas de calor advindas do bloqueio atmosférico que surgiu no final do inverno e começo da primavera — e a tendência é que as temperaturas extremas continuem, ao menos durante a semana entre os dias 24 e 29 de setembro. Como a tendência do mês de outubro é que se faça mais calor do que o mês anterior, é possível que o calor volte com força após uma redução na temperatura prevista para sua primeira semana.
- O que é umidade relativa do ar? Níveis ideais e limites
- Onda de calor não afetará o RS, mas pode trazer temporais para o estado
A primavera teve início no equinócio do hemisfério sul, no último sábado (23), às 3h50 da madrugada. Como institutos de meteorologia já previam, calor intenso foi sentido no final de semana que abriu a estação. Tudo isso é graças a um bloqueio atmosférico na região central do país, que impede a formação de nuvens e de precipitação e deixa o clima muito seco, criando uma bolha de calor.
Quanto vai durar a onda de calor?
Com a persistência do bloqueio atmosférico, o Brasil ainda deve sofrer com calor até pelo menos 28 de setembro. No momento, as frentes frias que chegam até o Rio Grande do Sul não conseguem se misturar ao ar quente do restante do país, sendo desviadas para o oceano. Entre setembro e novembro, o Hemisfério Sul também é normalmente mais aquecido pelo calor solar, contribuindo para uma primavera muito quente.
No interior do Nordeste e em Tocantins, temperaturas de 40 ºC já são registradas normalmente durante a estação primaveril, sendo difícil associar o clima seco e quente na região ao bloqueio atmosférico. No país todo, a primavera ainda deve gerar mais ondas de calor, mesmo após o fim da atual, já que institutos de meteorologia indicam alta probabilidade do retorno de altas pressões atmosféricas, especialmente em outubro.
Já no Sudeste, a MetSul lembra que a primavera costuma ser uma estação mais quente do que o verão, com maior intensidade no final da estação seca. Especialmente afetados são o interior de São Paulo e de Minas Gerais. A tendência, segundo a instituição, é que algumas cidades registrem a primavera mais quente desde que os registros meteorológicos começaram no Brasil, há um século, ou ao menos a segunda mais quente.
Primavera quente e El Niño
O mês de outubro é costumeiramente mais quente do que setembro em diversos estados, então as temperaturas que muitos brasileiros estão enfrentando atualmente provavelmente retornarão. Além disso, a primavera de 2023 sofre influências do El Niño, fenômeno meteorológico que altera a circulação dos ventos em diversos níveis atmosféricos e desvia frentes frias que poderiam chegar à América do Sul.
O ar frio polar, então, não consegue se misturar ao ar quente do continente, mantendo altas temperaturas em países como o Brasil. Com o El Niño, chuvas ficam mais raras, já que a formação de nuvens é prejudicada. Mais forte do que o normal, o fenômeno deve continuar até o verão, auxiliado pelo aquecimento global e aumento da temperatura dos oceanos. O Atlântico Norte, especificamente, teve um aquecimento acima do normal neste ano, influenciando diretamente o clima brasileiro.
Fonte: MetSul, Climatempo