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Acidentes espaciais: 5 pousos desastrados em outros mundos

Por  • Editado por  Patricia Gnipper  |  • 

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Onur Ömer Yavuz/Pixabay
Onur Ömer Yavuz/Pixabay

Às vezes, acidentes espaciais podem acontecer, mesmo com grande planejamento e especialistas envolvidos nestas empreitadas. A exploração espacial está longe de ser algo simples, mas quando algo ocorre fora do esperado com robôs enviados à Lua e a outros planetas, estes desfechos ajudam agências espaciais de todo o mundo a aprender algo novo, corrigir seus erros e tentar novamente.

Quando a União Soviética lançou o satélite Sputnik I, em 1957, os Estados Unidos entraram na Corrida Espacial, uma disputa acirrada com seus rivais soviéticos que tinha o domínio espacial em jogo. Aquela época rendeu grandes avanços e, desde então, diversos sucessos já foram alcançados na exploração espacial, mas este caminho não contou somente com vitórias, mas também com algumas falhas.

Nem todas as missões planejadas pela NASA, Agência Espacial Europeia, entre outras, seguem conforme o planejado; todas já tiveram algum imprevisto no meio do caminho que, assim como os sucessos, também serviu como fonte de aprendizado. E, no caso das missões robóticas, elas representam excelentes oportunidades de tentar avançar ao máximo, para testar até onde é possível chegar — e sem colocar vidas em risco.

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Conheça 5 missões espaciais que falharam

Venera 3, da União Soviética

Durante a década de 1960, a União Soviética tentou lançar algumas missões com destino a Vênus. Uma delas foi a Venera 3, enviada ao nosso vizinho levando uma cápsula de pouso. A ideia era que o dispositivo explorasse a atmosfera venusiana e transmitisse dados de pressão, temperatura e composição dela, enviando-os de volta para a Terra enquanto descia controladamente de paraquedas.

Pois bem, a Venera 3 foi lançada no dia 16 de novembro de 1965. Já no dia 16 de fevereiro de 1966, quando faltava apenas um pouco para alcançar Vênus, os controladores perderam o contato com a nave.

A missão acabou liberando sua cápsula automaticamente e, como resultado, ela colidiu com o lado noturno de Vênus. Investigações posteriores mostraram que a Venera 3 apresentou as mesmas falhas da Venera 2, sua antecessora, e sofreu superaquecimento de seus componentes internos e painéis solares.

Surveyor 2, da NASA

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Antes de levar humanos à Lua com o programa Apollo, a NASA lançou, primeiro, diferentes missões do programa Surveyor, com o objetivo de realizar pousos controlados na Lua para depois fotografar a superfície do nosso satélite natural.

Depois, os cientistas da agência espacial iam analisar o material para determinar características importantes para os futuros pousos das Apollo. Entre as missões, estava a Surveyor 2, lançada em 1966 com um foguete Atlas/Centaur.

Durante a viagem, ela realizou uma manobra que exigiu o acionamento de seus motores, mas um deles não foi ativado. Como resultado, a nave perdeu a estabilidade e começou a tombar; ela até tinha um sistema de nitrogênio gasoso que foi acionado para ajudar a estabilizá-la, mas o componente conseguiu somente reduzir a taxa de rotação.

Várias tentativas de acionamento dos motores foram realizadas, sem sucesso: os sinais da Surveyor 2 foram interrompidos, indicando que ela havia colidido contra a superfície da Lua.

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O lander Schiaparelli, da Agência Espacial Europeia e Roscosmos

A Agência Espacial Europeia e a Roscosmos, agência espacial da Rússia, se uniram para trabalhar no programa ExoMars, formado por duas fases. A primeira delas contou com o orbitador Trace Gas Orbiter (TGO) e o lander Schiaparelli, lançados com destino a Marte em 2016 em busca de evidências de metano e outros gases atmosféricos que pudessem indicar processos biológicos ativos ou geológicos ocorrendo por lá.

O lander viajou com a TGO, e foi ejetado alguns dias antes de alcançar a órbita marciana. Ele entrou na atmosfera, mas uma falha computacional fez com que seus paraquedas fossem ejetados cedo demais — e, para completar, o lander executou outros comandos como se tivesse pousado, sendo que ainda estava a quase 4 km do solo.

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No fim, o Schiaparelli colidiu com a superfície de Marte, mas cumpriu suas outras tarefas com sucesso: ele entrou na atmosfera exatamente no momento planejado e até coletou dados durante 5 dos “6 minutos de terror” de sua descida ao solo marciano.

Beresheet, de Israel

Israel tentou se juntar às nações que já realizaram pousos na Lua. Para isso, o país contou com a missão Beresheet, formada por uma nave robótica construída pela SpaceIL, instituição sem fins lucrativos, e pela Israel Aerospace Industries (IAI). A Beresheet foi lançada com um foguete Falcon 9, da SpaceX, com destino a Mare Serenitatis, uma planície localizada no hemisfério norte lunar.

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Ao chegar lá, ela se tornaria a primeira missão do país a pousar na Lua e iria estudar a gravidade ao redor de seu local de pouso — mas isso não foi feito, já que o pequeno robô não conseguiu pousar e acabou caindo na poeira lunar. A comunicação com a nave foi interrompida quando ela estava a cerca de 149 m da superfície lunar. Mesmo assim, os representantes da SpaceIL e IAI destacaram que a missão foi uma grande conquista.

Eles consideram que ela cumpriu seus objetivos principais de avançar o programa espacial israelense, ampliar a expertise tecnológica do país e despertar o interesse dos jovens em ciência, tecnologia, engenharia e matemática — os membros da missão se encontraram com mais de 1 milhão de pequenos estudantes.

Além de fazer tudo isso, a Beresheet conseguiu chegar à órbita lunar e até enviou uma foto da superfície da Lua antes de pousar. Segundo a SpaceIL, a colisão foi causada por uma falha técnica no motor da Beresheet.

O lander Vikram, da Índia

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Em 2019, a Índia lançou a missão Chandrayaan-2 com destino a uma planície de terreno regular, a cerca de 600 km do polo sul da Lua. Formada por um orbitador e pelo módulo de pouso Vikram, a missão poderá incluir a Índia na breve lista composta pela antiga União Soviética, Estados Unidos e China, as nações que já conseguiram realizar pousos robóticos em nosso satélite natural. Tudo correu bem durante o lançamento e na viagem.

Entretanto, passados alguns minutos antes do momento programado para o pouso, a agência espacial indiana ISRO perdeu contato com o lander Vikram — imagens posteriores produzidas pela sonda Lunar Reconnaissance Orbiter, da NASA, revelaram o possível local de impacto do lander e dos seus detritos.

Depois, a equipe da sonda acabou confirmando que os detritos identificados eram, de fato, do Vikram. Apesar do desfecho, chegar tão próximo da superfície lunar foi um feito surpreendente, e a Índia vem planejando uma nova tentativa com a missão Chandrayaan-3.

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Fonte: NASA (1, 2), ESA, Space.com, Nature