Review Galaxy M23 5G | Melhor custo-benefício da categoria
Por Felipe Junqueira • Editado por Léo Müller |
O Galaxy M23 5G foi anunciado pela Samsung como um celular voltado para quem exige alto desempenho a preço não tão elevado. De fato, o dispositivo tem processador rápido comparado a outros de sua faixa de preço.
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Mas será que ele realmente entrega tanto quanto promete? E como faz isso? Claro que há algumas concessões, mas o celular no geral tem uma boa lista de especificações. E entrega uma experiência mais que satisfatória, considerando o conjunto geral.
Veja o que eu achei do Galaxy M23 após alguns dias de testes minuciosos com o celular da Samsung.
Design e Construção
- Dimensões: 165,5 x 77 x 8,4 mm;
- Peso: 198 gramas.
O Galaxy M23 5G faz parte da linha da Samsung que prioriza especificações a design e aparência. Mas nem por isso é um celular pouco atraente, pelo contrário. Este modelo traz construção semelhante a de outros intermediários atuais, com visual também moderno.
A traseira é de um plástico fosco, que tem um efeito no reflexo da luz bem bacana, oferecendo uma espécie de degradê. A tampa é uma peça única que inclui uma pequena lombada para o módulo da câmera, onde ficam as três lentes e o flash LED.
As laterais são uma peça à parte, também plástica, com os três botões na direita. O sensor de impressão digital está integrado ao botão de energia. Gaveta de chips fica na esquerda, e na parte inferior estão conectores P2 e USB-C, além da saída de som.
A parte frontal tem a tela ocupando quase tudo, com um recorte em forma de gota centralizado para a câmera de selfies. As bordas são bem pequenas, mas por conta do tipo de painel, um pouco maiores que modelos mais avançados.
Para um celular com tela de 6,6 polegadas, até que o Galaxy M23 não é tão grande. Mas se comparar com um Moto G52, que tem display OLED de mesmo tamanho, o modelo da Samsung tem alguns centímetros a mais de altura e largura.
Tela
- Tamanho: 6,6 polegadas, 104,9 cm² de área, ~82,3% de ocupação;
- Tecnologia do painel: TFT LCD;
- Resolução e proporção: Full HD (1080 x 2408 pixels), 20:9;
- Densidade aproximada: 400 pixels por polegada;
- Extras: 120 Hz.
O tipo de painel é um dos maiores pontos fracos do Galaxy M23. A Samsung optou por um TFT LCD, que é uma tecnologia pouca coisa diferente do IPS LCD. E repete as desvantagens: brilho máximo baixo e preto em um tom cinza escuro, o que afeta o contraste.
Pelo menos eu não detectei nenhum problema sério na tela do aparelho. O ângulo de visão é bem satisfatório, e até mesmo o preto consegue chegar a um nível aceitável. O brilho máximo também não é tão baixo quanto o de outros celulares LCD, e dá para usar na rua com algum conforto.
A resolução Full HD ainda garante boa nitidez, enquanto a taxa de atualização aumentada dá uma suavidade às animações. Porém lembre-se que os 120 Hz não são suportados por todos os apps ou jogos, e alguns podem ter taxa de quadros menor.
A suavidade do movimento possui duas opções: adaptável ou padrão. Na primeira, o celular pode ir até 120 Hz, reduzindo em conteúdos com taxa inferior. Na segunda, ele fica limitado a 60 Hz.
Configuração e Desempenho
- Sistema operacional: Android 12 sob interface One UI 4.1;
- Plataforma: Qualcomm Snapdragon 750 5G (8 nm);
- Processador: Octa-core (2x 2,2 GHz Kryo 570 + 6x 1,8 GHz Kryo 570);
- GPU: Adreno 619;
- RAM e armazenamento: 6/128 GB.
O nome do Galaxy M23 5G pode dar a impressão de ser um modelo com desempenho mais de entrada, mas não é o que acontece. O aparelho tem a plataforma Snapdragon 750 5G, que apresenta potência avançada, mais perto de modelos intermediários premium.
Aliado aos 6 GB de memória RAM, o celular da Samsung consegue manter boa velocidade para abrir e trocar entre aplicativos. Dá para realizar as tarefas mais básicas do dia a dia com folga, e se você quiser pode forçar um pouco mais que o aparelho aguenta.
Não será um desempenho semelhante a um topo de linha, mas é bem melhor que modelos mais simples. A fluidez é muito boa, e dá para jogar até alguns games mais pesados sem reduzir a qualidade gráfica. Alguns títulos podem precisar de redução, vai depender muito da otimização de cada um.
Eu rodei Asphalt 9 e COD Mobile sem dificuldades durante os testes. E ainda consegui alternar entre mensageiros, redes sociais e até um Candy Crush e Subway Surfers sem recarregar aplicativos. Para um modelo teoricamente mais modesto, está excelente.
