Review Realme 9i | celular intermediário com bom desempenho
Por Bruno Bertonzin • Editado por Léo Müller |
O Realme 9i chegou ao mercado brasileiro apenas um mês após seu lançamento global. O dispositivo chega com uma combinação de hardware mediana para agradar quem busca por um custo-benefício e também não deixa a desejar em relação ao desempenho.
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Mas será que ele vale a pena quando há modelos similares de marcas bem mais estabelecidas? Ou será que a chinesa já conseguiu se firmar melhor no mercado brasileiro para competir com rivais como Xiaomi, Samsung ou Motorola? Vamos descobrir neste review.
Design e Construção
O Realme 9i conta com um aspecto bem premium, apesar da construção em plástico e de fazer parte do segmento intermediário. Ele tem uma traseira espelhada com linhas verticais que percorrem toda a parte de trás, de cima a baixo.
O módulo de câmeras fica posicionado no canto superior esquerdo e abriga o conjunto triplo de sensores e o flash LED. Na verdade, é bem parecido com o visual das variantes mais completas da linha, o Realme 9 Pro e 9 Pro Plus.
Na frente, ele conta com um recorte em forma de furo no display para abrigar a lente de selfies. No entanto, em vez de centralizado no painel, o buraco fica posicionado no canto superior esquerdo.
Em baixo, ele tem uma entrada USB-C para carregamento e transferência de dados, uma saída de alto-falante, um microfone e um conector padrão dedicado para fones de ouvido.
Já a tecla power, posicionada na lateral direita, divide espaço com o sensor de impressões digitais do Realme 9i — o que é uma decisão sábia, já que ele não pode ficar na tela e é bem mais confortável para o desbloqueio do que se estivesse na traseira.
As demais teclas — para o controle de volume — ficam posicionadas na esquerda.
Tela
O Realme 9i conta com uma tela IPS LCD de 6,6 polegadas com resolução de 1080 x 2412 pixels, densidade de 400 ppi e taxa de atualização de 90 Hz.
Em geral, ela oferece uma boa resolução para assistir a filmes em plataformas de streaming ou simplesmente para ver fotos com cores bem equilibradas.
É claro que ela não entrega as mesmas cores intensas e vívidas que são comuns em painéis OLED ou AMOLED, mas não deixa a desejar e o resultado é bem agradável.
Da mesma forma, ela não é tão eficiente em locais com muita luz solar e aí é preciso recorrer ao brilho máximo — e sacrificar um pouco do desempenho da bateria — para enxergar bem o que é reproduzido.
A taxa de atualização é de 90 Hz e isso pode ajudar um pouco quem gosta de jogar pelo celular. Não chega a ser uma experiência tão fluida, mas certamente é melhor do que os 60 Hz encontrados em muitos intermediários ou celulares mais simples.
Configuração e Desempenho
O Realme 9i é equipado com a plataforma do Snapdragon 680 4G construído com arquitetura de 6 nanômetros. Ele oferece, ainda, combinações de 4 GB ou 6 GB de RAM com 64 GB ou 128 GB de armazenamento interno.
Isso é o suficiente para executar aplicativos tranquilamente, sem muitos travamentos ou engasgos. No nosso teste padrão, verificamos qual foi seu desempenho na plataforma de benchmark 3D Mark.
Na análise Wild Life Unlimited, ele atingiu a marca de 442 pontos, enquanto na Wild Life Extreme Unlimited ele chegou a 124 pontos. Esses resultados são bem baixos e inferiores até mesmo a modelos mais antigos, como o Xiaomi Mi 9 Lite, lançado em 2019.
Além disso, também fiz uma análise de uso real e, durante a execução de jogos populares — como League of Legends: Wild Rift ou Call of Duty Mobile —, o Realme 9i se saiu bem, dentro de seu segmento, é claro.
Em ambos os jogos, eu quis testar o celular ao máximo e aumentei a qualidade gráfica e taxa de quadros até onde o game permitiu. Tanto no LoL quanto no CoD, foi possível jogar tranquilamente neste cenário, apesar de acontecerem alguns engasgos ocasionais. Mas nada que atrapalhe a experiência de jogo.
Em uma configuração padrão — que deixa os gráficos em qualidade média, assim como a taxa de quadros — o celular se saiu muito bem e entregou uma performance sem qualquer travamento, engasgos ou lentidão.
Em aplicativos mais simples, como redes sociais e mensageiros, ele conta com uma navegação bem suave e até mesmo alternar entre uma janela já aberta e outra é um processo bem rápido.
Outra vantagem é que o smartphone oferece a opção para expandir a memória RAM com mais 2 GB adicionais com o recurso de RAM virtual. Dessa forma, o celular pode transferir essa quantidade do armazenamento interno para ser usado como memória e melhorar a performance em apps mais pesados.
Em termos de conectividade ele é bem “comum” e conta com conexão limitada à rede 4G, então não há muito o que se falar sobre ele. Um ponto negativo, porém, é a ausência de NFC, o que impede de realizar pagamentos por aproximação com ele.
