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Oito curiosidades sobre o excêntrico e polêmico John McAfee

Por| Editado por Jones Oliveira | 18 de Agosto de 2022 às 18h00

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Divulgação/Netflix
Divulgação/Netflix

John McAfee é, sem dúvida nenhuma, uma das figuras mais importantes e polêmicas do mundo da tecnologia. Ele foi um pioneiro da indústria da segurança digital, sendo o criador do antivírus que, até hoje e tantos anos depois de sua saída, ainda leva seu nome; foi, também, alguém que viveu a vida no limite, com direito ao envolvimento com drogas pesadas, negócios escusos, crimes e até uma acusação de assassinato.

É essa saga absurda que será contada em um novo documentário da Netflix. John McAfee: Gênio, Polêmico e Fugitivo tem lançamento marcado para o dia 24 de agosto e relata os anos em que o especialista viveu como um foragido da justiça e as acusações que pairavam sobre ele até sua morte, em uma prisão na Espanha, motivo de conspiração e suspeitas até hoje.

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Dirigido por Charlie Russell (Terry Pratchett: Choosing to Die), o filme promote trazer cenas e entrevistas inéditas sobre esse momento conturbado da vida de McAfee. Além disso, como o próprio trailer demonstra, a ideia é explorar se há algo de loucura no comportamento dele em seus últimos anos, algo que algumas das curiosidades de seus últimos anos de vida podem ajudar a responder.

Acusação de assassinato

A morte de Gregory Faull foi, com toda certeza, o fato que mais marcou a trajetória de John McAfee ao longo da última década. O especialista em segurança se mudou para Belize em 2008, depois que a crise financeira corroeu sua fortuna, à época avaliada em US$ 100 milhões, para meros US$ 4 milhões. Lá, ele acabou envolvido com o assassinato de seu vizinho, vítima de disparos de arma de fogo em novembro de 2012.

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Ainda nas semanas seguintes ao crime, a polícia de Belize começou a procurar McAfee como suspeito. Ele fugiu, afirmando que o assassinato era uma armação para que ele fosse preso e, mais tarde, morto — durante uma das buscas em sua casa, ele chegou a passar horas escondido, enterrado na areia, apenas com a cabeça encoberta por uma caixa de papelão.

Faull era um ex-militar da Marinha dos Estados Unidos, que trabalhou no mercado de construção civil antes de se mudar para Belize, em 2009, após se separar da esposa. Ele comprou uma casa antiga ao lado da residência de McAfee e, durante a reforma, chegou a discutir com o empreendedor diversas vezes por diferentes motivos; o especialista, por exemplo, afirmou que o vizinho tentou envenenar seus cachorros de estimação.

A investigação do caso prosseguiu cheia de eventos surreais, como a descoberta de um de seus esconderijos através de uma foto publicada em reportagem da Vice e uma deportação para os EUA em 2012, depois que ele foi preso tentando entrar ilegalmente na Guatemala. O envolvimento de McAfee na morte de Faull, entretanto, nunca foi confirmado e mesmo um processo por danos movido pela família da vítima, no valor de US$ 25 milhões, jamais foi pago, caducando após a morte do empreendedor que sempre alegou não ter fundos para cobrir o valor.

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Antibióticos, metanfetamina e outros negócios

A marca de antivírus foi só o negócio mais bem-sucedido da carreira de John McAfee, mas nem de longe foi o único. Ao longo de sua vida, ele desenvolveu aplicativos de mensageria, um software que dava acesso direto às permissões de cada instalação de app no Android e foi apontado diretor de uma investidora que, mais tarde, se envolveu no mercado de criptomoedas.

A QuorumEx, entretanto, acabou se tornando a mais polêmica. Oficialmente, a companhia fundada em fevereiro de 2010, era focada no desenvolvimento de antibióticos com ingredientes naturais encontrados em Belize. A ideia era inibir a proliferação de bactérias no corpo humano impedindo que elas identificassem sua densidade celular no organismo.

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Uma investigação que levou a batidas no laboratório e na casa de McAfee apontou uma possível utilização dos laboratórios para produção de metanfetamina. Mais uma vez, ele acusou as autoridades de agirem em complô com grandes indústrias farmacêuticas que estariam incomodadas com o desenvolvimento de seus antibióticos. Na ocasião, ele foi preso pela posse de uma arma de fogo não registrada e ainda acusou a polícia de atirar e matar um de seus cachorros.

Imposto é roubo!

Em mais um dos tantos problemas de McAfee com a lei internacional, ele se tornou fugitivo da justiça dos Estados Unidos em 2019, após ser acusado e condenado por evasão fiscal. Ele era um notório opositor do pagamento de impostos, afirmando em entrevistas ter passado os 10 anos anteriores sem declarar um único centavo para o governo de seu país-natal.

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Por conta disso, ele declarou estar morando em um barco em águas internacionais, onde estaria fora do alcance da lei e, também, de políticas de extradição para solo americano. Essa fase, porém, durou pouco mais de um ano, com McAfee sendo preso na Espanha em outubro de 2020 e permanecendo na cadeia até junho do ano seguinte, quando foi encontrado morto.

Morte e mais conspiração

Atenção: este tópico contém gatilhos de suicídio e abuso.

A vida de John McAfee foi conturbada e, claro, seu falecimento também não seria tranquilo. O corpo do empreendedor foi encontrado em sua cela, em uma prisão nos arredores de Barcelona, na Espanha, apenas horas depois de a justiça do país autorizar sua extradição para os EUA, para que ele respondesse pelo crime de evasão fiscal.

