Review Chevrolet Tracker Midnight | Visual diferente já basta?
Por Felipe Ribeiro • Editado por Jones Oliveira |
Lançado em 2020 durante a pandemia de Covid-19, o Chevrolet Tracker pode ser considerado um acerto da General Motors na atual geração do SUV. Feito sobre a mesma plataforma do Onix, o crossover compacto agradou o público brasileiro e chegou a ser o mais vendido da categoria em 2022, superando fortes concorrentes.
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Na linha 2024, a GM resolveu dar uma encorpada no portfólio e trouxe duas novas opções: Midnight e RS; como já havia feto com o próprio Onix e, também, com o Cruze.
A ideia aqui, no caso da Midnight, é ter como base a variante LT, acrescentar alguns equipamentos e trazer uma versão com apelo visual mais diferente, com muito uso de tons escurecidos. É uma tática interessante para aumentar as vendas do produto, mas que pode esconder algumas pegadinhas.
Nós passamos vários dias com o Chevrolet Tracker Midnight e vamos te contar se ele vale a pena ou não.
Conectividade e Segurança
Apesar de ser feito com base em uma das versões mais básicas do SUV, o Chevrolet Tracker Midnight não faz feio quando o assunto é tecnologia, principalmente no campo da conectividade, já que traz consigo todo o aparato envolvido no My Link e no OnStar.
Conhecida de outros modelos da montadora, a central multimídia tem tela de oito polegadas, boa resolução, interface rápida e bem intuitiva. O espelhamento com Android Auto e Apple CarPlay pode ser feito sem fio, mas não há carregamento de celular por indução, algo que faria sentido dentro desse ecossistema.
Já o sistema OnStar, o concierge da Chevrolet, pode ser adquirido como um opcional e dá ao Tracker Midnight mais capacidade de segurança e conectividade, como o assistente remoto 24h e uma série de recursos que podem ser ativados pelo app My Chevrolet.
Em termos de segurança ativa e sistemas de condução, o Tracker Midnight fica devendo, principalmente se levarmos em conta o seu preço, que passa dos R$ 140 mil. Há, sim, seis airbags, mas não temos, por exemplo, o alerta de colisão frontal, a frenagem automática de emergência e, tampouco, o alerta de ponto cego, itens presentes na variante LTZ e que custa pouca coisa a mais do que a variante Midnight. Se analisarmos alguns concorrentes, como o Jeep Renegade, há boa parte desses itens com um preço semelhante.
O LatinNCap deu 5 estrelas para o Tracker nos testes de colisão, então, não podemos dizer que, mesmo sem alguns itens de segurança e tecnologia, o carro não seja seguro. De todo modo, a estratégia aqui é clara e vai do cliente entender o que vale mais a pena: pagar pelo visual ou por mais equipamentos — no caso, mirando a versão LTZ.
Os itens de segurança e conectividade do Chevrolert Tracker Midnight são compostos pelo sistema ISOfix, controles de estabilidade e tração, freios ABS com EBD, freios a disco somente na dianteira e conexão via cabo USB-A.
Experiência de Uso e Conforto
O Chevrolet Tracker Midnight não recebeu mudanças no seu conjunto mecânico, tampouco na suspensão e demais recursos que afetam o comportamento dinâmico do SUV. Sendo assim, ele é meramente uma versão escurecida do Tracker LT.
Nesse caso, temos o bom motor 1.0 turbo com injeção indireta que rende 116cv e 16,8 kgf/m de torque, que, para o SUV, que pesa apenas 1.228kg, é mais do que suficiente para uma condução sem sustos, principalmente no perímetro urbano, quando não dependemos tanto de potência, mas sim do torque, que vem bem cedo nesse propulsor (2.000rpm). O câmbio é sempre automático de seis marchas, como nas demais versões.
O consumo também agrada no Tracker Midnight. Segundo o mostrador, na cidade batemos médias de 10,5 km/l, enquanto em trajetos rodoviários, a média ficou na casa dos 14,5 km/l, sempre com gasolina no tanque.
