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Tragédias espaciais: os 10 maiores acidentes de todos os tempos

Por  • Editado por  Patricia Gnipper  | 

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NASA
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Recentemente, a Virgin Galactic e a Blue Origin inauguraram seus veículos destinados a realizar voos de turismo espacial. Ambos foram um sucesso e todos os tripulantes a bordo voltaram para a Terra em segurança — mas vale lembrar que essas viagens têm riscos envolvidos; afinal, as naves que levam tripulações para fora da Terra são sistemas complexos, que exigem simulações e testes rigorosos para garantir que tudo correrá bem em todas as etapas dos voos. E parte desse cuidado vem do legado deixado por tragédias espaciais que marcaram o passado.

Durante os 30 anos de programa dos ônibus espaciais, a NASA lançou mais de 100 veículos tripulados, sendo que dois deles resultaram em fatalidades. O programa Soyuz, da Rússia, tem uma taxa de falhas semelhante, que aponta para dois acidentes fatais em pouco mais de 100 missões tripuladas. "Temos que continuar admitindo que é perigoso, e precisamos tratar assim", já afirmou em entrevista Bryan O'Connor, que atuou na direção do escritório de segurança e garantia de missões na NASA. "Vale a pena fazer, se tivermos uma boa missão, mas não podemos subestimar os riscos", explicou.

Levar veículos ao espaço é algo que exige enormes quantidades de energia, algo que pode ser perigoso de produzir, e há mais diversos outros desafios envolvidos, como a reentrada na atmosfera terrestre, cujas temperaturas extremas podem queimar a parte externa das naves. Felizmente, com o tempo de experiência adquirido, novas tecnologias e conhecimentos, foi possível tornar os voos espaciais cada vez mais seguros — mas sem esquecer as lições aprendidas com os acidentes trágicos que fizeram história.

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As tragédias espaciais que marcaram a história

Listamos abaixo 10 acidentes espaciais e suas respectivas causas, cujas consequências ajudaram a definir a forma como as viagens espaciais acontecem hoje. Confira, em ordem cronológica:

O acidente de Max Valier (1930)

Max Valier foi um inventor austríaco e grande entusiasta dos foguetes e da possibilidade de usá-los para levar pessoas ao espaço — tanto que, na década de 1920, ele realizou diversos experimentos e demonstrações públicas para tentar despertar o interesse do público e de investidores e, assim, conseguir apoio para testar protótipos. Valier experimentou equipar veículos como carros de corrida e planadores com foguetes de pólvora, até que percebeu que precisava de algo que fosse mais poderoso. Assim, em janeiro de 1930, ele começou a testar foguetes alimentados por propelente líquido.

Para isso, ele trabalhava com uma câmara de combustão, um tubo de aço que tinha uma abertura para exaustão e outra para receber o propelente. Depois de abastecida com combustível e oxigênio líquido, que eram misturados, a câmara era acesa e uma força correspondente ao empuxo era gerada. O problema é que faltava segurança nos testes, o que resultou em uma fatalidade: em um deles, uma explosão violenta disparou um estilhaço que atingiu uma artéria pulmonar do inventor. Ele morreu em dez minutos, aos 35 anos, naquela que foi uma das primeiras casualidades da era espacial moderna.

Incêndio da Apollo 1 (1967)

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O célebre programa Apollo, que levou os primeiros astronautas à superfície lunar, teve um início trágico. No dia 27 de janeiro de 1967, os astronautas Virgil Grissom, Edward White e Roger Chaffee entraram no módulo de comando para um realizar um teste antes do lançamento, que estava programado para ocorrer no mês seguinte. Logo no começo do procedimento, Grissom relatou um odor estranho; depois, houve outros problemas, como níveis anormais no fluxo de oxigênio e falhas no sistema de comunicação.

Após a equipe contornar esses ocorridos, o teste foi iniciado. Às 18h31, os instrumentos em solo indicaram um novo pico no fluxo de oxigênio dos trajes espaciais. Passados alguns segundos, um dos astronautas anunciou que havia fogo na cabine, e Chaffee disse que eles iriam sair do módulo de comando. Entretanto, o incêndio já acontecia a bordo e procedimentos de saída de emergência levariam pelo menos 90 segundos para serem realizados, e nem mesmo a equipe fora da espaçonave conseguiu abri-la. Os astronautas não sobreviveram ao incêndio e as investigações mostraram que o ocorrido foi causado por um curto-circuito.

