Review Nokia G60 5G | Decente e ecologicamente correto
Por Diego Sousa | Editado por Léo Müller | 29 de Maio de 2023 às 18h47
A HMD Global continua apostando no carinho que os brasileiros têm com a marca Nokia ao anunciar novos dispositivos por aqui sempre que possível. O lançamento mais recente foi o Nokia G60 5G, um smartphone intermediário com foco em custo-benefício, sustentabilidade e muitos anos de atualização de sistema.
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No papel, parece interessante. Mas, na prática, funciona? Acompanho há anos os lançamentos de smartphones da Nokia no Brasil, então ninguém melhor do que eu para conferir se o G60 5G é uma boa alternativa aos modelos de Samsung, Motorola e Xiaomi vendidos por aqui. Vamos nessa?
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Visual datado, mas sustentável
Se não houvesse um logo da Nokia no aparelho, o G60 se passaria tranquilamente por qualquer Motorola Moto G mais simples — e não só pelo nome. Suas câmeras traseiras têm um arranjo quase idêntico ao do Moto G52, enquanto o notch em formato de gota lembra muito o Moto E22.
Certamente, isso tira pontos no quesito originalidade, mas não invalida todo o projeto do aparelho, já que sua construção sustentável é o destaque. Enquanto muitas empresas se orgulham em retirar o carregador da embalagem, a HMD Global faz um aparelho com tampa traseira e moldura de plástico reciclado.
E o mais interessante é que você “sente” isso na pegada do aparelho. A textura granulada da tampa traseira é muito agradável ao toque, além de ser muito bonita.
Na parte inferior do celular, temos um conector de 3,5 milímetros (mm) para fones de ouvido, entrada USB-C, microfone e sua única saída de som, já que não há som estéreo. Já a gaveta híbrida fica na lateral esquerda, suportando dois chips de operadora ou um chip e um cartão de memória (microSD).
Boa tela Full HD de 90 Hz
Com relação à experiência multimídia, o Nokia G60 5G faz o “feijão com arroz” com sua tela IPS LCD de 6,58 polegadas e resolução Full HD. As bordas ao redor do painel são bem grossas, mas não devem ser um problema para quem curte aparelhos grandes.
No geral, temos uma qualidade agradável para o segmento intermediário, sem muitos destaques. Cores são boas, a definição é interessante, e também não notei pontos de vazamento de luz em torno da câmera frontal, algo relativamente comum em celulares com tela LCD.
Também não temos taxa de atualização de 120 Hz por aqui, mas os 90 Hz são suficientes para uma boa fluidez, ainda mais por conta da interface de Android “puro”.
O conjunto multimídia é completado por um alto-falante simples na parte de baixo que sofre ao reproduzir qualquer conteúdo, quando não dando para identificar os instrumentos. Eu diria que ele agrada um pouco em conteúdos como podcasts, mas, pela faixa de preço, modelos como Galaxy A34 e Motorola Moto G53 entregam atuações muito superiores.
Configurações e desempenho
O Nokia G60 5G está um nível acima dos Nokia 5.3 e 5.4, portanto salta para o muito competente processador Qualcomm Snapdragon 695 5G. Além disso, a versão que chega ao Brasil traz 6 GB de memória RAM e 128 GB de armazenamento interno, combinação mais que suficiente para qualquer tarefa do dia a dia.
Nos meus testes, o G60 5G se saiu muito bem na maioria dos aplicativos de redes sociais, mensageiros instantâneos e streaming de vídeo. Pela interface leve, o Snapdragon 695 5G trabalhou com certa folga, portanto toda a navegação pela interface, aberturas de aplicativos e alternância entre eles aconteceram sem engasgos ou lentidões consideráveis.
Em jogos, a GPU Adreno 619 aguentou tranquilamente Asphalt 9 nas configurações padrões, além de Subway Surfers. Também não notei um aquecimento acima da média em nenhuma das atividades realizadas, o que influenciou positivamente no desempenho e na autonomia de bateria.
Com relação aos testes sintéticos de benchmark, o Nokia G60 5G obteve uma pontuação geral de 400.217 pontos no AnTuTu 9, o colocando entre o Galaxy A14 5G (361.334 pontos) e o Galaxy A34 5G (476.919 pontos). De fato, se considerarmos as suas configurações, estamos falando de um intermediário mais básico.
Android “puro” e muitas atualizações
O Nokia G60 5G é um dos poucos aparelhos atuais com Android One. Para quem não conhece o programa, os smartphones participantes, geralmente básicos e intermediários, têm garantia de mais de um ano de atualizações de sistema e interface pouco modificada — o famoso “Android puro”.
Dito isso, ainda temos todas as características principais do Android One por aqui: promessa de três anos de Android e atualizações de segurança, o que é excelente para um celular voltado à sustentabilidade como o G60 5G.
O aparelho veio com sistema operacional Android 12 instalado de fábrica, mas, no momento que escrevo esta análise, o Android 13 já estava disponível para download. Ou seja, ele recebeu todas as novidades de personalização e segurança que outros modelos intermediários mais atuais, trazendo, apenas, a interface mais próxima da linha Pixel.