Se você gosta de números de benchmarks, eu tenho alguns aqui. O Galaxy M23 somou 1.110 pontos no Wild Life e 330 na versão Extreme do mesmo teste no 3D Mark. No Geekbench, ele conseguiu 648 pontos no single-core, 1.969 no multi-core e 1.318 no teste de GPU.
Estas pontuações o deixam praticamente empatado com o OnePlus Nord CE 2, que tem o chipset Dimensity 900. E um pouco abaixo de Moto G71 e Redmi Note 11 Pro 5G, ambos com o Snapdragon 695.
Ou seja, sua potência é intermediária, mas fica um pouco abaixo de modelos mais avançados, como um Galaxy A52s 5G, que tem o Snapdragon 778G. Note, no entanto, que o Galaxy M23 possui suporte ao 5G, que já é uma boa vantagem e indica tecnologias recentes.
Usabilidade
Nada de versão mais simples da One UI no Galaxy M23. O dispositivo tem a One UI 4.1, e não segue outros modelos da mesma linha que possuem a One UI Core. É a mesma interface, com os mesmos recursos que você vai encontrar no Galaxy A53, por exemplo.
Você pode ativar um painel Edge, se quiser. Isso permite a configuração de atalhos rápidos, para abrir apps de maneira rápida, em qualquer tela. A interface da Samsung tem uma grande quantidade de recursos interessantes, que podem ser ativados ou desativados.
Mas é bom ter em mente uma limitação por conta do hardware: o Galaxy M23 não permite o uso do Always On, com notificações e relógio sempre ativos na tela. Com um display LCD, esse recurso só consumiria carga de maneira excessiva.
O aparelho será contemplado com duas atualizações de sistema e até três anos de updates de segurança.
Câmeras
- Principal: 50 MP, abertura f/1.8, auto foco;
- Ultrawide: 8 MP, abertura f/2.2, 123˚;
- Macro: 2 MP, abertura f/2.4;
- Selfies: 8 MP, abertura f/2.2;
- Vídeos: 4K a 30 fps (máx., principal); 1080p a 30 fps (máx., frontal).
As câmeras do Galaxy M23 5G ficam acima da média para celulares da sua faixa de preço. Ele foi lançado a R$ 1.800, mesmo valor de um Moto G52, que tem câmeras com características semelhantes, inclusive. Mas a qualidade das fotos é bem superior.
Com a principal, o dispositivo registra um bom nível de texturas, com ótima definição. A câmera ainda consegue um bom HDR, registrando bastante detalhes tanto em áreas clara quanto em áreas escuras, sem deixar a cena irreal demais. Ou seja, o que é sombra mais escuro.
A ultrawide abre o campo de visão, mas deixa a imagem um pouco mais escura, reduzindo ainda a faixa dinâmica. Além disso, as cores parecem saturar um pouco mais.
Já a macro é difícil de acertar a distância focal. Mas também consegue, com apenas 2 MP, um nível de texturas impressionante. Neste tipo de foto o alcance dinâmico não influencia tanto, mas é recomendável tirar fotos com boa iluminação para ter bons resultados.
Aliás, falando em luz, não gostei dos resultados do Galaxy M23 em ambientes com pouca luz. O Nightography que faz tanta diferença na linha Galaxy S22 não chegou com tanta força neste modelo mais básico ainda. E o foco dificilmente fica no local certo.
Aliás, falando em foco, a maior parte das fotos selecionadas na galeria de exemplos foram tiradas após um toque na tela para definir o objeto da imagem. O Galaxy M23 mostrou grande dificuldade em focar no lugar certo em quase todas as fotos que tirei.
Por fim, uma questão sobre o app de câmeras. Notei que ele para de reconhecer o toque no botão de captura se você sai dele e fica algum tempo sem voltar. Aí é necessário forçar o fechamento e reabrir para conseguir tirar uma foto. Isso pode ocasionar a perda de alguns cliques.
Selfies e gravação de vídeo
A câmera frontal tem qualidade um pouco inferior à principal, mas segue mais ou menos as mesmas características. Os registros têm boa faixa dinâmica, nível de textura aceitável e cores um pouco mais saturadas.
O problema do foco parece acontecer aqui, também. Porém, é um pouco mais fácil reconhecer um rosto do que objetos inanimados, e uma hora o aparelho nos encontra. Exceto à noite, quando tirar uma foto nítida é missão quase impossível.
Para gravar vídeos, não espere nada superior ao que você vê em celulares da mesma faixa de preço. Ao menos tem opção de captar em 4K, e o som fica audível. A estabilização não é um primor, mas está dentro do aceitável. Mesmo coisa na frontal, que no entanto é limitada ao Full HD.
Sistema de Som
Nada de som estéreo no Galaxy M23. O dispositivo tem apenas o alto-falante na parte inferior, além da saída de som de chamadas, claro. Esta segunda só é ativada quando você está em ligação ou coloca o ouvido próximo da parte superior da tela, e pode ouvir áudio de WhatsApp por ali.