As falhas da nave Soyuz 1 (1967)

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Vladimir Komarov nasceu em 16 de março de 1927 e foi o primeiro russo a realizar dois voos espaciais. O primeiro aconteceu em 1959, quando ele pilotou a nave Voshkod 1, a primeira a levar mais de um ser humano ao espaço. Já o outro foi realizado em 23 de abril de 1967 — apenas três meses após o incêndio da Apollo 1 —, no qual Komarov voou sozinho a bordo da Soyuz 1. A nave ainda estava em um estágio experimental de desenvolvimento e tinha diversos problemas de engenharia, mas foi lançada mesmo com os engenheiros e o próprio Komarov cientes dos riscos.

Passados nove minutos do lançamento, os problemas começaram: pouco depois de entrar em órbita, um dos painéis solares falhou, deixando a nave sem energia e, consequentemente, os controles não funcionaram corretamente. A missão foi abortada e, depois de uma reentrada complicada na atmosfera da Terra, os paraquedas não abriram adequadamente, o que resultou em uma descida descontrolada. Komarov não conseguiu escapar antes de a nave se chocar violentamente contra o solo, não resistindo à queda. Ele foi sepultado com honras em Moscou e suas cinzas foram enterradas na necrópole da Muralha do Kremlin, na Praça Vermelha.

Falha na missão Soyuz 11 (1971)

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Em 6 de junho de 1971, a antiga União Soviética fez sua segunda tentativa de levar cosmonautas à estação Salyut 1. Para isso, a nação lançou a missão Soyuz 11, que levou Georgi Dobrovolski, Vladislav Volkov e Viktor Patsayev à estação. Eles ficaram 22 dias nas instalações, trazendo de volta para a Terra um recorde de permanência no espaço e uma missão de sucesso. O retorno aconteceu no dia 30 de junho e, em princípio, tudo pareceu correr bem durante a reentrada na atmosfera. Contudo, quando a equipe de recuperação foi até a nave, já em solo, para abrir a escotilha, tiveram uma triste surpresa.

Todos os cosmonautas estavam mortos. A equipe realizou procedimentos médicos para tentar reanimá-los, mas não tiveram sucesso porque os tripulantes já não respiravam há pelo menos 15 minutos antes da aterrissagem. A equipe de recuperação determinou que, provavelmente, eles morreram asfixiados devido a uma válvula rompida, que teria permitido que o ar escapasse para o espaço durante a descompressão. Eles morreram a cerca de 160 km de altitude e, até hoje, são as únicas pessoas que morreram no espaço.

O desastre do cosmódromo de Plesetsk (1980)

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Em 18 de março de 1980, um foguete russo Vostok — o mesmo tipo daquele que foi usado para levar o cosmonauta Yuri Gagarin ao espaço, em 1961 — era abastecido para levar o satélite Tselina à órbita. Entretanto, o veículo explodiu e acabou incendiado durante o procedimento, sendo engolido pelas chamas enquanto ainda estava na plataforma. O acidente causou a morte de cerca de 50 pessoas — a maioria das vítimas eram soldados soviéticos, e houve outros que morreram posteriormente em função dos ferimentos.

A investigação oficial do acidente aponta que o ocorrido aconteceu devido a erros da equipe em solo, que teriam quebrado as regras de segurança contra incêndios. Contudo, há fontes que afirmam que essa conclusão está errada e que, na verdade, o desastre poderia estar relacionado a uma válvula, que, ao entrar em contato com o peróxido de hidrogênio, poderia causar uma reação explosiva em cadeia.

A explosão do ônibus espacial Challenger (1986)

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A NASA iniciou o programa dos ônibus espaciais em 1981. O terceiro a ser lançado foi o Challenger, que guarda nove missões bem-sucedidas em seu histórico e marcos importantes, como a primeira caminhada espacial do programa. Já a décima missão, que levaria os astronautas Francis Scobee, Michael Smith, Judith Resnik, Ellison Onizuka, Ronald McNair e Gregory Jarvis e Christa McAuliffe (a primeira civil a ir ao espaço), resultou em uma tragédia.

Mesmo com protestos de engenheiros que temiam que o frio prejudicasse o desempenho de componentes essenciais para a segurança do voo, o Challenger foi lançado em 28 de janeiro de 1986. Passado pouco mais de um minuto após deixar o solo, o ônibus espacial explodiu e nenhum dos tripulantes sobreviveu. As investigações do acidente mostraram que, basicamente, tudo ocorreu devido a anéis de vedação de borracha que não se expandiram como deveriam devido ao frio e liberaram gases do compartimento interno do ônibus. A tragédia foi investigada em uma série documental da Netflix.

