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Quem é Jim Ryan, chefão da PlayStation que deixa a empresa em 2024?

Por| 28 de Setembro de 2023 às 17h03

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Reprodução/Sony
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Se você não é tão ligado assim à parte corporativa relacionada ao mundo dos games, o nome de Jim Ryan pode até não ser muito conhecido. No entanto, você certamente se deparou com os resultados de sua gestão bastante exitosa e, ao mesmo tempo, controversa da Sony Interactive Entertainment (SIE). Como nome mais poderoso do PlayStation, ele deixa uma marca bastante agressiva no seu período como CEO da divisão de jogos. E se isso resultou em ganhos e conquistas bem representativas para a empresa, também criou algumas rusgas com parte da indústria e com a própria comunidade.

É com esse histórico atribulado que o executivo anunciou que vai deixar a Sony depois de comandar a PlayStation ao longo dos últimos anos. Ele se aposenta a partir do próximo dia 31 de março de 2024, fechando um ciclo de 30 anos no mercado de games. Contudo, é principalmente pelo período em que foi CEO, iniciado em 2019, que suas ações se tornaram mais emblemáticas — para o bem e para o mal.

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Segundo ele, a principal razão por trás da decisão era a dificuldade de dividir sua vida pessoal com a profissional, vivendo em uma constante e exaustiva ponte aérea entre Estados Unidos e Europa, onde vivia com a família. Parece uma justificativa bastante simples para alguém da sua posição. Mas, para alguém com um currículo tão recheado, é totalmente compreensível.

O homem por trás do PS5

Ok, talvez seja um pouco exagero dizer que o Jim Ryan é o responsável pelo lançamento do PS5, já que há toda uma equipe de engenheiros que ajudou a projetar o console de modo que ele fosse o sucesso que se tornou. Contudo, se teve alguém que conseguiu fazer com que esse trambolho gigantesco fosse bem aceito pelo consumidor foi ele.

Brincadeiras à parte, realmente não dá para desassociar o lançamento bem-sucedido do PS5 da figura de Ryan. Foi ele quem encabeçou e personificou boa parte do marketing do novo console da Sony. Foi sob o seu comando que o lançamento em plena pandemia teve números estratosféricos, superando as 40 milhões de unidades vendidas, o que ajudou a criar um terreno bastante tranquilo para a empresa na atual geração.

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E se só isso já seria motivo o suficiente para marcar sua gestão como CEO do PlayStation, o executivo britânico acumula outras decisões acertadas durante seu período no cargo. Foi sob sua batuta que a Sony lançou dois dos maiores sucessos recentes da empresa — The Last of Us Parte II e God of War: Ragnarok —, além de dar sinal verde para a produção de nova franquias e sequências que também deram muito certo comercialmente, como Ghost of Tsushima e Horizon: Forbidden West.

Parte disso estava na própria visão que Ryan tinha do negócio em suas mãos. Em mais de uma ocasião, o chefão da divisão de games afirmou que o negócio da PlayStation não era apenas jogos, mas a ideia de entretenimento em si e que, por isso, apostar pesado no potencial tanto de suas propriedades intelectuais como no próprio engajamento da comunidade eram vitais.

Tanto que ele foi um dos grandes entusiastas de licenciar títulos da empresa para estúdios de cinema e TV. E os resultados não demoraram nada a aparecer, com a série de The Last of Us sendo um dos principais fenômenos de 2023 e puxando outros jogos para as demais mídias, como o já lançado seriado de Twisted Metal e as vindouras adaptações de God of War e Horizon.

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Essa ideia de trabalhar as propriedades do PlayStation como algo maior do que jogos para seus consoles também resultou em um movimento até então inédito para a companhia japonesa. Foi sob a presidência de Ryan que vimos títulos exclusivos da empresa serem lançados para PC — um movimento que revoltou muitos jogadores na época, mas que ajudou a popularizar ainda mais jogos que já tinham uma base bem consolidada nos videogames.

Quando a PlayStation fez a feira

Outra característica que vai marcar a gestão de Jim Ryan como presidente da SIE foi a sua sanha por adquirir estúdios. A Sony já tinha um histórico anterior a ele de comprar e incorporar certas produtoras parceiras para incrementar seu portfólio, mas isso ganhou ainda mais força quando o britânico passou a ditar as regras.

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Foram diversas aquisições, algumas delas bastante polêmicas e até controversas. A mais emblemática delas foi justamente a Bungie, responsável pela franquia Destiny. A aquisição foi concluída em 2023 por surpreendentes US$ 3,6 bilhões e foi vista como uma resposta da Sony à compra da Activision pela rival Microsoft — e já vamos falar sobre isso —, já que o game de tiro era um dos títulos mais populares do Xbox Game Pass e um adversáriol à altura de Call of Duty em uma eventual briga por exclusivos.