Ao menos o alto-falante único tem boa qualidade, e não apresenta muita distorção nem mesmo em volumes altos. Claro que, pela limitação do espaço, há uma prioridade para sons médios, e só emite som bacana mesmo para vídeos de internet e afins.
Se você quer qualidade superior para ficar envolvido em filmes e séries, ou para curtir música com todos os agudos e graves, vai precisar de uma saída externa. Um bom par de fone de ouvidos ou caixinha de som pode ajudar. Mas é necessário comprar à parte, pois não vem fone na caixa.
Bateria e Carregamento
- Capacidade de carga: 5.000 mAh;
- Recarga: até 25 W com fio.
A bateria do Galaxy M23 não é nem muito boa e nem ruim. Sua duração é satisfatória, e obviamente poderia ser mais, considerando que são 5.000 mAh. Mas não chega a ser ruim, durando pelo menos um dia, talvez até dois, se você souber economizar bem.
O aparelho consumiu 16% de sua carga em três horas de Vikings na Netflix, com o brilho da tela em 50%. A estimativa de duração total ficou em cerca de 18,75 horas, que é mais ou menos a média do que outros modelos de sua faixa de preço entregam.
Isso significa que você consegue ficar mais de 18 horas assistindo a qualquer tipo de conteúdo na Netflix e outras plataformas de streaming até precisar de uma tomada. É muito tempo, mais do que o considerado ideal para ficarmos acordados a cada 24 horas.
Também fiz um teste de uso real, com redes sociais, navegação na internet, vídeos e alguns jogos. O Galaxy M23 saiu da tomada perto das 9h da manhã e chegou às 16h com 73%. Foram 27% consumidos em cerca de 7 horas, uma média de 3,85 ponto percentual a cada hora.
Mantida esta média, o aparelho levaria mais de 25 horas no mesmo ritmo de uso para ficar sem bateria. O meu teste é exigente, com cerca de 60% do tempo com a tela acesa, mais do que o normal para a maioria das pessoas. Ou seja, é esperado que ele aguente um dia de uso.
Porém, é sempre bom lembrar que teste de bateria é uma estimativa, e vários fatores influenciam o uso de cada um. Força do sinal de rede, brilho da tela e apps rodando em segundo plano podem fazer com que ela dure mais ou menos tempo.
Eu considero uma bateria com um dia de uso boa. E aí tem o fator do tempo de recarga na equação para você decidir se está mesmo satisfatório. Felizmente, o Galaxy M23 vem com um carregador na caixa, mas é de 15 W. Este adaptador precisa de até 2 horas para fazer o carregamento completo.
O celular aguenta carregadores de até 25 W, e se você tiver um mais potente ou comprar, pode conseguir reduzir um pouco esse tempo. Lembre-se que dá para usar carregador mais potente, desde que seja de boa procedência. A bateria será carregada na potência máxima suportada.
Concorrentes Diretos
Pensando no preço do Galaxy M23, seus concorrentes são modelos como Moto G52, Redmi Note 11 e até o Galaxy A33. Existem muitos outros modelos nesta faixa de R$ 1.300 a R$ 1.600, mas escolhi os três por serem mais simbólicos. E dificilmente vão fugir muito desse valor.
Eu nem preciso fazer uma avaliação individual aqui. O Galaxy M23 é superior a todos os citados em todos os aspectos exceto um: a tela. O display LCD do modelo objeto desta análise é muito bom, mas ainda é inferior à qualidade de um OLED, mesmo que não seja dos melhores.
O Galaxy M23 é mais veloz e tira fotos com mais qualidade do que todos os modelos citados. E não fica muito atrás em tempo de uso da bateria.
O mesmo vale para a maioria dos outros celulares que custam entre R$ 1.300 a R$ 1.600. Dificilmente você vai encontrar algo mais veloz nesta faixa, exceto por ofertas pontuais ou modelos mais antigos que, em breve, passarão a ficar mais caros.
Samsung Galaxy M23: vale a pena?
Se você quer um celular rápido e barato, o Galaxy M23 é possivelmente a melhor recomendação que eu posso fazer. Por cerca de R$ 1.500 você não leva apenas um bom desempenho, como também um conjunto bastante completo, sem grandes pontos fracos.
A tela é LCD, mas tem boa qualidade, com definição satisfatória e até mesmo contraste bem equilibrado. O brilho máximo alcança um nível muito superior ao que eu costumo ver em painéis do tipo, e é confortável usar o aparelho na rua.
O Snapdragon 750 usado aqui pode não ser o chipset intermediário 5G mais recente da Qualcomm, mas já embarca tecnologias mais recentes que os processadores da maior parte dos concorrentes do Galaxy M23. Que ainda por cima tem bateria com boa duração.
Ponto extra pela boa qualidade das fotos, que são melhores até do que eu vi em alguns modelos mais caros que este celular da Samsung. Em suma, um aparelho sem grandes pontos fortes, mas também quase sem pontos fracos.