Acidente com o foguete Long March 3B (1996)

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Em 1996, a China lançaria um foguete Long March 3B das instalações de Xichang Satellite Launch Center, para levar o satélite Intelsat-708 à órbita. Tudo parecia normal antes do lançamento, e os parâmetros do satélite mostravam bons indicadores. Assim que foi lançado, o esperado era que o foguete seguisse na direção vertical por algum tempo até alcançar altitude, para somente depois mudar de direção. Contudo, um engenheiro norte-americano relata que o veículo começou a se mover horizontalmente, acelerando enquanto avançava em direção a um vale local.

Conforme seguia em direção ao solo, o Long March 3B explodiu em uma grande bola de fogo, que transformou a madrugada em dia. Relatos de engenheiros norte-americanos que estavam no local apontam que um complexo residencial próximo foi quase totalmente destruído, e alguns estabelecimentos relativamente próximos do epicentro foram desintegrados. A Xinhua, agência oficial de notícias da China, reportou que seis pessoas morreram no acidente e mais de 50 ficaram feridas. A causa do ocorrido estava relacionada ao sistema de controle do foguete.

Desastre do ônibus espacial Columbia (2003)

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O Columbia foi o primeiro ônibus espacial lançado e realizou 27 missões de sucesso. Seu 28º voo foi realizado em 16 de janeiro de 2003, levando os astronautas Rick Husband, Michael Anderson, David Brown, Kalpana Chawla, Laurel Clark, William McCool e Ilan Ramon a bordo. Eles passaram 16 dias no espaço em uma missão dedicada especialmente à pesquisa, em um período em que o programa dos ônibus espaciais era focado na construção da Estação Espacial Internacional (ISS).

Tudo correu bem durante a missão, mas houve um acidente no retorno à Terra: após a reentrada na atmosfera, o Columbia se rompeu quando se aproximava de Dallas e nenhum dos astronautas resistiu. Investigações do desastre mostraram que um pedaço de espuma caiu do tanque externo do ônibus, e acabou danificando uma das asas do veículo. O acidente foi um dos principais fatores que levou a NASA a suspender o programa dos ônibus espaciais em 2011 e, por isso, os astronautas que foram à ISS depois disso viajaram a bordo de naves Soyuz, da Rússia — o que, hoje, já não acontece mais, graças ao programa comercial da NASA que tem contado com espaçonaves de empresas privadas norte-americanas, como é o caso da Crew Dragon, da SpaceX e, futuramente, da Starliner, da Boeing.

A Tragédia de Alcântara (2003)

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Em agosto de 2003, o Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão, abrigou um Veículo Lançador de Satélites, que levaria satélites de observação para a órbita terrestre. Entretanto, no dia 22 daquele mesmo mês — e três dias antes da data oficial do lançamento —, o foguete foi acionado prematuramente, sendo que toda a estrutura ao redor do veículo já estava montada. A ignição resultou na explosão da torre de lançamentos e na morte de 21 técnicos que estavam por lá.

Houve quem especulou que haveria alguma conspiração acontecendo por trás do acidente, mas, após investigar o ocorrido, a Aeronáutica descartou qualquer possibilidade de sabotagem. As análises mostraram que o acionamento súbito de um dos motores do foguete aconteceu por causa de uma falha em uma peça específica, que é necessária para a ativação deles. Essa falha pode ter acontecido por dois motivos: ou uma corrente elétrica indevida passou por lá, ou houve uma descarga eletrostática em algum ponto próximo. Em 2019, foi inaugurada uma placa de homenagem às vítimas.

Falha na aeronave SpaceShipTwo (2014)

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A Virgin Galactic já oferece viagens a turistas espaciais com o avião espacial SpaceShipTwo, que sobe até a altitude de 15 km “de carona” com o avião WhiteKnightTwo, para somente depois ser liberado e seguir viagem rumo à fronteira da atmosfera com o ambiente espacial. Até sua inauguração recente, foram necessários vários testes — e o quarto deles, realizado em 2014, teve uma falha. Naquele dia, o WhiteKnightTwo levantou voo normalmente e liberou o SpaceShipTwo, mas uma anomalia aconteceu; o piloto Peter Siebold e o co-piloto Michael Alsbury foram jogados para fora do veículo, que se desintegrou, e somente Siebold sobreviveu.

As investigações realizadas pelo National Transportation Safety Board determinaram que Alsbury acionou um componente do avião cedo demais, o que causou excesso de estresse aerodinâmico. Um dos membros da comissão afirmou que não havia ninguém melhor nos procedimentos que ele, mas concordou que o piloto "experienciou alta carga de trabalho como resultado de ter que lembrar de cor as tarefas, enquanto as realizava sob condições de pressão, tempo e vibração que não havia experienciado antes".

Fonte: PopSci, Airspace Mag (1, 2), History, RussianSpaceWeb, Space.com