Review Moto G52 | Bateria para 2 dias, mas o desempenho...
Por Felipe Junqueira • Editado por Léo Müller |
O Moto G52 tem nome que indica posicionamento perto de modelos intermediários premium. Como se fosse um Galaxy A52 da Motorola, um aparelho com potência mais modesta, mas recursos mais avançados.
- Review Realme 9i | celular intermediário com bom desempenho
- Review Galaxy A23 | Celular básico com o pé no intermediário
Mas não é bem assim no mundo real. Apesar da boa bateria para dois dias de uso, o dispositivo tem processador que o coloca mais perto de modelos intermediários de baixo custo. Seus principais concorrentes são celulares como Galaxy A23 e Realme 9i.
Eu testei o smartphone da Motorola e notei que seu desempenho deixa a desejar. Mas e quanto ao resto? Ele tem uma tela OLED como diferencial para a concorrência, além de bateria de longa duração. Será que ao menos isso o Moto G52 entrega? Veja o que eu achei a seguir.
Compre o Moto G52
Design e Construção
- Dimensões: 160,1 x 74,5 x 8,0 mm;
- Peso: 169 gramas.
Um celular em barra com traseira e laterais em plástico, e vidro cobrindo toda a parte frontal. Não há muito o que falar do design ou do acabamento de um smartphone atualmente, mas sempre há detalhes que despertam a curiosidade de potenciais compradores.
O Moto G52 tem um furo na parte superior da tela, bem centralizado, para a câmera frontal. O display tem poucas bordas, graças à tecnologia OLED, que otimiza bastante o uso do espaço.
Na traseira, três câmeras ficam no canto superior esquerdo. Todos os botões estão no lado direito, com o leitor de impressão digital embutido no de energia. Conectores P2 e USB-C, além da saída de som, estão na parte de baixo. A gaveta de chips fica no lado esquerdo, e o segundo alto-falante fica na parte de cima.
Você pode encontrar o Moto G52 nas cores preto, azul ou branco.
Tela
- Tamanho: 6,6 polegadas, 103,6 cm² de área, ~86,9% de ocupação;
- Tecnologia do painel: pOLED;
- Resolução e proporção: Full HD (1080 x 2400 pixels), 20:9;
- Densidade aproximada: 402 pixels por polegada;
- Extras: 90 Hz.
A Motorola finalmente se rendeu ao painel OLED na família Moto G. O Moto G52 é mais um modelo da linha a chegar ao mercado com esta tecnologia. E as vantagens são muitas, mas destaco o contraste mais acentuado, bom para vídeos, e o brilho mais intenso.
Se você já está satisfeito com os celulares IPS LCD da empresa, acredito que vai ficar ainda mais feliz com essa mudança. A visibilidade na rua é boa, e a reprodução de vídeos fica bem melhor com o preto real.
Além disso, há um ganho na eficiência energética, e usar o modo noturno no sistema pode ser vantajoso. Os pixels se apagam ou reduzem a intensidade nas áreas escuras, então o display consome menos energia.
Hoje em dia é difícil um celular não ter tela minimamente decente, e o Moto G52 ganha um ponto extra pelo painel OLED. Contraste mais acentuado e cores mais vivas são características marcantes desse tipo de display, que ainda tem brilho máximo intenso e é energeticamente eficiente.
Configuração e Desempenho
- Sistema operacional: Android 12;
- Plataforma:QualcommSnapdragon 680 4G (6 nm);
- Processador: Octa-core (4x 2,4 GHz Kryo 265 Gold + 4x 1,9 GHz Kryo 265 Silver);
- GPU: Adreno 610;
- RAM e armazenamento: 4/128 GB.
Não se engane: apesar de ter uma plataforma da série 600 da Qualcomm, o desempenho do Moto G52 não se equipara ao de outros modelos equivalentes. O Snapdragon 680 não chega nem perto da potência do Snapdragon 695, tanto em CPU quanto em GPU.
O Moto G52 foi o primeiro celular da Motorola com desempenho engasgado até mesmo na tela inicial que eu testei em muito tempo. A lentidão fica bastante evidente. De modo geral, ele até consegue rodar tarefas e aplicativos, até mesmo os mais pesados, de maneira razoável.
Porém, há alguns engasgos, especialmente ao ligar a tela e abrir um app. É como se ele pegasse “no embalo”: começa um pouco devagar e vai acelerando.
Eu consegui jogar até mesmo títulos como Asphalt 9 e COD Mobile, mas o desempenho não é tão bom. Ao reduzir um pouco a qualidade gráfica, a execução fica bem mais suave. Ou seja, se você não é exigente com jogos, pode extrair uma boa experiência aqui.