Só que, antes mesmo disso tudo, Jim Ryan já tinha ido à feira e ampliado de forma bem expressiva o número de estúdios integrados à SIE. Entre 2019 e 2023, a empresa comandada pelo executivo adquiriu produtoras como a Insomiac Games (Marvel’s Spider-Man), Housemarque (Returnal) e a Bluepoint Games, que trouxe o remake de Demon’s Souls para o PS5.

Jim Ryan, o polêmico

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E é aqui que a figura de Jim Ryan como essa figura que divide opiniões começa a aparecer. Afinal, ao mesmo tempo em que colecionava sucessos e acertos como CEO da SIE, o chefão da PlayStation também adotava posições que atraíam críticas e tomava decisões não tão bem recebidas assim.

A principal delas está relacionada exatamente a essas compras quase desenfreadas que ele comandou durante seu período à frente da empresa. Isso porque, de um lado, ele estava comprando quem aparecesse pela frente e, do outro, se posicionava como o grande injustiçado diante de uma suposta tentativa de monopólio da Microsoft após o anúncio de que estaria comprando a Activision Blizzard.

Tanto que Ryan se tornou uma das principais vozes contra a aquisição nos julgamentos feitos por órgãos regulatórios antitruste em todo o mundo, como a FTC e a CMA nos Estados Unidos e Reino Unidos, respectivamente. E essa postura contraditória não passou despercebida, com muita gente apontando a hipocrisia no discurso do executivo.

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Aliás, não faltaram críticas e alfinetadas do executivo à rival e sua estratégia de negócio, principalmente ao Game Pass. Em uma das suas falas recentes, ele atacou o serviço ao dizer que ele era prejudicial e destrutivo para as distribuidoras e para a própria indústria, pois desvalorizava o valor dos jogos. Não demorou para que vários estúdios se manifestassem contrários ao discurso do CEO.

Falando em valor, Jim Ryan foi um dos defensores da política de aumento de preço dos jogos na nova geração. Embora a Sony não tenha sido a única a estabelecer o preço de US$ 70 para os lançamentos, o CEO defendeu a posição de que o desenvolvimento de grandes jogos se tornou cada vez mais caro e que, para manter o sistema viável, o consumidor deveria pagar mais. Assim, se ele ajudou a estabelecer God of War: Ragnarok e Horizon: Forbidden West como grandes sucessos, a gente sentiu no bolso o preço dessa conquista.

Ao mesmo tempo, ele se mostrou um grande crítico da retrocompatibilidade. Em um momento em que o Xbox celebrava o fato de os novos Series S e Series X serem capazes de rodar praticamente qualquer jogo já lançado para um console da Microsoft, o chefe do PlayStation desdenhou do recurso ao dizer que todo mundo pede, mas ninguém joga games do Playstation ou PS2. Curiosamente, esses títulos “arcaicos”, como ele chamou, foram adicionados como recursos diferenciais das assinaturas mais caras da PlayStation Plus.

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E há outras polêmicas completando esse caldo, como o próprio lançamento das novas opções da Plus e o recente aumento no preço das assinaturas, assim como o fechamento de estúdios. Ao mesmo tempo em que saiu comprando todo mundo, Ryan ficou conhecido por fechar a Japan Studio, uma das mais tradicionais desenvolvedoras da Sony e responsável por jogos como Gravity Rush, Shadow of the Colossus e Knack — apenas para citar alguns.

Além disso, foi sua a decisão de apostar pesado na realidade virtual, algo que não trouxe o resultado esperado. Embora o PlayStation VR já tenha duas gerações de hardware disponíveis no mercado, os números ainda não são expressivos o suficiente para ser considerado um sucesso. Isso sem falar de sua insistência no modelo de streaming do console, ao invés de uma estratégia na nuvem, e que vai ser testada de fato com o lançamento do PlayStation Portal em novembro.

Quem fica no lugar de Ryan?

Goste ou não, Jim Ryan é um dos figurões mais marcantes que passou pela presidência da SIE. Por isso mesmo, é até interessante ver quem a Sony vai escolher para substituí-lo.

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Até o momento, o nome definitivo ainda não foi escolhido. No comunicado em que anunciou sua aposentadoria, a empresa apresentou o japonês Hiroki Totoki como CEO interino até que um novo chefe da PlayStation seja escolhido de vez.

A escolha de Totoki é bem interessante, pois traz alguém com um perfil bem diferente do adotado por Ryan. Ele é o atual presidente da Sony e acumula outros cargos dentro da gigante nipônica — como diretor de operações (COO) e diretor financeiro (CFO) — e está na companhia há mais de 35 anos.

E se você nunca ouviu falar dele, isso já mostra bem o seu perfil de atuação. Isso porque ele é o típico executivo mais discreto e que fala pouco à imprensa e aparece menos ainda em frente às câmeras. Assim, depois de alguns anos de um Jim Ryan arranjando brigas e dividindo opiniões da indústria e da própria comunidade, as coisas devem ser um pouco mais tranquilas nos próximos meses.