O que é o X, aplicativo de Elon Musk que pode substituir o Twitter
Por Alveni Lisboa • Editado por Douglas Ciriaco | •
O bilionário Elon Musk pode usar o Twitter como ponto de partida para criar o X, um superapp para "dominar' o ocidente. Se antes ele estava na dúvida sobre comprar ou não a rede social, hoje o empresário vê no passarinho o início de uma grande jornada, como afirmou recentemente em seu perfil.
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A ideia de Musk parece ser transformar o Twitter em um app similar ao WeChat, solução extremamente popular na Ásia, em especial na China. Trata-se de uma espécie de aplicativo all-in-one, porque reúne uma série de serviços como troca de mensagens instantâneas, redes sociais, serviço de pagamentos, compras online e delivery de comida.
Esse conceito ainda não existe no Ocidente com tamanha grandeza, mas o X poderia ser o pioneiro no segmento. No Brasil, costuma-se usar a nomenclatura superapp para serviços que integram loja virtual e pagamento, mas ainda não há nada que chegue próximo ao WeChat e sua fórmula centralizadora.
O Twitter vai virar o X?
A seu favor, o Twitter tem a popularidade e a boa aceitação social. A rede está longe de ser tão povoada quanto o Instagram e o TikTok, mas goza de prestígio graças ao uso por políticos, autoridades, empresas e influenciadores digitais, principalmente quando precisam emitir opiniões ou compartilhar pensamentos.
Com o anúncio da compra por Musk, que prometeu oferecer mais "liberdade de expressão" ao reduzir a moderação de conteúdo, muito se falou sobre uma possível fuga em massa da plataforma para rivais como o Mastodon. Integrar novos serviços ao Twitter poderia ser uma forma inteligente de manter as pessoas mais conectadas, além de trazer mais frentes de lucro para o negócio.
O X poderia atrair públicos novos, pouco interessados nos posts curtos, mas dispostos a comprar online ou fazer pagamentos sem depender de bancos. O WhatsApp tenta seguir nessa linha há alguns anos, principalmente a partir do lançamento do WhatsApp Pay, mas ainda segue patinando sem fazer esses complementos caírem no gosto popular.
Ainda não dá para saber se o empresário concretizará seus planos, mas isso parece ser apenas uma questão de tempo. Trata-se de um projeto antigo do dono da SpaceX, que chegou a cogitar lançar no X uma rede social própria se a compra do Twitter melasse.
O que esperar do X?
Integrar uma rede social a um app de compras é o sonho de todos os desenvolvedores da área. Você está assistindo a um vídeo do seu criador de conteúdo favorito quando se depara com uma comida apetitosa feita por ele, mas que pode ser recebida pronta na sua casa com apenas um clique.
Isso seria muito mais simples do que ir ao supermercado, fazer as compras e ter que preparar o prato. Muita gente até perde a vontade só de pensar nesse processo longo. Este é o trunfo que um superapp como o X poderia oferecer: abusar do impulso de compra das pessoas para vender mais e lucrar como nunca.
Na Ásia, o principal rival do WeChat é o Grab. Ele não oferece rede social, mas tem tudo o que as pessoas desejam: táxi na porta de casa, delivery de comida, pedidos de compras em supermercados, compra de pacotes de férias e pagamentos de todo o tipo.
No caso do Grab, as pessoas podem pedir uma comida de madrugada ou solicitar ao mercado mais próximo uma jaca descascada, poupando o trabalho (e o mau cheiro) de prepará-la para o consumo. O superapp também permite enviar encomendas ou documentos, além de efetuar compras em milhares de sites de comércio eletrônico ou pedir por um teste de covid-19, por exemplo.
Tudo é pago com uma carteira digital vinculada à conta bancária ou ao cartão de crédito. Algumas soluções oferecem parcelamento direto com a empresa (algo que os brasileiros conhecem bem, mas é menos comum lá fora) e um sistema de recompensas com descontos/moedas ganhas por realizar atividades no app.
Em se tratando de Elon Musk, é claro que o sistema de pagamentos integrado deve ser uma das funcionalidades centrais do X, inclusive com suporte a criptomoedas. Isso exigiria obviamente o lançamento de uma imensa plataforma em blockchain, algo que está nos planos do bilionário há tempos.
Superapp de Musk chegará ao Brasil?
Ainda é muito cedo para falar sobre a expansão para o Brasil e outros países, já que o X nunca foi confirmado oficialmente. A ideia é boa e ter o Twitter como ponto de partida — a rede social já tem um sistema de pagamento integrado da Stripes — pode agilizar os planos do bilionário dono da Tesla.
O WeChat tem 1,29 bilhão de usuários na China, portanto seria difícil competir em terrenos orientais. Mas Musk tem todo o Ocidente, em especial a Europa e América do Norte, para implementar o X.
Isso daria ao popular empreendedor um nível de poder pouco visto na história da tecnologia. Os superapps podem manter as pessoas conectadas quase o dia inteiro neles, o que se reverte em venda de publicidade, alcance de conteúdo e domínio de múltiplos mercados em simultâneo.
Apesar das facilidades, é importante ponderar se as pessoas querem centralizar toda a sua vida em um único aplicativo. Todos os filmes apocalípticos de ficção científica, tem as grandes corporações como estopim para problemas globais.
O acesso à crédito ou serviços básicos ficaria atrelado ao seu "comportamento social", como retratado em séries como Black Mirror. Tal associação pode trazer graves consequências para os mais pobres e os excluídos digitais, como ocorre com o WeChat desde 2020, que oferece benefícios extras para quem tem boas condições financeiras.
Será que o superaplicativo X de Musk, caso seja lançado algum dia, será visto como revolucionário ou ameaça à liberdade de expressão? Isso somente o tempo, e a postura adotada pelos desenvolvedores do X, dirá.