Mas não se deixe enganar. Celulares com um Snapdragon 480 são mais potentes que o Moto G52 com seu Snapdragon 680. O número parece indicar posicionamento superior, mas não é o que acontece no mundo real.
Isso fica bastante evidente nos resultados de benchmark, mas é perceptível no uso do dia a dia. O smartphone deste teste somou 378 pontos no single-core e 1.509 no multi-core do teste de CPU do Geekbench 5. E 438 no de GPU. Pontuação baixa para um série 600 da Qualcomm.
Eu sequer consegui rodar o teste mais exigente da lista do Canaltech, que é o Wild Life Extreme, do 3D Mark. O dispositivo parou no meio todas as vezes, alegando falta de memória — o que é estranho para um modelo que tem 4 GB de RAM e 128 GB de armazenamento.
Usabilidade
A Motorola lançou o Moto G52 já com o Android 12 instalado, e deve liberar ao menos a próxima versão do sistema operacional do Google. Além disso, serão três anos de updates bimestrais de segurança.
Ao menos a interface sofre poucas modificações. A empresa adiciona o app Moto, onde reúne a maior parte de seus recursos extras. Entre eles estão os gestos, que permitem, por exemplo, abrir a câmera com duas viradas de pulso.
Também é possível usar recursos de personalização, para mudar fontes, cor e formato dos ícones. Além disso, tem o Moto Tela e alguns recursos para ajudar no foco em jogos.
Câmeras
- Principal: 50 MP, abertura f/1.8, auto foco;
- Ultrawide: 8 MP, abertura f/2.2, 118˚;
- Macro: 2 MP, abertura f/2.4;
- Selfies: 16 MP, abertura f/2.5;
- Vídeos: 1080p a 30 fps (máx., principal e frontal).
O Moto G52 tem três câmeras: um principal, grande-angular; uma ultrawide, ou ultra grande-angular, com campo de visão mais amplo; e uma macro, com distância focal para registrar detalhes de objetos aproximados.
As três funcionam de maneira apenas satisfatória com boa iluminação, e a principal ainda consegue alguns registros aceitáveis com pouca luz. O Night Vision só funciona com o sensor de 50 MP. Mas mesmo com o recurso as fotos não se salvam muito.
O Moto G52 entrega imagens com cores um pouco mais apagadas, e deve agradar a quem não gosta de saturação muito pesada. O foco funciona bem, desde que você ajude o celular a identificar qual objeto deve ser destacado — ele tem dificuldade em reconhecer sozinho.
A câmera ultrawide entrega fotos mais escuras que a principal, e também tem uma faixa dinâmica mais baixa. Isso significa que é mais comum ter objetos estourados, então tente fotografar com bastante luz no objeto principal.
A macro é decente, mas é difícil de encontrar o ponto de foco. O dispositivo fala em quatro centímetros, ou a largura de dois dedos, mas me pareceu um pouco mais do que isso. Além do mais, não espere macro como a de outros celulares, a ideia aqui é focar em algo mais próximo, mas sem grande riqueza de detalhes.
Selfies e gravação de vídeo
Passando para a câmera frontal, você perde a faixa dinâmica, mas consegue bons registros. Claro que, neste caso, eu considero que o fundo é geralmente descartável, e perder detalhes como o azul do céu com as nuvens é aceitável.
O ideal é usar a luz sempre a seu favor e com equilíbrio: ambientes com muita luz de um lado e pouca do outro podem gerar fotos ruins, com perda de detalhes em ambos os casos. No geral, são selfies aceitáveis para as redes sociais.
A gravação de vídeos, que é limitada ao Full HD com 30 quadros por segundo, é apenas razoável. A imagem não fica tão boa quanto nas fotos, com mais ruídos que o ideal. O áudio não é dos melhores, dá para notar um supressor de ruídos no som de fundo, mas dá para escutar bem a sua voz.
Na traseira, você vai notar alguns engasgos durante a captura, mas relaxe: o arquivo final vai ter a fluidez esperada dos 30 fps.
Sistema de Som
O áudio do Moto G52 é estéreo e bem satisfatório. O som é limpo em volumes mais baixos e assim se mantém até perto do máximo, quando começa a ficar “abafado”. A potência também é boa.
A questão aqui é que, por ser um sistema com espaço limitado para o dispositivo de áudio, o foco fica nos sons médios. E é natural alguma distorção em volumes altos, mas geralmente dá para distinguir bem as palavras.
Para escutar música ou assistir a filmes com mais qualidade sonora, o indicado é usar fone de ouvido. Para isso, você pode aproveitar o conector P2 ou o Bluetooth e conectar um modelo com fio ou sem.
