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Granjas de frango podem ser a origem da próxima pandemia; entenda

Por| Editado por Luciana Zaramela | 19 de Outubro de 2021 às 11h40

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Thananit_s/Envato Elements
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De acordo com suspeitas da Organização Mundial da Saúde (OMS), os primeiros casos da infecção do coronavírus SARS-CoV-2 podem ter relação direta com fazendas de animais silvestres na China, onde há a criação intensiva de animais e, em alguns casos, falta fiscalização. Nesses locais, o vírus teria migrado de animais para humanos e, posteriormente, atingiu todo o globo na pandemia da covid-19. Agora, especialistas suspeitam que a próxima crise de saúde global pode surgir em locais de criação de frango.

Hoje, a gripe aviária já é um problema de saúde, principalmente, nas grandes granjas. Isso porque a doença é causada por uma variedade do vírus Influenza (H5N1), hospedado por aves e registrado em inúmeros países de forma controlada, mas mutações do agente infeccioso, eventualmente, podem infectar humanos, e causar risco de morte.

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Já se sabe que algumas cepas (H5N1, H7N9 e H9N2) se propagam para seres humanos, por exemplo. Mais recentemente, a cepa H5N8 da gripe aviária atingiu milhares de frangos, patos e perus, criados em cativeiro, em quase 50 países. Inclusive, cientistas descobriram que a variante pode infectar também humanos. Até o momento, a ameaça está controlada, mas novos surtos em animais podem colocar a espécie humana em risco no futuro.

Casos e mutações da gripe aviária

Em dezembro de 2020, mais de 100 mil frangos em uma fazenda na cidade de Astrakhan, no sul da Rússia, adoeceram de forma misteriosa e muitos chegaram a morrer. Autoridades sanitárias locais descobriram que a causa do surto era uma cepa relativamente nova da gripe aviária, conhecida como H5N8. Para evitar maiores danos e uma possível epidemia, cerca de 900 mil aves foram abatidas na região.

Diferente do que é normalmente esperado em casos de gripe aviária, pelo menos cinco mulheres e dois homens que trabalhavam na granja foram diagnosticados com a doença, de forma leve. Do que se tem notícia, esta foi a primeira vez que o vírus H5N8 saltou de aves para humanos.

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Diante da descoberta, a chefe da agência sanitária russa, Anna Popova, alertou que esta cepa da gripe aviária poderia evoluir e, um dia, se tornar mais infecciosa entre humanos. Dessa forma, cientistas deveriam começar pesquisas para o desenvolvimento de uma possível vacina contra o vírus.

Na época, a OMS foi alertada dos riscos da gripe aviária para humanos, mas o mundo enfrentava uma das ondas da covid-19 e os esforços da saúde pública estavam concentrados na luta contra o coronavírus. Até agora, poucas medidas concentras foram tomadas.

Novos casos da doença em humanos na China

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Desde então, não foram divulgados novos relatos de infecções humanas por H5N8. No entanto, casos de gripe aviária continuam a ser um desafio para as autoridades sanitárias. Por exemplo, a China já registrou 48 casos de pessoas infectadas pela cepa H5N6, desde 2014.

Na maioria dos casos, a infecção foi relacionada a pessoas que trabalham, diretamente, com aves de criação, só que, nos últimos meses, o volume de notificações aumentou. De acordo com especialistas, a cepa H5N6 está mutando e, eventualmente, pode se tornar extremamente perigosa.

“A probabilidade de propagação de pessoa para pessoa é baixa, mas uma vigilância geográfica mais ampla nas áreas afetadas da China e áreas próximas é urgentemente necessária para entender melhor o risco e o recente aumento de propagação para humanos”, apontou um relatório da OMS, desenvolvido por virologistas sobre a gravidade da situação.

No início deste mês, o Centro de Controle de Doenças (CDC) da China identificou várias mutações em dois casos recentes de H5N6. A descoberta levou Gao Fu, diretor do CDC, e Shi Weifeng, reitor da Shandong First Medical University, a afirmarem que a disseminação do vírus H5N6 é uma “séria ameaça” para a indústria avícola e para a saúde humana.

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“O potencial zoonótico dos AIVs [vírus da gripe aviária] demanda monitoramento contínuo e vigilante para evitar mais transbordamentos que podem resultar em pandemias desastrosas”, afirmaram os especialistas chineses.

Animais confinados, antibióticos e similaridade genética 

Em comum, a criação de aves em larga escala  — e sem vigilância sanitária adequada — envolve condições estressantes e espaços superlotados para as espécies. Isso impulsiona o surgimento e a disseminação de muitas doenças infecciosas. De acordo com o virologista norte-americano, Rob Wallace, as chances de novas cepas e variantes de gripe emergirem e se espalharem para os humanos são altas.

Biólogo da Bath University, Sam Sheppard, defende a mesma análise. Na conta de risco de novas cepas, Sheppard alerta para o uso excessivo de antibióticos, a superlotação das gaiolas e a similaridade genética entre os animais. Este cenário fornece as condições ideais para muitas bactérias, vírus e outros patógenos se fundirem, sofrerem mutação e se espalharem. Eventualmente, eles chegarão até os humanos, de onde poderão se disseminar pelo globo.

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Fonte: The Guardian e Reuters