Usabilidade
O Realme 9i chega às lojas brasileiras com o Android 11 instalado de fábrica sob a interface da Realme UI 2.0. Isso quer dizer que ele terá muitos dos recursos nativos do sistema operacional do Google com algumas leves modificações visuais.
O controle de dispositivos de casa conectada, por exemplo, até fica no menu de energia — tal qual o Android nativo — mas essa tela tem uma skin levemente modificada, para ficar mais com a cara da marca.
O aparelho não oferece a opção de alterar os temas da interface de forma nativa, mas permite customizar um pouco como os ícones e fontes serão exibidos. É possível, por exemplo, alterar o formato de cada ícone, inserir bordas arredondadas ou retas e até mesmo mudar o tamanho das letras e dos símbolos.
Câmera
O Realme 9i conta com um conjunto de três câmeras traseiras e uma frontal. O grupo traseiro possui um sensor principal de 50 MP, auxiliado por um de profundidade de 2 MP e um macro de 2 MP. Para selfies, ele conta com uma lente de 16 MP.
Câmera principal | Grande angular (50 MP)
A câmera principal do Realme 9i é uma lente grande angular de 50 MP com abertura f/1.8. No geral, as imagens obtidas com elas são de um nível aceitável para o segmento intermediário.
O celular não tira fotografias excelentes em resolução e qualidade, mas o pós-processamento trabalha muito bem para entregar uma boa nitidez e cores bem equilibradas. Não há muita riqueza de detalhes, mas ele atende muito bem se você for ver as fotografias na tela do smartphone
Câmera secundária | Profundidade (2MP)
A segunda lente não é utilizada para capturar fotos, mas para auxiliar a câmera principal durante o uso do modo retrato do aplicativo. Dessa forma, ela ajuda a aplicar um efeito desfocado no fundo.
O app da câmera ainda oferece a opção de gerenciar esse desfoque e alternar entre níveis de 1 a 100% de bokeh. Quanto maior, é claro, mais desfocado fica o plano de fundo.
Quanto ao recorte da pessoa em destaque, o celular trabalha muito bem, e o contorno é excelente. Até mesmo em volta do cabelo — área em que geralmente alguns celulares encontram problemas — ele age muito bem.
Câmera terciária | Macro (2 MP)
Essa terceira lente é ativada para capturar imagens no modo “ultramacro” no app da câmera do Realme 9i. Como seu nome já diz, o sensor serve para fotografar objetos bem aproximados, a uma distância de aproximadamente 4 centímetros.
Por ter uma resolução muito baixa, porém, a qualidade da imagem é fraca. No entanto, seu propósito não é entregar uma nitidez tão boa quanto a câmera principal.
Câmera frontal | 16 MP
Eu notei alguns problemas com a câmera frontal logo nas primeiras imagens que tentei fotografar. Em ambientes fechados com bastante iluminação artificial — um shopping, no meu caso — percebi que o branco fica muito estourado e deixa a imagem muito clara.
Também reparei que esse “branco estourado” ficava mudando, como se eu tivesse trocado o foco para algo atrás de mim e depois voltado para mim ao clicar na tela. Mas não era o que acontecia. Eu até tentei clicar direto em mim para ver se corrigia a falha, mas isso era momentâneo, e logo a imagem voltava a estourar.
Em ambientes abertos e com bastante iluminação natural, porém, a câmera age muito melhor e, mesmo com sol intenso, não tive problemas para fotografar. Isso me faz crer que uma atualização de software pode resolver essas falhas.
A câmera também oferece um modo retrato para as selfies, mas o recorte dele não é nada bom. Em vez de fazer o corte bem rente a mim, a câmera simplesmente contorna em volta do meu corpo e é possível ver que alguns pedaços do plano de fundo aparecem fora do desfoque.
Modo noturno
O modo noturno do Realme 9i é mais uma função que merece um tratamento melhor por parte da marca com uma possível atualização de software. As imagens obtidas nele não são bem clareadas e também ficam bastante pixelizadas.
Tanto em ambientes internos quanto em externos a perda de detalhes é muito grande, então não espere grandes resultados com a câmera em ambientes escuros.
Sistema de Som
O Realme 9i conta com uma configuração de áudio estéreo — o que já é ótimo para sua categoria. Uma saída fica localizada na parte inferior, ao lado do conector USB-C, enquanto a outra divide espaço com a saída de som de ligações.
A qualidade sonora, porém, não é das melhores e, se você quiser ouvir músicas em um volume máximo, vai precisar se contentar com o som um pouco distorcido. Em um nível intermediário, porém, é possível ter mais equilíbrio, mas o som é bem baixo.
Apesar desses aspectos negativos, ele se sai muito bem em jogos ou filmes e séries. Com a configuração estéreo, é possível ter uma sensação de imersão maior.
Bateria e Carregamento
O Realme 9i é alimentado por uma bateria de 5.000 mAh, o que é basicamente a média que esperamos de celulares intermediários ou mais avançados. Isso é o suficiente para oferecer, tranquilamente, um dia de uso.
