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Vírus zoonóticos podem matar 12 vezes mais pessoas até 2050

Por| Editado por Luciana Zaramela | 07 de Novembro de 2023 às 20h46

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iLexx/envato
iLexx/envato

A recente pandemia de coronavírus deixou todos cientes do perigo das doenças zoonóticas, ou seja, as que pulam entre espécies, saindo dos animais para infectar humanos, por exemplo. Mesmo sem levar em consideração a covid-19, cientistas preveem que vírus zoonóticos poderão ser 12 vezes mais mortais até 2050, marcando uma era em que as zoonoses dominarão o campo das doenças preocupantes à humanidade.

A pesquisa se baseia em dados epidemiológicos coletados de 60 anos atrás adiante, mostrando a tendência de patologias virais zoonóticas em humanos e seu aumento de morbidade e prevalência de maneira exponencial. Elas representam 60% de todas as doenças emergentes nos seres humanos desde então, e foram a causa da maioria das pandemias do século XX.

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Os dados incluem 3.150 surtos zoonóticos e epidemias entre 1963 e 2019, buscando descobrir especialmente as tendências infecciosas e a mortalidade dos vírus vindos de animais, com atenção para os que, assim como o coronavírus, precisaram de condições muito específicas para surgir, mas cujo risco à saúde pública, economia e política foram extremamente preocupantes.

Tendências virais e as zoonoses

A análise revelou 75 eventos de transferência de doenças em 24 países, causando 17.232 mortes humanas. Destas, 15.771 foram causadas, em 40 surtos diferentes, pela família filovírus (Filoviridae), que inclui os vírus de Marburg e Ebola, por exemplo. Toda essa família de vírus entrou na lista de patógenos preocupantes, junto ao Coronavírus SARS 1 (que não é o causador da covid-19, vale apontar), o Nipah e o Machupo.

Segundo os cientistas, caso as taxas anuais atuais continuem subindo na mesma proporção, essas doenças poderão causar quatro vezes mais “pulos” entre espécies, gerando cerca de 12 vezes mais mortes em 2050 do que causaram em 2020. A covid-19 é considerada um caso aberrante, fora da faixa normal, não entrando na conta. Os quatro grupos de vírus preocupantes tiveram um aumento de eventos de pulo interespécie de 4,98% e de mortes reportadas em 8,7% todos os anos entre 1963 e 2019.

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Se os cálculos estiverem corretos, os pulos zoonóticos não são aberrações ou casos aleatórios, mas sim parte de uma tendência longa de epidemias que estão se tornando cada vez mais comuns. O vírus Nipah (NiV), por exemplo, fica incubado em morcegosfrugívoros, também conhecidos como raposas-voadoras, e causa encefalite, podendo causar desde efeitos leves até morte. Os mesmos animais também são reservatórios naturais dos vírus Ebola.

Também se acredita que o vírus da SARS (da sigla em inglês para Síndrome respiratória aguda grave) veio dos morcegos para os humanos, enquanto o vírus Machupo, que causa uma infecção hemorrágica altamente contagiosa e é considerado o primo boliviano do Ebola, pulou para os humanos nos anos 1950, vindo do roedor cricetídeo Calomys.

A pressão atual dos cientistas para estudar essas doenças vem da preocupação gerada pelo aumento perceptível de surtos e pela falta de dados precisos e claros sobre pandemias virais do passado, o que dificulta a modelagem de possíveis epidemias ou pandemias futuras. Enquanto isso, outras equipes estudam o espalhamento e evolução da Mpox, novo nome dado à antiga varíola dos macacos, e da gripe aviária H5N1, que ameaça pular das aves aos mamíferos.

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Patógenos zoonóticos podem ser bacterianos, virais ou parasíticos, e podem vir aos humanos pelo contato direto ou através de alimentos, água ou ambiente. Segundo a OMS, há cerca de 200 zoonoses presentes no mundo atualmente.

Fonte: BMJ Global Health, OMS, Science, British Antartic Survey