No uso, o Tracker é um carro agradável e que não te faz passar raiva. Apesar do isolamento acústico ruim, a suspensão é firme e consegue absorver bem as imperfeições do solo, sem ruídos anormais como batidas nos amortecedores. A rolagem também não te faz sambar muito na cabine, justamente por esse acerto da suspensão.
O vão-livre do solo, por sua vez, é de 16cm, menos do que alguns concorrentes, mas que não dá a impressão de estarmos em um hatch. Sim, no Tracker, nos sentimos em um SUVinho. Na geração anterior, porém, a sensação de SUV era bem maior.
Já quando falamos de espaço interno, a situação é a mesma das demais versões do SUV que já testamos por aqui. O entre-eixos é de 2,57m e o comprimento de 4,27m, ou seja, tudo dentro da média da categoria e suficiente para uma família pequena. O porta-malas é bom: 393 litros.
E por falar em ambiente interno, não há muitos mimos para quem vai por aqui. O ar condicionado é bom, mas analógico, e não há saídas para os ocupantes traseiros, algo que acontece, por exemplo, no VW T-Cross.
Os itens de comodidade do Tracker Midnight são complementados pelo sensor de chuva, sensor crepuscular, direção elétrica, ajustes elétricos nos retrovisores externos, sistema de som com seis alto-falantes, sensores de ré traseiros, monitoramento da pressão dos pneus, chave presencial, partida por botão e câmera de ré.
Design e Acabamento
O grande trunfo do Chevrolet Tracker Midnight é seu visual. A fórmula que a GM adotou em sua linha de carros, oferecendo essas opções com aparência escurecida é bem acertada. Tudo bem que a baixa oferta de equipamentos estraga um pouco essa ideia, mas que deixa o carro bonito, deixa.
O Tracker Midnight tem esse jeitão mais elegante justamente pela ausência de cromados, que são abundantes na versão Premier, por exemplo. As rodas de aro 17 são pintadas em preto, o que deve atrair mais o público jovem.
Na cabine, no entanto, as primeiras falhas. O teto é cinza e não preto. O acabamento é quase que todo em plástico duro e, itens como o cluster digital, que é simples demais, desagradam e já mostram que o projeto precisa receber uma atualização. Ao menos, os bancos são em couro e de ótima qualidade.
O conjunto óptico, por sua vez, tem lâmpadas alógenas e somente a luz de condução diurna é em LED.
Concorrentes
Por ser um SUV compacto, o Chevrolet Tracker, seja na versão Midnight ou não, compete com muita gente: Jeep Renegade, VW T-Cross, Hyundai Creta, Fiat Pulse, Caoa Chery Tiggo 5X Pro, Nissan Kicks, Honda HR-V, entre outros. Os preços variam de R$ 110 mil a R$ 190 mil.
Chevrolet Tracker Midnight: Vale a pena?
O Chevrolet Tracker Midnight traz uma fórmula de sucesso no seu histórico. A de apresentar um mesmo produto com roupagem diferente dos demais dentro da linha. Por esse aspecto, o SUV agrada demais, pois é bonito e eficiente. Entretanto, ao analisarmos os demais Tracker, fica uma dúvida: ir para o Midnight, pagar menos no LT praticamente idêntico ou ir para o LTZ por pouco a mais?
Pensando no custo-benefício, a versão LTZ faria mais sentido, mas o aspecto visual pesa também. Vale lembrar, que o Midnight tem seis airbags e bom conjunto de conectividade, algo que pode ser suficiente para a maior parte dos clientes. De todo modo, vale a pena, sim, ter o Tracker Midnight.
O Chevrolet Tracker Midnight pode ser adquirido em todo o Brasil por R$ 141.960, mas existem versões entre R$ 128 mil e R$ 163 mil.
No Canaltech, o Chevrolet Tracker Midnight foi avaliado graças a uma unidade gentilmente cedida pela General Motors do Brasil.