É claro que isso depende de alguns fatores, como um uso moderado e com redes móveis desligadas na maior parte do tempo. No meu teste, porém — no qual alternei bastante no uso de apps de redes sociais e fiz algumas sessões de jogos no Call of Duty Mobile e no League of Legends: Wild Rift —, ele se mostrou bem competente.
Pude chegar a um dia de uso com pouca folga, mas é importante destacar que durante todo o período, eu só utilizei a rede Wi-Fi e mantive o Bluetooth desligado durante a maior parte do tempo.
Também fiz um teste padrão, no qual reproduzi três horas de filmes na Netflix e o consumo foi de 19% durante o processo. Com isso, é estimado que ele ultrapasse 15 horas de streaming na plataforma.
O carregamento não é dos mais velozes, mas certamente deixa alguns concorrentes — como da Motorola — para trás. Ele pode obter uma carga de 15 a 100% em pouco mais de uma hora — no meu teste, foi necessário uma hora e 13 minutos. Isso acontece graças ao suporte ao carregamento rápido de 33 W da marca.
Concorrentes Diretos
O Realme 9i compete diretamente com o Redmi Note 11, já que compartilham o mesmo chip e têm outras especificações mais parecidas. No entanto, também é possível colocar o Moto G31 e o Galaxy M32 na briga.
Tanto o celular da Realme quanto o Xiaomi oferecem a plataforma Snapdragon 680 4G, mas o celular da linha Redmi chega a contar com até 8 GB de RAM e 256 GB de armazenamento interno, enquanto o máximo no 9i é 6 GB + 128 GB.
O Galaxy M32 também conta com até 6 GB de RAM + 128 GB de armazenamento interno, mas é equipado com uma plataforma ligeiramente inferior, a Helio G80. O Motorola, por sua vez, é mais modesto e entrega apenas 4 GB + 128 GB, mas seu chip — um MediaTek Helio G85 — é só um pouco superior.
Em termos de bateria, todos ficam na mesma capacidade: são 5.000 mAh. A forma como o processador age e as demais tecnologias embarcadas é que vão mostrar quem pode ser o melhor.
Neste quesito, Moto G31, Redmi Note 11 e Galaxy M52 se destacam, já que contam com uma tela OLED, no caso do Motorola, AMOLED, no Redmi Note 11 ou Super AMOLED no Galaxy M32. Essa tecnologia de painel é mais conhecida por poupar bastante energia caso você use o modo escuro.
O processador também conta bastante para isso e, agora, Realme e Redmi levam a melhor, já que o gerenciamento de energia do Snapdragon 680 é bem melhor do que o dos dois chipsets da MediaTek.
Em relação às câmeras, Samsung e Xiaomi levam uma vantagem maior, por oferecerem uma lente a mais do que os rivais. O Galaxy M32 possui uma combinação de 64 MP + 8 MP + 2 MP + 2 MP com uma lente de selfies de 20 MP, enquanto o Redmi Note 11 tem sensores de 50 MP + 8 MP + 2 MP + 2 MP e um de selfies de 13 MP.
O Moto G31 fica logo atrás, com um trio de 50 MP + 8 MP + 2 MP e uma câmera frontal de 13 MP, já o Realme 9i oferece a configuração de 50 MP + 2 MP + 2 MP com frontal de 16 MP.
O preço, porém, não é um grande atrativo do Realme 9i, já que ele chega ao mercado brasileiro por R$ 2.299, enquanto seus concorrentes são encontrados na faixa de R$ 1.400 a R$ 1.600. No entanto, é possível que esse valor caia ao longo dos próximos meses, o que aumentará a competitividade.
Dessa forma, portanto, vale mais a pena apostar em um Redmi Note 11, que entrega uma configuração semelhante, mas tem uma tela melhor e um conjunto de câmeras mais encorpado. A Samsung também se destaca neste quesito, mas fica um pouco atrás em desempenho.
Conclusão | Um celular intermediário com bom desempenho
O Realme 9i entrega um bom desempenho durante a execução de jogos e aplicativos de redes sociais ou mensageiros, mas seu preço inicial assusta um pouco, já que chega na faixa de intermediários premium, como Galaxy A72 ou até mesmo o flagship mais básico de duas gerações atrás, o Galaxy S20 FE.
De qualquer forma, caso sofra ajustes com o passar dos meses, ele pode se tornar uma boa opção, principalmente se ficar com um valor mais próximo de seus principais rivais.
Ele peca um pouco em relação às câmeras, principalmente a frontal, que sofre bastante em ambientes com muita iluminação artificial. Isso é algo que pode ser corrigido com uma futura atualização de software.
O desempenho da bateria é outro ponto forte e, com um uso moderado, ele pode chegar com folga em um dia de uso. Isso, aliado ao carregamento rápido de 33 W, torna ele uma boa opção para quem busca um celular que passe bastante tempo longe das tomadas.