Bateria e Carregamento
- Capacidade de carga: 5.000 mAh;
- Recarga: até 30 W com fio.
A duração da bateria é um dos pontos altos do Moto G52. O aparelho tem um consumo bem equilibrado, e deve entregar pelo menos dois dias longe da tomada para a maioria dos usuários, variando para mais ou para menos dependendo da sua exigência.
Para confirmar isso, eu realizei dois testes diferentes. O de reprodução de vídeo mostrou que o aparelho é capaz de segurar bem a carga na Netflix, com uma estimativa de até 30 horas com a tela em 50% do brilho.
No uso real, eu detectei um consumo médio de 3,6 pontos percentuais a cada hora, em um misto de jogos, redes sociais e navegação na internet. Foram 6 horas de teste, com cerca de 60% do tempo de tela ativa (ou 3,5 horas). O dispositivo encerrou com 78% de carga.
Se você pensar que o dia tem 24 horas, das quais dormimos cerca de 8h, o Moto G52 consumiria mais ou menos 57% da bateria em um dia com a média do meu teste. Mas para isso, você ficaria quase 10 horas do dia no celular, e isso não é o ideal.
Ou seja, dá para esperar dois dias longe da tomada com tranquilidade. Até mais se o seu principal uso for para assistir a filmes ou séries online.
Também testei o tempo de carregamento do celular com cabo e tomada que vêm na caixa. O adaptador de parede tem 30 W e consegui preencher 60% em 30 minutos. Para ficar com a carga completa, demorou cerca de 1 hora e 10 minutos, aproximadamente.
Ou seja, em meia hora você carregaria todo o consumo de um dia do meu teste, com cerca de 10 horas de tela. Dá para carregar 20 minutos por dia e sempre ter bateria garantida no seu Moto G52.
Concorrentes Diretos
O Moto G52 parece se posicionar em uma categoria intermediária quase premium para quem olha para sua numeração dentro da linha Moto G. Mas não é o que acontece no mundo real.
O Snapdragon 480 também está presente em celulares intermediários de baixo custo como Galaxy A23 e Realme 9i. Da Xiaomi, podemos citar o Redmi 10, que tem o Helio G88. Ou seja, estamos falando aqui de um intermediário que fica mais perto de modelos de entrada do que dos topo de linha.
Nenhum desses modelos citados é um grande campeão em fotografias ou captação de vídeos. E todos eles possuem mais ou menos a mesma duração da bateria, de cerca de dois dias. Mas há algumas diferenças em outros aspectos.
Tanto o Galaxy A23 quanto o Realme 9i conseguem entregar desempenho mais fluido. O curioso é que seria de se esperar o contrário, já que a Motorola tem a interface mais “limpa” entre as três. Mas a otimização de One UI e Realme UI superaram o “Android puro” neste caso.
Outra questão é a tela. O único com display OLED entre os quatro aqui citados (Moto G52, Galaxy A23, Realme 9i e Redmi 10) é o modelo da Motorola. Todos os outros possuem tela IPS LCD.
E tem os preços. O celular da Samsung fica na faixa dos R$ 1.300, enquanto o da Realme sobe para perto dos R$ 1.400. O da Xiaomi pode ser importado por cerca de R$ 1.000, e está à venda na faixa de R$ 1.500 por importadores com estoque no Brasil.
O Moto G52 ainda está em uma faixa superior aos seus três principais concorrentes, um pouco acima dos R$ 1.500.
Moto G52: vale a pena?
Para quem consegue identificar corretamente onde o Moto G52 se encaixa no mercado de celulares, o smartphone pode ser uma boa opção. Sua tela OLED é melhor que o LCD de seus principais concorrentes, suas câmeras são aceitáveis e a duração de sua bateria é excelente.
O maior problema deste aparelho, a meu ver, é o seu desempenho. Sim, ele fica fluido conforme você usa, mas há engasgos esporádicos e uma lentidão acima do normal para o que se esperava dele. Dá para jogar sem grandes problemas, mas o uso do dia a dia é afetado.
Por conta disso, eu acho um pouco complicado recomendar o Moto G52 quando você tem opções mais fluidas a preço mais baixo. A tela OLED não é uma vantagem tão grande assim para você investir mais e ainda ter que aguentar um celular mais devagar do que deveria ser.
Mas se ainda assim você gosta da Motorola e quer dar um voto de confiança à marca, tem mais vantagens do que desvantagens na análise geral. Quando este modelo ficar mais perto da casa dos R$ 1.300, pode ser uma boa opção a se considerar.