Eu gosto do Android sem modificações porque é extremamente mais leve que outras interfaces, como One UI e MIUI, além de não trazer quase nenhum bloatware (aplicativos pré-instalados pouco úteis).
Câmeras deixam a desejar
As câmeras dos novos celulares da Nokia nunca se destacaram em relação aos concorrentes, e não foi com o G60 5G que isso mudou — na verdade, pela minha experiência com alguns smartphones intermediários da marca, senti que piorou.
Na parte de trás, a câmera principal de 50 MP foi a única que consegui testar, pois o aplicativo de câmera simplesmente travou 99% das vezes que tentei mudar para a câmera ultrawide — só funcionou uma vez após a atualização para o Android 13. Questionei a assessoria da Nokia sobre isso e, aparentemente, ocorreu algum erro isolado com a unidade testada.
Com isso, a assessoria da Nokia gentilmente nos enviou outra unidade de testes para refazermos os testes com a câmera ultrawide e, felizmente, funcionou perfeitamente. A qualidade da imagem, no entanto, se manteve bem abaixo de modelos como Galaxy A14 5G, apresentando muito ganho na saturação e na nitidez, o que as fazem parecer pinturas a óleo. Aqui, o HDR também é muito impreciso, embora não tenha achado o pior dos problemas.
Ainda com relação ao app, achei o software pouco intuitivo, apresentando ícones confusos e pouco texto. A tradução para o português do Brasil de algumas modos de câmera também não é muito bem-feita.
A qualidade de imagem da câmera principal de 50 MP é a melhor do conjunto, ainda que bem básica. O HDR é impreciso, então, num clique, a foto pode apresentar cores vivas e alcance dinâmico adequado, e, noutra tentativa, céu completamente estourado. Nos meus testes, aconteceu tudo muito aleatório.
Para não dizer que todo o conjunto fotográfico do Nokia G60 5G foi ruim, a câmera frontal até que me surpreendeu com uma boa definição e cores agradáveis. Não é nada impressionante, mas, no contexto do celular, é ótima.
Em vídeos, o Nokia G60 5G grava a no máximo Full HD com 60 quadros por segundo (fps), o que é ótimo, mas a qualidade de gravação é bem básica também. O interessante desse celular é o recurso Dual Sight, que usa tanto a câmera traseira quanto a frontal na gravação.
Bateria na média
Com 4.500 mAh, a bateria do Nokia G60 5G está na média dos seus principais concorrentes no Brasil. Executando diversas tarefas cotidianas como jogos, redes sociais, mensageiros instantâneos e exibição de vídeos no YouTube, o celular consumiu 33% após 6 horas, sendo cerca de 4 horas 45 de tela ligada no modo automático.
Praticamente, o celular da Nokia poderia durar cerca de 18 horas longe da tomada em uso real. Para comparação, sua atuação foi melhor que a do Galaxy A14 5G, que alcançou cerca de 17 horas no mesmo teste, e pouco inferior a do Galaxy M54, com, aproximadamente, 20 horas.
Vale mencionar que tempo de uso varia dependendo do tipo de aplicativo, força da rede móvel e vários outros fatores. Você pode conseguir extrair um tempo melhor, mas também pode precisar de uma tomada em um tempo menor do que os testes disponíveis na internet.
O smartphone ainda suporta carregamento rápido de 20 W, com adaptador de energia compatível na caixa, o que é excelente.
Concorrentes diretos
Considerando as configurações e o preço do Nokia G60 5G, dá para pensar no Motorola Moto G53 5G e no Galaxy A34 5G como seus concorrentes diretos. O modelo da Motorola é mais acessível, custando de R$ 1.300, e entrega tela de 120 Hz, design mais agradável e bom desempenho com o Snapdragon 480+ 5G.
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Já o Galaxy A34 5G tem preço mais similar ao do Nokia G60, na faixa dos R$ 1.700, porém entrega potência, bateria, câmeras e experiência mais premium. Além disso, ele oferece até 4 anos de atualizações do Android, contra 3 anos do modelo da Nokia.
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O Nokia G60 5G vale a pena?
O Nokia G60 5G é um celular intermediário com poucos pontos negativos, mas dois deles o prejudicam bastante: câmera e preço. Ele chegou ao Brasil na cor preta por R$ 1.999, mas já pode ser encontrado na faixa dos R$ 1.750, o que ainda considero alto pelo conjunto entregue.
Para brigar no acirrado mercado de intermediários no Brasil, ele poderia custar menos R$ 1.500, pois competiria com modelos mais simples como o Moto G53, e não com os novos Galaxy A34 e Galaxy A54, claramente melhores em todos os quesitos que o celular da Nokia.
Caso ele chegue na faixa de preço citada, certamente seria um dos smartphones mais interessantes à venda no Brasil, apesar das câmeras abaixo da média. Seu chamariz certamente seria sua proposta sustentável muito interessante e muitos anos de atualizações de sistema — coisas que algumas marcas ainda não oferecem.
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