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A autópsia confirmou a morte por enforcamento e o caso foi encerrado como suicídio. Entretanto, a então esposa do empreendedor, Janice McAfee, acusou as autoridades americanas de envolvimento com sua morte e pediu uma investigação pelo governo espanhol, enquanto o advogado do especialista disse que ele jamais havia manifestado a intenção de atentar contra a própria vida.

Enquanto isso, na internet, ecoavam teorias relacionadas a uma queima de arquivo, comparações entre a morte de John McAfee e do magnata Jeffrey Epstein, e postagens misteriosas em seu perfil no Instagram, horas após a morte dele, que estariam relacionadas ao grupo conspiratório QAnon. No passado, o próprio especialista teria afirmado que haveria algo de suspeito caso ele fosse, um dia, encontrado morto por enforcamento; uma investigação encerrada em 2022 pelas autoridades espanholas confirmou a morte por suicídio.

As origens da genialidade

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O nome de John McAfee surgiu nos holofotes fortemente atrelado à segurança digital, mas antes disso, ele esteve envolvido em outros projetos importantes e teve passagem por corporações de renome. No começo de sua carreira, ele trabalhou como desenvolvedor e arquiteto de software em empresas como Xerox, Computer Sciences Corporation, Univac e Lockheed, onde teve seu primeiro contato com um vírus de computador.

Entretanto, um dos trabalhos dos quais ele mais se orgulhava aconteceu antes de tudo isso, quando ele iniciou sua carreira como programador no Instituto de Estudos do Espaço da NASA. Entre 1968 e 1970, ele contribuiu para as etapas finais do programa Apollo após se formar em matemática e se especializar em problemas complexos.

Separando-se do próprio nome

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Durante seu período na empresa aeroespacial Lockheed, McAfee teve contato com o Brain, um dos primeiros vírus criados para PCs. Foi a fagulha para o desenvolvimento do VirusScan, o primeiro antivírus comercial lançado no mundo e, também, um dos primeiros softwares a serem distribuídos por meio da internet, em 1987, nos primórdios da rede.

O sucesso absoluto, com milhões de cópias vendidas, fez com que a empresa dele rendesse US$ 5 milhões ao ano, o que levou a uma oferta pública de ações em 1992. No ano seguinte, John McAfee deixou a presidência executiva da companhia e passou a atuar como CTO. Em 1994, por fim, ele vendeu sua parte da McAfee Associates e deixou de participar da companhia de forma integral.

16 anos depois, a empresa seria adquirida pela Intel em um negócio de US$ 7,6 bilhões. Em 2014, foi anunciada a retirada do sobrenome da linha de produtos de segurança, que seriam comercializados como Intel Security. McAfee agradeceu publicamente o movimento e disse se sentir aliviado que sua identidade, finalmente, seria desassociada daquele que ele considerava ser “o pior software do planeta”.

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Isso aconteceu, claro, não sem sua boa dose de polêmicas, com o empreendedor tendo lançado, em 2013, vídeos onde ensinava a desinstalar os antivírus e outras soluções de segurança da McAfee enquanto aparecia rodeado por mulheres e drogas. Ele afirmava que os produtos eram pesados e impediam propositalmente o funcionamento normal dos sistemas operacionais, forçando usuários e corporações a realizarem upgrades desnecessários.

Não durou muito tempo, porém. Em 2016, a Intel voltou atrás em sua iniciativa de integrar os produtos de segurança à sua oferta de software e se separou do negócio, que voltou a atender de forma independente e usando o nome de McAfee que permanece até hoje, atuando em parcerias com o Google e sendo parcialmente controlada por diversas entidades e investidores, incluindo os governos de Singapura e Abu Dhabi.

John McAfee para presidente

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São tantas as histórias que ninguém ficou surpreso quando, já envolvido com diferentes problemas legais, John McAfee anunciou sua candidatura à presidência dos Estados Unidos nas eleições de 2016. Inicialmente, ele concorreria pelo recém-fundado Partido Cibernético, antes de se unir ao Partido Libertário. Ele não chegou a concorrer, ficando em segundo lugar nas primárias e terceiro na convenção do partido, que acabou elegendo Gary Johnson para a disputa, obtendo 3,3% dos votos populares.

Em 2019, McAfee iniciou mais uma campanha, pretendendo concorrer às eleições do ano seguinte. Ele fez isso diretamente do barco em que morava, em águas internacionais, enquanto estava foragido das acusações fiscais pelo governo dos Estados Unidos; ele desistiu da disputa em março de 2020, não antes de tentar uma posição como vice-presidente de dois dos proponentes à vaga pelo Partido Liberal.

Controle sobre a própria história

Diante de tantos feitos, opiniões controversas e mudanças, John McAfee desejava ter controle sobre como sua história seria contada. Isso o levou a, em 2013, assinar um contrato com a Warner Bros., vendendo ao estúdio os direitos sobre a própria vida, para que fosse transformada em um filme.

No mesmo ano, a produtora anunciou a produção de um filme baseado em John McAfee’s Last Stand, biografia publicada em 2013 pela Wired, ainda inédita no Brasil. Uma dupla de diretores chegou a ser anunciada, com John Requa e Glenn Ficarra (Amor à Toda Prova) também cuidado do roteiro, mas o projeto nunca saiu do papel.