Vale a pena comprar um celular com processador Unisoc?
Por Diego Sousa • Editado por Léo Müller |
Quando o assunto é chipset para smartphones, as pessoas lembram da Qualcomm, com os Snapdragon, dos esquentadinhos Exynos, da MediaTek e da Apple. Mas você já ouviu falar da marca Unisoc? Então, guarde esse nome porque ele deve ser muito mencionado nos segmentos básico e intermediário futuramente.
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Aqui no Canaltech, testamos e noticiamos os mais diversos tipos de produtos de consumo, de diferentes marcas, faixas de preço e categorias. E, nos últimos meses, a marca Unisoc apareceu com frequência, fosse equipando smartphones e tablets, ou apenas lançando alguma novidade para o mercado.
E a pergunta que fica no ar é: o que a Unisoc fez para aparecer tanto assim? Os produtos com chipset da Unisoc são bons mesmo? Conversemos.
Contexto e posicionamento
A Unisoc não é completamente nova no mercado — na verdade, ela já foi bem conhecida quando atendia pelo nome Spreadtrum. A empresa de processadores atua em muitas áreas em mais de 100 países, mas, nesta pauta, focaremos no setor mobile, onde ela atende dispositivos básicos e intermediários vendidos, principalmente, em países emergentes.
A estratégia da Unisoc em focar em aparelhos menos avançados vem dando muito certo por dois motivos principais. O primeiro é comercial, já que, segundo um analista do Counterpoint Research, isenta a fabricante de quaisquer problemas com os Estados Unidos — ao menos até o momento.
Além disso, segundo uma reportagem do South China Morning Post publicada em março, a empresa vem trabalhando em diversificar suas operações para mitigar potenciais riscos, como produzir chips 5G não só para produtos de consumo, como também soluções industriais, elétricas, mineração e até internet das coisas (IoT).
O segundo motivo é mais estratégico, pois, seguindo a tática usada pela MediaTek — que se tornou a maior fabricante de chips do mundo ao direcionar seus esforços aos segmentos de baixo de médio custos — ultrapassou Samsung e HiSilicon (Huawei) com 10% de market share, segundo a Counterpoint Research divulgou no finalzinho de 2022.
É claro que não podemos deixar de mencionar alguns fatores que impulsionaram a Unisoc ao longo dos últimos anos, como as críticas à Samsung em torno da linha Exynos e os prejuízos sofridos pela Huawei com as sanções comerciais dos Estados Unidos, em 2019.
Celulares com chip Unisoc são geralmente mais baratos
Muitas marcas apostam em soluções da Unisoc para diminuir o custo de produção dos seus aparelhos e, consequentemente, reduzir o preço para o consumidor. A Samsung, por exemplo, lançou o Galaxy A03 no Brasil com o Unisoc T606 que custa cerca de R$ 650, enquanto a HMD Global (Nokia) trouxe o G21 com o mesmo chipset.
Motorola, ZTE, Infinitx, UMIDIGI, HTC, Oukitel, Blackview, Ulefone, Tecno e Realme são outros exemplos de fabricantes que possuem smartphones básicos utilizando os processadores da chinesa.
A Realme é um caso pessoalmente interessante porque analisei um smartphone da chinesa recentemente, o Realme C35, que me surpreendeu muito pelo desempenho acima da média para um celular de entrada — e foi dele que veio a inspiração para produzir essa pauta.
Nos meus testes, o smartphone performou muitíssimo bem na abertura e na execução de aplicativos e jogos. Inclusive, comparado com modelos categoricamente superiores, como o Galaxy A14 5G, ele se saiu melhor na experiência geral, apesar dos testes de benchmark mostrarem o contrário.
Obviamente, muitos fatores estão inclusos para uma boa atuação do aparelho, como interface, memória RAM e armazenamento interno, mas o chipset presente no C35 se mostrou muitíssimo competente no dia a dia.
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Além disso, conversei com meus colegas de trabalho Felipe Junqueira e Ramalho Lima, que analisaram celulares baratinhos com processadores da Unisoc, e ambos descreveram suas experiências como “decente, entregando uma experiência razoável para o posicionamento do aparelho, numa categoria de entrada”.
Celulares com processador Unisoc são bons mesmo?
Sei que os usuários que procuram smartphones nessa faixa de preço mal ligam para modelos de processador, querendo apenas que eles funcionem bem para o básico. Mas, se futuramente você se deparar com um intermediário equipado com essa marca, recomendo dar uma chance.
Gradualmente, a chinesa vem apostando em processadores mais simples com conexão 5G, como recém-lançado T750, construído em 6 nanômetros (nm) e capaz de suportar memória RAM do tipo LPDDR4X e armazenamento UFS 3.1. Também há o T820, que suporta câmera de até 108 MP e gravação em 4K@60fps.
Pela minha experiência com os modelos mais básicos, a Unisoc tem tudo para seguir os passos da MediaTek no mercado. Em breve, devemos ver celulares de entrada e intermediários simples oferecendo tecnologias ainda mais recentes, enquanto mantém os preços agressivos.
Fonte: SCMP, Kimovil, Unisoc, Counterpoint Research