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Temperatura ideal para a vida é calculada em 20 ºC

Por  • Editado por Luciana Zaramela | 

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S. Hermann & F. Richter/Pixabay
S. Hermann & F. Richter/Pixabay

Qual é a temperatura ideal para os seres vivos no planeta Terra? Segundo diversos estudos recentes por equipes de pesquisadores de vários países, a resposta seria 20 ºC, que, não à toa, é bastante confortável aos humanos. Embora muitos animais consigam sobreviver em temperaturas maiores ou menores, a eficiência dos processos biológicos é menor — especialmente no calor excessivo.

Não só animais, mas plantas e micróbios, dos terrestres aos aquáticos, vivem melhor a 20 ºC. À medida que a temperatura sobe, os processos biológicos vão ficando mais eficientes, chegando ao máximo e então diminuindo de eficiência com temperaturas mais altas.

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Tudo começou quando pesquisadores da Nova Zelândia notaram que o número de espécies marinhas não chegava ao seu ápice na Linha do Equador, o que era esperado antes pela ciência — o número era maior nas regiões subtropicais. A queda na diversidade nesse cinturão de calor vem ficando cada vez maior desde o final da última Era do Gelo, há 20.000 anos, e só piora com o aquecimento do oceano. Temperaturas mais baixas podem, afinal, contribuir para uma vida mais longa.

Por que 20 ºC é o ideal para a vida?

Outros pesquisadores, desta vez da Tasmânia, descobriram que a taxa de crescimento de micróbios e organismos multicelulares também tinha maior estabilidade nos processos biológicos a 20 ºC. Equipes científicas da Alemanha, Canadá, Escócia, Hong Kong e Taiwan se juntaram ao corpo de pesquisa para investigar mais de perto a questão de temperatura, e continuaram a encontrar os 20 ºC como padrão.

Vários processos cruciais de espécies, tanto terrestres como marinhas, ficam piores após temperaturas mais quentes do que essa, como por exemplo:

  • Tolerância a baixos níveis de oxigênio por espécies de água doce e salgada;
  • Produtividade de algas pelágicas (de águas rasas) e bentônicas (do leito marinho) e taxas de predação dos peixes em iscas;
  • Riqueza global em peixes pelágicos, plâncton, invertebrados bentônicos e moluscos (inclusive fósseis);
  • Diversidade genética.

Além disso, descobriu-se que o número de extinções nos registros fósseis era maior quando as temperaturas passavam de 20 ºC. À medida que espécies evoluem e conseguem viver em temperaturas maiores ou menores do que essa, seu nicho termal aumenta, ou seja, a maioria delas consegue viver tanto em uma média de 20 ºC quanto em outras temperaturas.

Um modelo matemático chamado Corkrey foi elaborado pelos cientistas, mostrando que os processos biológicos são mais estáveis e eficientes a 20 ºC, e que a temperatura ainda maximiza a riqueza de espécies. Segundo os achados, a centralização da vida nessa temperatura geraria impedimentos fundamentais à adaptação de espécies tropicais a climas mais quentes.

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Espécies que consigam se adaptar ao aquecimento global ao mudar sua distribuição geográfica, migrando para outros lugares, provavelmente não entrarão em extinção, algo que criaturas marinhas conseguem fazer melhor — as terrestres, no entanto, acabam sendo impedidas pelas mudanças na paisagem causadas pelas cidades, pela agricultura e por outras infraestruturas humanas. 

O efeito dos 20 ºC é o que melhor explica fenômenos como a riqueza de espécies e diversidade genética relacionada à temperatura, bem como taxas de extinção mostradas pelos fósseis.

Apesar de seres multicelulares serem complexos, as células ainda funcionam melhor em uma temperatura parecida, algo que se deve, provavelmente, às propriedades da água que as forma, o que também coloca um limite absoluto de mais ou menos 42 ºC à maioria das espécies.

Fonte: Frontiers of Biogeography, Ecography, PLOS One, Food Control, Biological Sciences, Nature via The Conversation